Conforme divulgado na última postagem, seguem as considerações de Renato Borghi para a apresentação de “O que mantém um homem vivo?”
O que mantém um homem
vivo – de 1973 a 2019
Entre minhas reflexões de 1982, no programa da segunda montagem, e meus pensamentos de hoje, uma Democracia e uma Constituição.
Não é necessário descrever os acontecimentos que se deram neste breve hiato de trinta e sete anos; são todos de conhecimento público, interpretados dos mais variados ângulos. Basta fazer as perguntas que devem ser feitas agora. O que fizemos de nossa Democracia? O que fizemos com nossa Constituição Cidadã? Não paro de me perguntar: para onde estamos indo?
O Estado Democrático de Direito ainda existe ou já foi transformado em teatro de quinta categoria? Os trabalhadores serão “abolidos” de seus direitos? A aposentadoria se tornará uma miragem inalcançável para os mais pobres? A Amazônia resistirá de pé ao rugir ansioso das motosserras? A Cultura será, uma vez mais, o bode expiatório? Professores serão criminalizados por simplesmente exercer seu ofício? As minorias e os dissidentes serão esmagados ou forçados a se exilar?
A mão fria do poder econômico começou a pesar sobre os ombros do povo brasileiro. É o momento de pensar. Pensar dialeticamente. De entender em profundidade o que acontece para poder reagir e transformar. Bertold Brecht conhece muito bem o que se esconde sob as propostas obsessivas de uma virtude moralista. Ele testemunhou o surgimento do nazismo em sua Alemanha natal. Brecht viu eclodir o ovo da serpente. Ele examina, com frieza e ironia, as engrenagens dos sistemas de exploração do homem e denuncia o que realmente se esconde debaixo das fanáticas declarações de amor à família e aos bons costumes. Brecht desmascara a grande farsa. Ele acredita na potência suave da razão; acredita, antes de tudo, no homem, quando afirma por meio da boca de Galileu:
“Sim eu acredito no homem. Sem esta fé, eu não teria forças para me levantar da cama de manhã”.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2020/05/poema-de-brecht-queima-de-livros.html
Um abraço,
Prof.Gilberto