quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – retomando o filme; Mac Navalha comandava as situações entre os frequentadores da taberna; Polly aceita casar-se com o bandido naquela mesma noite; capangas em ação roubam vários objetos para o casal; J.M. Brown, chefe de polícia de Londres, antigo conhecido do Navalha e seu convidado para o casamento


O filme mostra que o Mac Navalha alcançou Polly e sua amiga... Conseguiu convencê-las a acompanhá-lo num drink na taberna habitualmente frequentada por ele... Jenny, a prostituta, chegou ao local para encontrá-lo, mas foi impedida por um tipo truculento, um de seus capangas que obedecia a ordem de não permitir que ninguém o perturbasse.
Como vimos, o filme dá a entender que o bandido conquistou Polly naquela noite... O texto para o teatro mostra que ele já frequentava a casa de J. J. Peachum e até caíra nas graças da mãe da garota. Como salientamos em postagem anterior, a peça não traz qualquer referência à perseguição do Navalha às duas garotas e tampouco ao que se sucede na bodega.
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Mac ofereceu bebida às duas amigas, mas queria ficar a sós com Polly... Avistou um conhecido numa mesa mais afastada. Ele tinha uma companhia feminina e parecia estar se divertindo muito. Mac bateu com o cabo de sua bengala numa vidraça e o outro logo o atendeu. Ao se aproximar da mesa do Navalha, este o apresentou como “o melhor dançarino do Soho”... Evidentemente juntou o tipo à amiga de Polly.
Na pista os casais fizeram formação para uma alegre quadrilha cheia de passos... Mac e Polly permaneceram à mesa, onde trocaram olhares apaixonados e, sem que pudéssemos ouvi-los, se entenderam a respeito de algo.
Vemos que os dois se colocaram entre os dançarinos, mas em vez de participar da movimentação, Mac conversou com alguns dos homens. Polly sorriu para o seu conquistador que ordenava que arranjassem um “vestido de noiva completo” e “com brocado”...
Vê-se logo que aqueles eram os capangas mais chegados do Navalha. Numa sala anexa um deles disse a outros dois que o “capitão vai se casar às duas e dez da madrugada”, “no armazém número 3 do estaleiro no Tâmisa” e que deviam levar o vigário!
O que havia recebido a incumbência de providenciar o vestido de noiva apareceu com uma lista ainda maior... Mac havia exigido que obtivessem “mobília completa para a casa, cama de quatro colunas, tapetes...”. Não podiam esquecer do relógio de pêndulo.
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Polly não conseguia esconder sua felicidade... O noivo prosseguiu dando ordens aos seus capangas. Entregou um bilhete a um deles e o incumbiu de entregar a alguém importante... A outro esbravejou que não devia comparecer à cerimônia mal vestido.
Enquanto o casal se retirava para o andar superior do prédio, os quatro capangas comentaram entre si que esperavam que aquela fosse a última vez que o “capitão” decidia se casar. Constrangedor foi verificar que o bilhete do Navalha era endereçado ao chefe de Polícia de Londres, Sr. J.M. Brown... Por isso a tarefa foi passada de um para outro até que o papel terminou nas mãos do mais desafortunado.
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Nas cenas seguintes vemos os capangas de Mac Navalha cumprindo suas tarefas... Um deles foi à loja que mantinha a exposição do vestido de noiva, o mesmo pelo qual Polly e a amiga se encantaram durante o passeio noturno. Outros surrupiaram candelabros, artefatos diversos e o relógio de pêndulo..
Os objetos eram muito difíceis de serem transportados pelas escuras ruas da cidade. O pior era saber que nas proximidades sempre podia haver um policial em ronda noturna. A situação proporcionou alguns eventos bem engraçados... Num deles, o grande relógio começou a badalar no meio da rua; em outro uma carriola carregada de objetos roubados escapou do controle do marginal, que, atrapalhado, teve de correr atrás dela carregando uma cadeira que ficara para trás; um dos bandidos amarrou o grande relógio às suas costas dando a entender que fazia um transporte lícito e acabou amparado por um policial que não percebeu que se tratava de um roubo.
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Conforme a noite avançou, um relatório sobre os roubos chegou às mãos do chefe de polícia. Vários tiras se posicionaram diante dele e suas palavras eram de advertência e irritação... Roubos em locais importantes e ninguém havia sido preso! Brown estava visivelmente irritado e perguntava se seus homens tinham noção de como ele havia chegado à chefia de polícia. Como poderia manter a ordem na cidade se os criminosos agiam sem serem incomodados? E mais se preocupava conforme a “festa de coroação” se aproximava.
Esbravejava sobre essas coisas com os homens quando de repente alguém bateu à porta. Dizia que se algo de errado ocorresse no dia da festa majestosa, eles o viriam muito irritado, mas interrompeu sua falação ao ouvir que traziam um bandido “preso em flagrante”. Brown percebeu que podia aproveitar o momento para dar uma bela lição aos policiais, por isso pediu que trouxessem o delinquente ao gabinete.
Brown quis mostrar como lidava com um sujeito daqueles... Mas o bandido era o capanga de Mac Navalha que trazia o bilhete convidando o velho amigo para a cerimônia de seu casamento. O manuscrito foi colocado no fundo de seu chapéu e era só o bandido o tirar e o chefe de polícia entenderia imediatamente.
Brown iniciou um discurso repleto de ameaças ao marginal, disse que não tinha compaixão e que certamente ele ficaria preso por muitos anos. Quando enfim leu o bilhete, sentenciou que era um homem cruel e que precisava ficar a sós com o capturado. Depois que os tiras se retiraram, o chefe de polícia rasgou o bilhete e dispensou o comparsa de Mac Navalha pela saída dos fundos.
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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