Dona Ana aguardou o final da história contada por Augusto... Perguntou se o moço não gostaria de tomar da água fresca que se acumulava no fundo da gruta. Ele bebeu a água e na sequência foi a vez dela contar um pouco de história...
A avó de Filipe nos remete a tempos mais antigos, de antes da chegada dos portugueses por aquelas paragens... Tempos em que o lugar era habitado por indígenas... Contou sobre a origem da fonte que levava a cristalina água à gruta... E o que sabia tinha aprendido com a avó, que por sua vez ouvira os relatos de índios em sua infância.

Seu amor era tanto que logo pela manhã, subia para o alto do rochedo e cantava uma triste canção em que expressava sua amargura. Sua linda voz ecoava pelo lugar. Tanto chorava a moça, que suas lágrimas tornaram-se volumosas a ponto de traspassar a dura rocha e, dessa maneira, dar origem à fonte... Todos os dias Aoitin chegava cedo à ilha, e partia em seu barco somente à tarde, mas ele nunca ouvia os lamentos de Ahy. Mas numa certa ocasião, depois da caça, o jovem ficou muito cansado e seguiu até a gruta para saciar sua sede. Foi assim que ele ouviu a doce e triste melodia de Ahy. Aoitin ficou tão sensibilizado que se dirigiu até ela e a abraçou.
Dona Ana disse que o “milagre” aconteceu porque Aoitin bebeu da água depositada na gruta... Os dois permaneceram juntos até o fim de seus dias e foram muito felizes... Disse também que acreditavam que até morreram juntos...
E finalizou sua história dizendo que desde aqueles tempos a fonte nunca secou. Tudo isso ela contou como que a se entreter com o jovem Augusto, mostrando que aquela história de amor era de domínio popular... E isso alimentava certas lendas como a de “quem beber de suas águas acaba se apaixonando e, por força do amor que nasce em seu coração, sempre retorna à ilha"...
Se essas crenças se confirmarem, Augusto estará fadado a perder sua aposta com Filipe. Mas não era sobre isso que pensava... Pela terceira vez sentiu-se incomodado com um ruído vindo do lado de fora... E novamente viu Carolina em carreira, dessa vez para o rochedo... De volta à conversa com dona Ana, ele disse que gostaria de conhecer a balada de Ahy... Então sugeriu que ela pedisse à sua linda neta para cantá-la. Dona Ana respondeu que não haveria necessidade porque, se apurasse os ouvidos, escutaria a menina entoando a canção naquele mesmo instante...
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_10.html
Leia: A Moreninha. Série Reencontro – Literatura. Editora Scipione.
Um abraço,
Prof.Gilberto