Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/01/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_92.html antes
de ler esta postagem:
O
filme mostra que o Mac Navalha alcançou Polly e sua amiga... Conseguiu convencê-las
a acompanhá-lo num drink na taberna habitualmente frequentada por ele... Jenny,
a prostituta, chegou ao local para encontrá-lo, mas foi impedida por um tipo
truculento, um de seus capangas que obedecia a ordem de não permitir que
ninguém o perturbasse.
Como vimos, o filme dá a entender que o bandido conquistou Polly naquela
noite... O texto para o teatro mostra que ele já frequentava a casa de J. J.
Peachum e até caíra nas graças da mãe da garota. Como salientamos em postagem
anterior, a peça não traz qualquer referência à perseguição do Navalha às duas
garotas e tampouco ao que se sucede na bodega.
(...)
Mac ofereceu bebida às duas
amigas, mas queria ficar a sós com Polly... Avistou um conhecido numa mesa mais
afastada. Ele tinha uma companhia feminina e parecia estar se divertindo muito.
Mac bateu com o cabo de sua bengala numa vidraça e o outro logo o atendeu. Ao se
aproximar da mesa do Navalha, este o apresentou como “o melhor dançarino do
Soho”... Evidentemente juntou o tipo à amiga de Polly.
Na pista os casais fizeram formação para uma alegre quadrilha
cheia de passos... Mac e Polly permaneceram à mesa, onde trocaram olhares
apaixonados e, sem que pudéssemos ouvi-los, se entenderam a respeito de algo.
Vemos que os dois se colocaram entre os dançarinos, mas em vez de
participar da movimentação, Mac conversou com alguns dos homens. Polly sorriu
para o seu conquistador que ordenava que arranjassem um “vestido de noiva
completo” e “com brocado”...
Vê-se logo que aqueles eram os capangas mais chegados do
Navalha. Numa sala anexa um deles disse a outros dois que o “capitão vai se
casar às duas e dez da madrugada”, “no armazém número 3 do estaleiro no Tâmisa”
e que deviam levar o vigário!
O que havia recebido a incumbência de providenciar o vestido de noiva
apareceu com uma lista ainda maior... Mac havia exigido que obtivessem “mobília
completa para a casa, cama de quatro colunas, tapetes...”. Não podiam esquecer do
relógio de pêndulo.
(...)
Polly não conseguia esconder sua felicidade... O noivo prosseguiu dando
ordens aos seus capangas. Entregou um bilhete a um deles e o incumbiu de
entregar a alguém importante... A outro esbravejou que não devia comparecer à cerimônia
mal vestido.
Enquanto o casal se retirava
para o andar superior do prédio, os quatro capangas comentaram entre si que
esperavam que aquela fosse a última vez que o “capitão” decidia se casar. Constrangedor
foi verificar que o bilhete do Navalha era endereçado ao chefe de Polícia de
Londres, Sr. J.M. Brown... Por isso a tarefa foi passada de um para outro até
que o papel terminou nas mãos do mais desafortunado.
(...)
Nas cenas seguintes vemos
os capangas de Mac Navalha cumprindo suas tarefas... Um deles foi à loja que
mantinha a exposição do vestido de noiva, o mesmo pelo qual Polly e a amiga
se encantaram durante o passeio noturno. Outros surrupiaram candelabros, artefatos
diversos e o relógio de pêndulo..
Os
objetos eram muito difíceis de serem transportados pelas escuras ruas da
cidade. O pior era saber que nas proximidades sempre podia haver um policial em
ronda noturna. A situação proporcionou alguns eventos bem engraçados... Num
deles, o grande relógio começou a badalar no meio da rua; em outro uma carriola
carregada de objetos roubados escapou do controle do marginal, que,
atrapalhado, teve de correr atrás dela carregando uma cadeira que ficara para
trás; um dos bandidos amarrou o grande relógio às suas costas dando a entender
que fazia um transporte lícito e acabou amparado por um policial que não
percebeu que se tratava de um roubo.
(...)
Conforme a noite avançou, um relatório sobre os roubos chegou às mãos do
chefe de polícia. Vários tiras se posicionaram diante dele e suas palavras eram
de advertência e irritação... Roubos em locais importantes e ninguém havia sido
preso! Brown estava visivelmente irritado e perguntava se seus homens tinham
noção de como ele havia chegado à chefia de polícia. Como poderia manter a
ordem na cidade se os criminosos agiam sem serem incomodados? E mais se
preocupava conforme a “festa de coroação” se aproximava.
Esbravejava sobre essas
coisas com os homens quando de repente alguém bateu à porta. Dizia que se algo
de errado ocorresse no dia da festa majestosa, eles o viriam muito irritado,
mas interrompeu sua falação ao ouvir que traziam um bandido “preso em flagrante”.
Brown percebeu que podia aproveitar o momento para dar uma bela lição aos policiais,
por isso pediu que trouxessem o delinquente ao gabinete.
Brown quis mostrar como lidava com um sujeito daqueles... Mas o bandido
era o capanga de Mac Navalha que trazia o bilhete convidando o velho amigo para
a cerimônia de seu casamento. O manuscrito foi colocado no fundo de seu chapéu
e era só o bandido o tirar e o chefe de polícia entenderia imediatamente.
Brown iniciou um discurso repleto de ameaças ao marginal,
disse que não tinha compaixão e que certamente ele ficaria preso por muitos
anos. Quando enfim leu o bilhete, sentenciou que era um homem cruel e que
precisava ficar a sós com o capturado. Depois que os tiras se retiraram, o
chefe de polícia rasgou o bilhete e dispensou o comparsa de Mac Navalha pela
saída dos fundos.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/01/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_19.html
Leia: “A
ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um
abraço,
Prof.Gilberto