
Após os fracassos das iniciativas do papa Inocêncio IV em sua busca de aliados no Oriente, Luís IX tomou a frente dos esforços para obter “uma ponte com os cristãos da Armênia e da Pérsia”.
Aconteceu que em 1248 o rei encontrava-se em Chipre quando foi surpreendido pela chegada de uma comitiva mongol que lhe trazia uma mensagem do chefe das tropas instaladas na Armênia e Pérsia. Elchigadai (Ilchikadai ou Ilchikdai) anunciava o desejo de estabelecer um acordo com Luís IX. Sem dúvida sua campanha vitoriosa até então contribuía para tal reconhecimento.
O rei francês aceitou a negociação e resolveu retribuir a visita da comitiva mongol enviando uma “missão diplomática” ao líder militar Elchigadai e ao todo poderoso Gran Khan. A cada um encaminhou uma carta pessoal, tendo encarregado o franciscano André de Longjumeau (ou Lonjumel) da comitiva.
(...)
Em 1249 Luís IX movimentou
suas tropas para o Egito com a intenção de marchar para a Palestina logo em
seguida... Longjumeau tomou o rumo de sua missão e só chegou à corte do Gran Khan
durante o inverno de 1249/50.
Infelizmente a situação já não
era favorável à “missão diplomática” do rei francês porque o khan havia morrido
e as decisões políticas estavam sendo tomadas por sua mãe. Talvez por saber dos
fracassos de Luís IX em suas últimas campanhas, ela recebeu a comitiva católica
com desdém.
Nenhum acerto diplomático
foi firmado, e o frei teve de retornar ao rei com uma simples carta.
(...)
André de Longjumeau
reencontrou Luís IX na Palestina, na localidade de Cesarea, onde, entre março
de 1252 e maio do ano seguinte. O tom da carta que trazia era de pura
arrogância. E o rei tornou-se ainda mais decepcionado porque além dos revezes
militares na região, tinha de retornar à França para retomar o trono, pois sua
mãe e regente acabara de falecer.
A missão do frei Longjumeau foi dada por encerrada e o rei demonstrou
profundo arrependimento por tê-la planejado.
(...)
Mas a frustração passou e Luís IX voltou a se animar ao tomar
conhecimento de que o príncipe dos tártaros, Sartuk (filho de Batu, chefe das
tropas do Khan situadas no leste europeu), havia aceitado (e se batizado) o
Cristianismo.
Em suas reflexões, Luís IX passou a crer que
enfim chegara o momento de obter a aliança que expulsaria os “infiéis” do
túmulo de Cristo. Assim, resolveu organizar nova missão para um contato
diplomático com o chefe mongol na longínqua fronteira com a China (na localidade
de Karakorum).
Dessa vez, o rei francês
tomou o cuidado de obter “declaração de apoio e cartas de recomendação” junto a
Balduíno de Courtenay (derradeiro imperador latino de Constantinopla).
Novamente foi escolhido um franciscano para chefiar a comitiva. E foi
assim que Willian de Rubruquis deixou a Costa da Crimeia rumo ao sul da Rússia
em 1253... Dois rios foram vencidos pelos homens por ele liderados (o Don e o
Volga)... Foram retidos no Volga por Batu Khan (neto de Gêngis Kahn; na ocasião
se preparava para avançar pela Europa a partir da Hungria e da Polônia).
Depois da negociação com
Batu Kahn, Willian de Rubruquis conduziu sua comitiva ao acampamento do Grande
Kahn, tendo chegado às proximidades de Karakorum no final de 1253. O encontro
diplomático só se deu no início do ano seguinte e o frei franciscano estendeu a
visitação até o começo do segundo semestre, todavia nada do que o rei Luís IX
almejava foi alcançado.
(...)
A “missão” retornou à
Europa em 1255 tendo passado por Trípoli. Apesar de não trazer nenhum resultado
prático do encontro em Karakorum, o frei Rubruquis chegou eloquente sobre a
possibilidade de haver um Preste João em Naimans (Mongólia), certo Kuakuk,
chefe militar e irmão de Ung Kahn, outrora aliado de Gêngis Kahn...
Também este Ung Kahn (Uang
Kahn ou ainda Unc Kahn) viria a ser apontado mais tarde por Marco Polo como o
Preste João.
O
mito persistia... De qualquer modo, nota-se que os primeiros europeus a
penetrarem as terras asiáticas em busca do Preste João formulavam hipóteses em
torno da figura de certos chefes tribais e de descendentes de Gêngis Kahn, como
foi o caso do Grã Khan batizado em 1253.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2020/05/rei-do-congo-mentira-que-virou-folclore_31.html
Leia: Rei
do Congo. Editora 34.
Um abraço,
Prof.Gilberto