quinta-feira, 13 de setembro de 2012

“A Moreninha”, de Joaquim Manuel Macedo – Série Reencontro – debaixo da cama, Augusto ouve segredos das moças e suas opiniões a seu respeito

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_13.html antes de ler esta postagem:

O rapaz ficou ali mesmo, pois não havia outro remédio... As vozes se aproximavam cada vez mais... Enfim conseguiu saber a quem pertenciam. Eram quatro as moças que entravam no gabinete: Joaninha, Quinquina, Clementina, e outra de nome Gabriela. A narrativa leva-nos a crer que essa última tinha a “desvantagem” de permanecer “muito adocicada” e “muito espartilhada” sem ser bonita, como ela mesma pensava... Augusto percebeu que as garotas perderam algum tempo a se observarem e a se retocarem... Clementina e Joaninha (na adaptação lemos Joaquina, o texto de Macedo cita Joaninha) se ajeitaram na cama... Quinquina sentou-se numa cadeira ao lado da cama, enquanto a feia Gabriela postou-se numa cadeira de frente para o espelho que não parava de encarar.
Debaixo da cama, o moço se virava em meio a teias de aranha e na desconfortável condição de seminu em ambiente proibido aos rapazes... Ajeitou-se como era possível e, com receio de que o descobrissem, permaneceu em silêncio, controlando a respiração. Assim, ouviu a conversa das moças... Gabriela reclamou do calor... Alguém comentou sobre a obesidade de dona Luisa... Falaram das outras moças e sobre suas desvantagens... Assim, “a filha do capitão” era de fazer rir com sua dentadura postiça... Comentaram sobre o vestido de dona Carlota que, para elas, apresentava-se “fora de moda”... Falavam a respeito de detalhes das demais moças que participavam daquele final de semana sem deixar que nada escapassse, trajes, modos e características físicas... Convencidas, diziam que apenas elas mesmas eram exemplos de beleza e conduta, já que “não falavam mal de ninguém”, como o fazia dona Carlota... Não pouparam as finas pernas de Josefina e agradeceram as grossas pernas que tinham... Neste ponto decidiram comparar as pernas umas das outras arregaçando até os joelhos os vestidos...
Dona Clementina foi a primeira a exibir sua perna e suspirou que almejava casar-se logo... Debaixo da cama, Augusto arregalou os olhos... Perna e pezinhos de Clementina a um palmo de si, mas não podia tocá-los e beijá-los... Voltando de seus devaneios, a moça disse novamente que esperava casar-se logo... Depois foi a vez de Gabriela dizer que possuía dois namorados. Contou que escreveu cartas aos dois e incumbiu uma negra vendedora de empadas de entregá-las aos rapazes. Mas as cartas foram trocadas! Joãozinho, um dos namorados, mandou-lhe uma mensagem... Gabriela tirou de sua bolsa o bilhete e o leu para as amigas... Misturando poesia e conceitos do Direito, o rapaz lamentava que tinha em mãos a prova de sua traição, sendo assim, o seu ciúme e ressentimento a condenavam ao desprezo; a menos que ela apelasse da “sentença” à sua paixão cega (o Poder Moderador)... Clementina revelou que estava comprometida com Filipe e que deixaria mechas de seu cabelo num embrulhinho aos pés de uma roseira como prova de seu amor... Ela achava aquilo muito romântico (o procedimento indicava compromisso entre namorados).
Insistiram e Joaninha pôs-se a falar sobre si... Disse que ainda não amava... Augusto ouviu e considerou que ela estivesse mentindo... Depois ela afirmou que Fabrício era o único de quem gostava... Quinquina sentiu-se à vontade para expor que era atraída de amores por Leopoldo. Em seguida elas passaram a comentar sobre Augusto... Então, ele que estava bem ali “no meio da conversa” da qual era o assunto, apurou os ouvidos para escutar as opiniões das moças... Elas dispararam que o rapaz era um paspalho, pernas tortas, corcunda, magro... Tanto notaram que ridicularizavam o moço, que decidiram arranjar um jeito de zombar dele.
A conversa das moças parou por aí. Foi um alívio para Augusto, dada a sua condição deplorável, mas bem que ele gostaria de saber mais sobre como as garotas tramariam zombar dele... E elas não conversaram mais porque ouviram o grito de dona Carolina, então retiraram-se imediatamente para saber o que se sucedera.
O rapaz saiu do esconderijo e arrumou-se. Notou que Gabriela havia deixado cair a carta do namorado Joãozinho... Recolheu-a para si... Logo estava em meio ao grupo que havia acorrido para onde estava a Moreninha a lamentar-se.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_20.html
Leia: A Moreninha. Série Reencontro – Literatura. Editora Scipione.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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