Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/01/deus-lhe-pague-peca-de-joracy-camargo-o.html antes
de ler esta postagem:
Maria
ressurgiu com trejeitos exagerados... Procurou ser atenciosa com o Juca e
deu-lhe muitos beijos, pois queria proceder conforme as orientações que havia
recebido.
Juca arregalou os olhos e perguntou se o patrão já havia falado com
Maria, sua esposa. O tipo respondeu que tivera apenas tempo para indagar-lhe
sobre o rapaz. Desconfiado, o operário quis saber o que o empresário queria com
ele.
O intruso vociferou que
Juca não devia se esquecer de que ele era seu patrão e que de nada lhe valia se
julgar um “grande senhor”, pois sem sua ajuda o invento se tornaria inútil.
Juca não ficou na defensiva e confessou que já tinha propostas de fábricas
estrangeiras para encaminhar o seu projeto.
O patrão sorriu nervosamente, sentou-se dizendo que os
inventos nacionais apelavam sempre ao socorro do exterior. Na sequência exigiu
que o Juca se sentasse. Sem obedecê-lo, o rapaz pediu que o dispensasse, pois
se sentia constrangido na presença do empregador.
Nesse momento, Maria se intrometeu e pediu para o jovem esposo se
sentar, pois era certo que ele ficaria mais rico do que o próprio chefe. Mais
uma vez Juca se espantou e quis saber dela quem lhe havia dito aquele tipo de
coisa. Maria respondeu que tinha sido o próprio patrão.
(...)
A desconfiança de Juca crescia a cada momento.
Virou-se para o intruso visitante e quis que ele confirmasse o que sua ingênua
esposa acabara de dizer. O patrão confirmou dizendo que Juca ficaria, sim, rico
“se não for idiota”.
É claro que Juca quis entender o que o patrão quis dizer com aquilo. A
resposta do outro não podia ser mais afrontosa, já que sugeriu que o operário
devia transferir seu invento para ele, aceitando que não teria como dar
qualquer prosseguimento ao mesmo... E foi ainda mais longe em seu cinismo ao
dizer que o Juca teria direito a uma porcentagem do lucro sobre o que fosse
produzido a mais, resultando que em pouco tempo se tornaria um milionário “às
custas de seu patrão” (!).
Obviamente Juca o corrigiu e cravou que caso se enriquecesse seria às
próprias custas, à custa de seu trabalho. O homem esbravejou que já havia lhe
dito que sem o seu auxílio o invento não tinha qualquer valor.
Juca que até então havia se
recusado a sentar-se, resolveu tomar uma cadeira. Com paciência, explicou que
nos últimos três anos vinha se esforçando muito durante as noites em que trabalhava
com o invento e pesquisas. Destinara boa parte de seu salário às suas
experiências.
O tipo ganancioso
sentenciou que chegara o momento de o rapaz ser recompensado... Sugeriu que ele
pensasse bem para não se arrepender mais tarde... Disse essas coisas e se
levantou, caminhou para a porta e levou a mão ao bolso do paletó, onde estavam
os desenhos que havia surrupiado... Na sequência sugeriu ainda ao Juca que ele
não se esquecesse, pois “sua felicidade está no meu bolso”.
(...)
Maria havia ido até a porta e retornou para junto do marido. Ele foi
dizendo que desconfiava do patrão. Ela resolveu “abrir o jogo” e o corrigiu
dizendo que ele estava sendo tolo, pois devia desconfiar era dela.
Sem entender aonde a mulher
pretendia chegar, Juca perguntou-lhe por que teria de desconfiar dela... Antes
de entrar no assunto, Maria disse que não conseguia fazer fingimentos “de gente
importante”. Ela rebateu as interrogações do companheiro afirmando que havia
mostrado todos os papéis ao seu patrão... E não adiantava Juca ficar zangado! Porque
o distinto homem lhe havia prometido palácios, vestidos de seda e tudo”.
Essa informação era de desolar. Juca se desesperou e gritou
com ela querendo saber onde estavam os seus papéis... O rapaz ficou em estado
de choque e foi para os fundos à caça de seu projeto.
(...)
Assustada, Maria se dirigiu à porta e foi surpreendida pelo patrão, que
vigiou o casal desde que havia saído... Ela demonstrou surpresa, pois não
esperava vê-lo tão cedo. O tipo respondeu que estava sempre onde se encontra o
seu interesse.
Os gritos de Juca chegavam aos ouvidos de Maria, que pediu para o patrão
fugir imediatamente. Ele a cumprimentou com um “boa noite” e sugeriu que
ficasse pensando num lindo palácio e em vestidos de seda.
Nervosamente, ela respondeu que no momento não
tinha tempo... Ele repetiu o “boa noite”, se virou e deu a entender que estava
definitivamente indo embora.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/01/deus-lhe-pague-peca-de-joracy-camargo_20.html
Leia: “Deus
lhe pague”. Ediouro.
Um
abraço,
Prof.Gilberto