“Os bandeirantes”, de Mustafa Yasbek – Série O Cotidiano da História – final do primeiro dia da expedição; o barbeiro Pedro Bicudo é molestado por outros bandeirantes; teme a escuridão e os ruídos da noite em meio à mata
Talvez
seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/os-bandeirantes-de-mustafa-yasbek-serie_6.html antes de ler esta postagem:
Já em meio à mata, a bandeira não contava com
mais nada além de seus próprios esforços. O bandeirante líder devia confiar em
seus guias... Mais que isso, devia exigir que os caminhos fossem mais
rapidamente descortinados... Poucos conheciam as trilhas e riachos percorridos
por bandeiras anteriores. Não se podia perder tempo sob pena de gerar desânimo
nos expedicionários e sofrer problemas com as cargas.
Ao entardecer do primeiro
dia, Sebastião Pires, Pedro Bicudo e seu escravo, o tupi Antônio, formaram um
grupo em torno de uma fogueira para conversar e comer carne assada. Outros
grupos se formaram nos arredores. Alguns tipos se aproximaram da fogueira de
nossos três personagens para provocar Pedro Bicudo e rir dele... Estavam embriagados e divertiam-se com
a fama do outro nunca ter lidado com situações mais violentas... Provocaram-no
ao dizerem que ele poderia confundir os guarani (imberbes e de cabelos longos)
com mulheres... Aquilo era também uma provocação a Antônio, seu escravo. Então
este se levantou com um facão e ameaçou avançar sobre os caçoadores... Sebastião interveio e pôs fim à brincadeira, mas
aconselhou o amigo e compadre a começar a mudar o seu modo de lidar com o
tupi... Se não conseguia impor autoridade a um só índio, como se comportaria ao
se tornar proprietário de centenas deles? Depois que o escrivão se afastou,
Antônio se aproximou de seu senhor e disse que se fosse de sua vontade
“cortaria a língua daqueles homens”.
A
escuridão da noite foi tomada pelo silêncio das vozes humanas, aqui e ali
notavam-se simplesmente os clarões de fogueiras. Ouvia-se apenas ruídos dos
bichos da selva (“uivos, chiados, urros, piados”)... Bicudo refletiu sobre o
ocorrido, esperava que aquilo não significasse o início de uma empreitada ruim.
Sua escopeta estava próxima de sua rede... De olhos arregalados, temia que a
qualquer instante uma fera surgisse da escuridão para atacá-los... Rezou e
dormiu.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/os-bandeirantes-de-mustafa-yasbek-serie_8.html
Leia: Os bandeirantes. Série O Cotidiano da História. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto