Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/01/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_14.html antes
de ler esta postagem:
Célia
Peachum manifestou que não reprovava o Senhor Capitão que flertava Polly... Disse
ao marido que acreditava que a filha também nutria bons sentimentos pelo outro.
Para o “rei dos mendigos”, o caso é que não podiam incentivar qualquer atração da
filha que a levasse ao noivado, pois esperava que ela viesse a se tornar o
arrimo da família... Deu a entender que o tipo que a flertava não devia ter
boas intenções e que Polly acabaria revelando a ele os segredos de seus negócios.
Dessa forma, tinha motivos para pensar que o “Capitão” se aproximava de sua
filha por puro interesse e que logo a família “cairia nas suas garras”.
A Dona Peachum não concordou e disse que a filha tinha atributos
sensuais capazes de atrair um bom partido... O senhor Peachum quis convencê-la
de que a ideia de casamento devia sair da cabeça de Polly... Argumentou que a “Bíblia”
anunciava que “casar é uma grande porcaria!” Na sequência perguntou se não
sabiam o nome do “Capitão”... Dona Célia respondeu que seria muita grosseria da
parte delas querer saber da certidão de nascimento do pretendente, ainda mais
que ele as convidara “para dançar no Hotel do Polvo”.
A mulher queria convencer o
marido de que o “Capitão” era bom e que as tratava com “luvas de pelica”... Então
Peachum concluiu que ele mesmo parecia reconhecer o pretendente da filha, um
tipo que ostentava “luvas brancas e uma bengala com castão de marfim e polainas
e sapatos de verniz e um modo encantador e uma cicatriz”... Célia Peachum
espantou-se e perguntou como o marido podia saber do detalhe da cicatriz no
pescoço. Mas neste momento Filch reapareceu após ter trocado a roupa e
solicitou ao “patrão” uma dica para que não tivesse de improvisar enquanto
pedisse esmolas. Peachum estava tão nervoso que o chamou de idiota e disse-lhe
para retornar mais tarde quando teria a chance de aprender o necessário. O
rapaz agradeceu e se retirou. O que interessa ao “rei dos mendigos” eram os
cinquenta por cento do que o novo agregado conseguisse na rua... Voltando-se
para a esposa, revelou que o namorado de Polly só podia ser o Macheath Navalha.
Dona Célia ficou apavorada no mesmo instante, pois ao saber
que a filha se envolvia com aquele marginal, entendeu que a tragédia flertava
com a família. No mesmo instante, J.J. Peachum subiu ao quarto de Polly e pôde
concluir que ela não voltara para casa, já que sua cama não estava desfeita.
Célia ainda mais se desesperou e em tom de súplica disse que a moça podia ter
saído com “o comerciante de lã” na noite anterior... Jonathan Peachum respondeu
com um “Deus queira que tenha sido o comerciante de lã”...
(...)
Na sequência o casal canta a “canção do em-vez-de” que de modo
simplificado trata das decisões “por impulso” e impensadas das jovens ao
deixarem o ceio familiar para experimentar o prazer das ruas festivas do Soho,
onde se iludem com rapazes a quem prometem “amor eterno”... De acordo com a
canção, logo o amor acaba e a elas só o que resta é a “sarjeta fedida”.
(...)
Nos registros sobre o filme, vimos que Mac Navalha
pediu aos seus capangas que organizassem seu casamento com Polly no armazém nº
3 de um estaleiro no Tâmisa... O texto da peça coloca a cena numa estrebaria,
bem “no coração do Soho”.
Matthias, também conhecido como Matthias-moeda, é o primeiro bandido a
checar o local com sua lanterna... Com seu revólver ameaçador, conferia se
havia alguém na estrebaria... Macheath o acompanhava de perto na missão.
Polly apareceu vestida de noiva e protestou assim que entendeu que seu
casamento seria celebrado na estrebaria. Mac Navalha pediu-lhe que se sentasse
momentaneamente no cocho... Ele se dirige ao público para anunciar o casamento
com Polly Peachum, “que por amor me seguiu para compartilhar comigo a minha
vida futura”. Matthias se intromete e observa ao chefe que muitos em Londres
diriam que “tirar da casa paterna a única filha do senhor Peachum” teria sido a
maior façanha do Navalha.
Mac Navalha deu a entender
que não conhecia o senhor Peachum... Matthias respondeu que o próprio pai de
Polly diria que “é o homem mais pobre de Londres”.... Ainda indignada, a noiva
reclamou mais uma vez da estribaria, local impróprio para o casamento. Será que
o noivo teria coragem de chamar o pastor para presidir a celebração? Estavam
mal! Começavam a “nova vida invadindo a propriedade alheia”.
Mac Navalha a tranquiliza
dizendo que ela teria tudo como desejasse... Ela não tropeçaria em pedra alguma
da estrebaria. Podia ficar tranquila, pois até a mobília já havia sido
encomendada”.
(...)
De fato, Matthias gritou anunciando a chegada de
móveis... Sons indicaram a movimentação de caminhões enquanto alguns homens
entraram “carregando tapetes, móveis, louças, etc”... Aos poucos a estrebaria ganhou
uma atmosfera luxuosa.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/01/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_24.html
Leia: “A
ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um
abraço,
Prof.Gilberto