Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2020/12/deus-lhe-pague-peca-de-joracy-camargo.html antes
de ler esta postagem:
As
palavras do velho e misterioso mendigo levaram o Barata a pensar sobre como
tipos iguais a ele podiam ser levados a acumular as “sobras da sociedade”. O
outro explicou que as pessoas imaginam que “as sobras não fazem falta”, e disse
que as mais favorecidas se equivocam com a “ilusão do lucro”... Quando têm mais
dinheiro, se percebem “necessitando menos”, todavia quando se veem na
necessidade de algo lamentam a condição de “prejuízo”...
O homem deu uns exemplos... Falou que quando não se tem necessidade (ou
vontade) de se adquirir um automóvel, não se sente falta do dinheiro
equivalente ao custo daquele bem... Então, quando não se tem necessidade o
dinheiro que temos parece “lucro”, “sobra”... Disse essas coisas e emendou que
os mendigos são “a lata de lixo da humanidade”, pois coletam parcela da sobra
dos que são abastados.
(...)
Barata ainda desconfiava da
conversa sobre a riqueza do companheiro que acabara de conhecer, e
por isso perguntou mais uma vez. O velho confirmou que era rico e destacou que não era culpado pela acumulação. Mesmo assim continuaria a pedir esmolas? Sim, e pelo resto da vida, pois seu modo de ser o mantinha distante de qualquer risco de falência ou outro sinistro material.
por isso perguntou mais uma vez. O velho confirmou que era rico e destacou que não era culpado pela acumulação. Mesmo assim continuaria a pedir esmolas? Sim, e pelo resto da vida, pois seu modo de ser o mantinha distante de qualquer risco de falência ou outro sinistro material.
Barata sugeriu que o camarada já devia ter o
suficiente para investir em indústria, comércio ou lavoura... Concluiu que o
colega poderia permanecer sem se preocupar em arranjar um trabalho. O outro
respondeu que não tinha a menor necessidade de “arriscar o capital”...
Mas será que não notava que
ganharia bem mais se se tornasse um investidor? A essa indagação ele respondeu
que o raciocínio era enganoso.... Disse que nas atividades de produção ou de
comércio, quanto mais se ganha, mais se gasta. No caso da mendicância é
diferente, pois quanto mais ganhava menos precisava ou devia gastar... Além
disso, entendia que o que fazia nada mais era do que cobrar da sociedade o que
ela lhe devia... Barata quis saber quanto a sociedade estava lhe devendo.
A resposta foi sucinta e nem um pouco objetiva. O velho disse que a
sociedade lhe deve “tanto quanto lhe couber” desde que haja uma “divisão
camarada”... Barata pensou na própria condição de mendigo que “cobra da
sociedade o que ela lhe deve” e cravou que a gente toda devia estar sendo bem
caloteira com ele. O velho sentenciou que o amigo não devia estar sabendo “cobrar”
e perguntou-lhe como costumava pedir esmolas... Barata respondeu que fazia como
todos os demais: “Uma esmola pelo amor de Deus!”
O companheiro argumentou que aquela fórmula era coisa
do passado. Será que Barata não sabia que “Deus” é uma palavra sem expressão? Dizer
“Ai meu Deus” é quase um “Ora bolas!” até os ateus dizem “Graças a Deus sou
ateu”... Barata concordou enquanto o outro continuou explicando e sugerindo que
ele devia falar em “fome”, que é algo que impressiona as pessoas. Insistiu que
há milhares de pessoas famintas no mundo (no texto sua fala cita “30 milhões de
famintos no mundo”). Alertou que ele devia usar esse expediente em locais onde
não há pão ou comida. E isso para que as pessoas lhe dessem dinheiro.
Com acerto, deduziu que Barata vivia a pedir esmolas pelas casas...
Explicou que ele não fazia bem, pois as pessoas oferecem restos de comida e de
pão desde suas cozinhas. Ensinou que o colega devia fazer como ele, que ia para
as portas das igrejas nos dias de missas dos “defuntos ricos”. Para isso devia
buscar informações nos jornais.
(...)
Por que aquele estranho mendigo se encontrava àquela hora da noite
diante da grande igreja? Barata fez essa pergunta na sequência... Pobre Barata,
só mesmo um tipo desinformado como ele não sabia que a igreja estava repleta de
fiéis devido ao encerramento do “Mês de Maria”...
O velho retirou um papel do
bolso e explicou que “seu secretário” fizera uma lista completa com os nomes
das oitocentas e cinquenta pessoas que participavam das celebrações do dia.
Mais uma vez Barata não escondeu o espanto...
Então o senhor tem um secretário?
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/01/deus-lhe-pague-peca-de-joracy-camargo_5.html
Leia: “Deus
lhe pague”. Ediouro.
Um
abraço,
Prof.Gilberto