quinta-feira, 21 de maio de 2020

“Rei do Congo – A mentira que virou folclore”, de José Ramos Tinhorão – colonização de Porto Santo e importância da localidade da Madeira para as futuras ações náuticas lusitanas; informações sobre os Açores; mais das articulações políticas, administrativas e diplomáticas dos anos 1420/1421; ultrapassando o Cabo do Não; fragmentos de Gomes Eanes de Zurara sobre a passagem pelo Bojador; avanço pela costa africana para conferir antigas informações; o “livro de maravilhas do Oriente” de marco Polo e as notícias sobre o reino cristão do Preste João; incursão bélica ao Tanger

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2020/05/rei-do-congo-mentira-que-virou-folclore.html antes de ler esta postagem:

O fidalgo João Gonçalves Zarco, que exercia a tarefa de “guardar” a Costa do Algarve, recebeu do Infante D. Henrique a missão de realizar a expedição que deveria reconhecer os pontos indicados pelas antigas cartas náuticas. Como vimos, corria o ano de 1418.
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Zarco e o parceiro Tristão Vaz Teixeira localizaram uma ilha a qual deram o nome de Porto Santo. Em 1419 providenciou-se sua colonização, e para tal empresa contaram com os serviços de Bartolomeu Perestrelo...
À volta de Porto Santo descobriram muitas outras ilhas, uma delas, carregada de densa vegetação, recebeu o nome de Madeira. A localização mais isolada dessa ilha, em águas abaixo da posição geográfica de Portugal, “na altura da Costa de Marrocos”, acima do arquipélago das Canárias e a sudeste dos Açores, tornou-se estratégica para as navegações lusitanas que se sucederam.
Sobre o arquipélago dos Açores, Tinhorão destaca que suas ilhas já eram destacadas por mapas elaborados em meados do século anterior. Apesar disso, o Infante D. Henrique só ordenou uma expedição à localidade em 1445.
Essas conquistas do campo náutico foram devidamente amparadas por uma série de iniciativas políticas, administrativas e diplomáticas. Isso foi articulado ainda nos anos 1420/1421 e já foi anteriormente salientado, mas vale lembrar que de suma importância foi a garantia obtida pelo governo português junto ao papa em relação à Ordem de Cristo, cuja administração passou inteiramente às mãos de D. Henrique. Como vimos, ele passou a ter “direito ao uso de suas rendas no que tocasse à expansão da fé”... Não menos importante foi o fato de o governo ter conseguido os serviços de Jacome de Maiorca, experiente cosmógrafo e “mestre em cartas de marear e cartografia”.
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Esbanjando confiança, D. Henrique ordenou as primeiras expedições à costa africana mais abaixo do Cabo do Não em 1421. Ainda em relação a essa localidade, o autor cita informações extraídas de “Histária das descobertas e conquistas dos portugueses em África, Ásia e América”, do padre Lafitau. Segundo o documento, “o Cabo Não, ou Cabo do Não, ficava cerca de 30 léguas acima do Cabo do Bojador na Costa Ocidental africana”.
É o cronista oficial da Coroa, Gomes Eanes de Zurara (ou Azurara) quem crava que o início das manobras de “navios em busca daquela terra”, a costa africana, data de 1421. Em sua “crônica de Guiné”, volume II, Zurara registrou a navegação de Gil Eanes ao Bojador (1433) e aponta que no ano seguinte o referido cabo seria ultrapassado pelos portugueses:

                   “E finalmente, depois de doze anos, fez o Infante uma barca, da qual deu a capitânea a um Gil Eanes, seu escudeiro, que depois fez cavaleiro”.

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Depois de passado o Cabo do Bojador, o avanço pela costa africana se tornou objetivo claro. Principalmente porque D. Henrique tinha a necessidade de conferir as inúmeras informações obtidas junto aos mouros em Ceuta desde a incursão bélica de Granada a Ceuta (1419). Além disso, muito se especulava a respeito de um possível reino cristão governado por certo Preste João. Este era noticiado pelo “livro de maravilhas do Oriente”, que muitos atribuíam a Marco Polo, e que chegou ao conhecimento de D. Henrique em 1428 como presente de seu irmão, o Infante D. Pedro.
Obviamente o feito de Gil Eanes em 1434, ao ultrapassar o Cabo do Bojador, proporcionou uma série de novas informações que ainda mais animavam ao D. Henrique. O próprio Eanes relatara que para além de 50 léguas do lendário Cabo avistara casas e rastros de caravanas. Em contato com mouros que conheciam algo da vida humana naquelas paragens pôde concluir que a região era promissora e que novas incursões pela costa não deviam ser descartadas... Futuramente poderiam obter vantagens comerciais.
D. Henrique orientou-se pelo prognóstico... Em 1437 realizou-se uma incursão guerreira ao Tanger que resultou em fracasso e na prisão do príncipe D. Fernando, tornado refém. No ano seguinte, instalou-se na Vila do Infante (Algarve), onde passou a elaborar os planos de avanço pelo litoral africano. A década seguinte foi marcada pelos empreendimentos de ação que incluíam a busca do reino cristão anunciado por Marco Polo e uma potencial aliança para o enfrentamento de infiéis muçulmanos.
Leia: Rei do Congo. Editora 34.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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