terça-feira, 19 de janeiro de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – retomando o texto da peça; Célia Peachum revela os motivos que a levam a aprovar o pretendente de Polly; o “rei dos mendigos” conclui que Macheath Navalha conquistara o coração de sua filha, assim a desgraça cairia sobre a família; a mensagem da “canção do em-vez-de”; o bandido Matthias-moeda inspeciona a estrebaria, palco do casamento; indignação de Polly com o início degradante; chegam os móveis


Célia Peachum manifestou que não reprovava o Senhor Capitão que flertava Polly... Disse ao marido que acreditava que a filha também nutria bons sentimentos pelo outro. Para o “rei dos mendigos”, o caso é que não podiam incentivar qualquer atração da filha que a levasse ao noivado, pois esperava que ela viesse a se tornar o arrimo da família... Deu a entender que o tipo que a flertava não devia ter boas intenções e que Polly acabaria revelando a ele os segredos de seus negócios. Dessa forma, tinha motivos para pensar que o “Capitão” se aproximava de sua filha por puro interesse e que logo a família “cairia nas suas garras”.
A Dona Peachum não concordou e disse que a filha tinha atributos sensuais capazes de atrair um bom partido... O senhor Peachum quis convencê-la de que a ideia de casamento devia sair da cabeça de Polly... Argumentou que a “Bíblia” anunciava que “casar é uma grande porcaria!” Na sequência perguntou se não sabiam o nome do “Capitão”... Dona Célia respondeu que seria muita grosseria da parte delas querer saber da certidão de nascimento do pretendente, ainda mais que ele as convidara “para dançar no Hotel do Polvo”.
A mulher queria convencer o marido de que o “Capitão” era bom e que as tratava com “luvas de pelica”... Então Peachum concluiu que ele mesmo parecia reconhecer o pretendente da filha, um tipo que ostentava “luvas brancas e uma bengala com castão de marfim e polainas e sapatos de verniz e um modo encantador e uma cicatriz”... Célia Peachum espantou-se e perguntou como o marido podia saber do detalhe da cicatriz no pescoço. Mas neste momento Filch reapareceu após ter trocado a roupa e solicitou ao “patrão” uma dica para que não tivesse de improvisar enquanto pedisse esmolas. Peachum estava tão nervoso que o chamou de idiota e disse-lhe para retornar mais tarde quando teria a chance de aprender o necessário. O rapaz agradeceu e se retirou. O que interessa ao “rei dos mendigos” eram os cinquenta por cento do que o novo agregado conseguisse na rua... Voltando-se para a esposa, revelou que o namorado de Polly só podia ser o Macheath Navalha.
Dona Célia ficou apavorada no mesmo instante, pois ao saber que a filha se envolvia com aquele marginal, entendeu que a tragédia flertava com a família. No mesmo instante, J.J. Peachum subiu ao quarto de Polly e pôde concluir que ela não voltara para casa, já que sua cama não estava desfeita. Célia ainda mais se desesperou e em tom de súplica disse que a moça podia ter saído com “o comerciante de lã” na noite anterior... Jonathan Peachum respondeu com um “Deus queira que tenha sido o comerciante de lã”...
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Na sequência o casal canta a “canção do em-vez-de” que de modo simplificado trata das decisões “por impulso” e impensadas das jovens ao deixarem o ceio familiar para experimentar o prazer das ruas festivas do Soho, onde se iludem com rapazes a quem prometem “amor eterno”... De acordo com a canção, logo o amor acaba e a elas só o que resta é a “sarjeta fedida”.

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Nos registros sobre o filme, vimos que Mac Navalha pediu aos seus capangas que organizassem seu casamento com Polly no armazém nº 3 de um estaleiro no Tâmisa... O texto da peça coloca a cena numa estrebaria, bem “no coração do Soho”.
Matthias, também conhecido como Matthias-moeda, é o primeiro bandido a checar o local com sua lanterna... Com seu revólver ameaçador, conferia se havia alguém na estrebaria... Macheath o acompanhava de perto na missão.
Polly apareceu vestida de noiva e protestou assim que entendeu que seu casamento seria celebrado na estrebaria. Mac Navalha pediu-lhe que se sentasse momentaneamente no cocho... Ele se dirige ao público para anunciar o casamento com Polly Peachum, “que por amor me seguiu para compartilhar comigo a minha vida futura”. Matthias se intromete e observa ao chefe que muitos em Londres diriam que “tirar da casa paterna a única filha do senhor Peachum” teria sido a maior façanha do Navalha.
Mac Navalha deu a entender que não conhecia o senhor Peachum... Matthias respondeu que o próprio pai de Polly diria que “é o homem mais pobre de Londres”.... Ainda indignada, a noiva reclamou mais uma vez da estribaria, local impróprio para o casamento. Será que o noivo teria coragem de chamar o pastor para presidir a celebração? Estavam mal! Começavam a “nova vida invadindo a propriedade alheia”.
Mac Navalha a tranquiliza dizendo que ela teria tudo como desejasse... Ela não tropeçaria em pedra alguma da estrebaria. Podia ficar tranquila, pois até a mobília já havia sido encomendada”.
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De fato, Matthias gritou anunciando a chegada de móveis... Sons indicaram a movimentação de caminhões enquanto alguns homens entraram “carregando tapetes, móveis, louças, etc”... Aos poucos a estrebaria ganhou uma atmosfera luxuosa.
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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