Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/01/deus-lhe-pague-peca-de-joracy-camargo_5.html antes
de ler esta postagem:
O homem quis saber como ela o imaginava... Maria respondeu que pensava que
o patrão do marido fosse “milionário”... O tipo confirmou que era mesmo muito
rico, então Maria disse que esperava que os milionários andassem com “roupas e
chapéus de ouro”. Nem podia imaginar o tipo de comida dos ricos! Perguntou se
ele tinha dores de cabeça ou nos rins, se sentia sede ou pesadelos...
O patrão sorria a cada
frase da ingênua Maria ao mesmo tempo que confirmava que se tratava de um homem
“normal” e que padecia de todos aqueles problemas... Ela riu mais uma vez e
confessou-se “tola” por esperar algo totalmente diferente de um milionário...
Se era como o patrão lhe dizia, então ele “não valia nada”, e emendou que
preferia o Juca... Mais uma vez o patrão o patrão sorriu e quis saber o que o
marido dela tinha de tão especial. Maria respondeu que ele jamais tinha dores
de cabeça ou nos rins, e que seus sonhos eram sempre bons.
A resposta foi a “deixa” que o patrão esperava, pois
na sequência perguntou onde o Juca estava... Maria respondeu que o Juca ficava
até mais tarde na fábrica.
(...)
Quem assistiu ao “Dios se lo pague” sabe que no filme, no trecho em que
o patrão visitava a humilde casa, Juca estava dormindo no quarto... O texto da
peça dá a entender que ele sabia que não o encontraria na casa...
Na sequência o tipo observou que o operário estava se
dedicando à “experiência de um novo invento”. Maria mostrou-se surpresa, já que
sabia que o Juca lhe pedira segredo, no entanto concluiu que ele devia ter
partilhado algo com o patrão. E se era assim, este devia gozar da confiança de
seu marido... Curiosa, perguntou-lhe se achava que Juca poderia ficar rico com
o seu projeto.
O patrão respondeu que não só Juca se daria muito bem com o seu invento
como o ultrapassaria em riqueza. Obviamente Maria se encantou e sentenciou que
o “aparelho” é bonitinho. Disse isso e quis saber se a visita era da mesma
opinião. O patrão respondeu com um “só vendo”. Solícita, Maria disse que lhe
mostraria os desenhos do marido.
Ela retirou-se e diante da porta de entrada arregalou os olhos,
certamente para se certificar de que ninguém (inclusive o Juca) a observava.
Depois retornou à mesa com um canudo de lata, dirigiu-se ao patrão e garantiu
que ele tinha de ver os desenhos de Juca, pois só assim saberia que ele era “o
homem mais inteligente do mundo”.
(...)
O patrão gostou do que viu
e salientou que os desenhos estavam perfeitos... Maria ficou orgulhosa e
destacou que a máquina que surgiria dos papéis seria operada por apenas um
homem, e que ela realizaria a tarefa de cem operários. O tipo quis saber se Maria
já havia lido o projeto...
Maria disse que admirava a
bonita letra do marido, e que ele confiava muito nela... Mas ela não sabia o
que os textos da papelada diziam. Guardavam os documentos debaixo do colchão, tudo
“bem escondido”. Espertamente, o patrão provocou dizendo que não acreditava que
a letra do Juca fosse tão bonita.
A
mulher não queria passar por mentirosa e retirou-se para buscar os papéis. Ao se
ver sozinho, o patrão dobrou os desenhos e enfiou-os no paletó, depois tampou o
canudo vazio. Ela retornou com o calhamaço e foi logo exclamando que a letra do
Juca era linda mesmo... O homem podia conferir. Foi isso que ele fez e
respondeu que “Juca é um grande homem”... Mas o seu interesse estava no
essencial do conteúdo.
Admirado, o inescrupuloso patrão deixou escapar
que o segredo estava no movimento das “lançadeiras A e B”... Maria nem notou ou
o incomodou. E foi assim que, com o cuidado da leitura silenciosa, ele se
apropriou das informações do projeto de Juca.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/01/deus-lhe-pague-peca-de-joracy-camargo-o.html
Leia: “Deus
lhe pague”. Ediouro.
Um
abraço,
Prof.Gilberto