quinta-feira, 6 de setembro de 2012

“Os bandeirantes”, de Mustafa Yasbek – Série O Cotidiano da História – início da expedição bandeirante de Fernão Lobo Leme

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/os-bandeirantes-de-mustafa-yasbek-serie_3.html antes de ler esta postagem:

Pedro Bicudo acabou sonhando com a expedição... Na verdade teve um pesadelo. Viu-se atacado por índios pintados para a guerra... Agitou-se, foi despertado e acalmado por Susana. Já era madrugada do dia da saída da bandeira, e do largo da matriz ouvia-se o barulho da multidão que se concentrava. Bicudo levantou-se, tomou um chá... Seu escravo, o índio tupi Antônio, já estava pronto para com ele partir.
Diante da igreja, o padre Miranda celebrou uma missa ao ar livre para que todos participassem abençoados da empreitada. Ele também iria como capelão... Pela missa, em vez de dinheiro, aceitou receber seis frangos como forma de pagamento...
A partida da expedição deixaria a vila habitada principalmente por mulheres, crianças e velhos... Uns poucos homens permaneceriam armados para defender o lugar... A década de 1620 não já era tempo como os de antigamente, quando o lugar sofria ataques constantes das tribos da circunvizinhança...
Então, após a missa, a bandeira partiu com Lobo Leme e seus homens de confiança (como o escrivão Sebastião Pires) à frente. Os sinos da matriz repicaram... Por não contar com homens mais experientes em navegação pelos rios que corriam para dentro do mata fechada, o chefe bandeirante decidiu que percorreriam por terra... Atrás desse comando seguiam guias e “batedores de caminho”, quase todos índios ou mamelucos (filhos de índias com brancos), que eram os tipos que melhor conheciam a mata e os caminhos para o sertão... Além desses, da expedição participavam também negros escravizados e, evidentemente, brancos ávidos por bons negócios.
As mulheres despediram-se acenando com seus lenços... Choraram... Sabiam que seus homens precisavam triunfar, mas não se iludiam esperando quando retornariam, ou se retornariam... Uma trombeta soou e tambores repicaram... Um poeirão se levantou conforme a bandeira se movimentou. Pedro Bicudo seguia próximo ao compadre Sebastião Pires, orgulhoso, despedia-se de Susana.
Lobo Leme ia bem paramentado com roupas resistentes, colete e botas... Levava uma bela escopeta... Bem poucos bandeirantes tinham equipamentos de proteção... Muitos seguiam descalços (alguns levavam tiras de couro envolvendo os pés)... Quase todos tinham chapéu à cabeça e vestes de algodão cru. Carregavam uma sacola de couro com alguma ração: pães feitos de trigo que duravam vários meses e eram conservados enrolados em folhas... Levavam uma cuia que servia como prato e um chifre de boi que utilizavam como copo.
Poucas mulas e escravos negros carregavam grande parte da carga pesada, como “mantimentos, pólvora, chumbo, balas, armas de reserva, ferramentas de pesca e roça”... Os barris de vinho destinavam-se principalmente para desinfetar ferimentos... Levavam ainda aguardente de cana e sal... As armas eram “escopetas, pistolas de cano de bronze, espingardas de pederneira e carabinas”, além dos muitos facões... Os índios carregavam arcos e flechas, alguns poucos levavam armas de fogo...
A longa caminhada era iniciada por uma oração que o padre Miranda dirigia à frente de todos. Suas palavras eram repetidas pelas centenas de expedicionários... Eram palavras já conhecidas, que solicitavam a proteção divina, a purificação do sertão contra as pragas e doenças que certamente acometeriam a muitos dos que seguiam.
À página 16 lemos as palavras do padre: “Em nome de Deus Padre, em nome de Deus Filho, em nome do Espírito Santo, ar vivo, ar morto, ar arrenegado, ar excomungado, eu te arrenego em nome da Santíssima Trindade...”
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/os-bandeirantes-de-mustafa-yasbek-serie_7.html
Leia: Os bandeirantes. Série O Cotidiano da História. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto

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