domingo, 24 de janeiro de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – retomando o texto da peça; apresentando alguns dos capangas de Mac Navalha; felicitações e relatos de incidentes violentos enquanto providenciavam a mobília; o capitão se enfurece enquanto sua noiva se entristece; a ousadia de Ede e reprimenda do chefe; providenciando mesa e cadeiras improvisadas; a balada de Bill Lawgen e Mary Syer


No texto da peça vemos o Navalha reprimindo os seus capangas e desconsiderando o esforço dos homens ao vociferar que tudo o que trouxeram era “lixo”. Um deles, chamado Jakob-dedo-de-gancho cumprimentou o casal pela celebração e desejou felicidades ao mesmo tempo em que se desculpava dizendo que na Ginger Street, 14, havia pessoas no primeiro andar e, sendo assim, tiveram de “desinfetar a área”... Outro que era conhecido como Robert-serrote também desejou felicidades ao capitão e se explicou dizendo que teve de eliminar um tira, que acabou “virando presunto na beira do rio”.
Mac Navalha não se cansava de reprová-los. Chamou-os de “amadores e incompetentes”. Outro capanga conhecido como Ede respondeu que haviam feito o que podiam e não conseguiram evitar a morte de três pessoas no Westend... Parecia que queriam morrer! Disse isso e depois felicitou o chefe pelo casamento, mas Mac Navalha só tinha palavras para criticá-los... Por fim, o capanga de nome Jimmy explicou que sobraram agressões e tiros também para um velho, mas com sorte nada de mais grave teria ocorrido. Jimmy também saudou o capitão pelo casório.
(...)
O Navalha vociferou que havia dado orientações para que tudo ocorresse sem derramamento de sangue. Lamentava profundamente que seus capangas jamais seriam homens de negócios. Em vez disso, podiam ser canibais. Ele foi interrompido por Walter-salgueiro-chorão que também resolveu cumprimentar o chefe e agradar a noiva com um cravo que, segundo pronunciou, “até meia hora pertencia à duquesa de Somersetshire”... Polly quis saber que móveis eram aqueles destinados ao casal... Afinal toda violência e mortes ocorreram por causa daqueles móveis? Desolada, chorou.
Mac Navalha deu razão para a esposa e exclamou, “e que móveis!”, “tudo lixo!”... E seguiu criticando a falta de harmonia de tudo o que fora trazido. O sofá renascentista em nada combinava com o cravo marchetado (o instrumento musical certamente valioso). E não é que não haviam trazido nenhuma mesa?
O “Salgueiro-chorão” tratou de organizar os companheiros para arranjarem umas tábuas sobre os cochos (não podemos esquecer que no texto da dramaturgia o casamento ocorreu numa estrebaria, e não num armazém do porto, como destacado no filme). Polly manifestou sua infelicidade e pediu a Deus que o pastor não aparecesse ... Matthias apressou-se a garantir que o reverendo chegaria a qualquer momento, pois lhe haviam ensinado o caminho. Neste momento o Walter-salgueiro-chorão anunciou que a mesa estava pronta.
Polly ainda mais chorou. O Navalha gritou sua indignação e perguntou sobre as cadeiras. Tinham o cravo e nenhuma cadeira! Era muita insolência! Justamente no dia em que festejaria a boda! Dirigindo-se ao Salgueiro-chorão, perguntou quantas vezes os deixava agir sozinhos... Logo na primeira vez tornavam infeliz a sua esposa!
Ede quis remediar as coisas dirigindo-se à Polly, chamando-a “querida”. Mac enfureceu-se ainda mais e deu um safanão no abusado. Como ousava chamar sua esposa de “querida”. Disse que afundaria a cabeça do outro “até as tripas”. Xingou-o e perguntou se por acaso havia dormido com Polly.
Ela pediu ao Mac que parasse com as agressões. Ed começou a jurar que jamais se envolvera com a digníssima esposa do chefe, mas Walter-salgueiro-chorão o interrompeu e dirigiu-se a ela com um “minha ilustre senhora” e garantiu que, se ela achasse falta de alguma peça no mobiliário, eles sairiam mais uma vez para providenciar tudo de acordo. Mac Navalha disparou um riso nervoso e observou mais uma vez que tinham um cravo marchetado e nenhuma cadeira... O que a esposa pensava disso?
Polly respondeu que aquilo não era o pior... Mac sugeriu uma situação pior (“duas cadeiras e um sofá, e os noivos sentam no chão”). Ela concordou e no mesmo instante ele ordenou que serrassem as pernas do cravo.
Quatro dos homens começaram o serviço enquanto cantaram a balada de Bill Lawgen e Mary Syer... A mesma que, no filme, é cantada por um par deles diante do espelho:

                   “Bill Lawgen e Mary Syer
                   Tornaram-se marido e mulher,
                   Mas, quando se casaram na capela,
                   Ele ignorava de onde vinha a roupa dela,
                   E ela não sabia o nome dele sequer,
                   Viva!”

Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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