Por um bom tempo os europeus mantiveram acesa a esperança de encontrarem o Preste João em terras orientais. A cada ano que passava, a fama de seu poder e maravilhas de seu reino aumentavam... Mas bem aos poucos a ideia que tinham de alcançá-lo na Ásia foi alterada para o continente africano.
As viagens de Marco Polo durante o século XIII contribuíram para ainda mais fomentar o mito.
(...)

Partiram
de Acre (Palestina) em 1271, quando Marco Polo contava 17 ou 18 anos de idade.
Seguiram na direção de Ormuz (Golfo Pérsico) e logo após se encaminharam para o
planalto de Pamir (Pérsia)... Avançaram para o Turquestão e o deserto de Gobi
rumo a Tangut, extremo norte chinês, onde chegaram quatro anos após o início da
viagem.
A boa recepção do
Gran Khan chinês valeu a Marco Polo uma colocação a serviço do governo local.
Foi assim que ele pôde conhecer muitas outras paragens: Shansi, Shensi e
Szechuen “até os limites do Tibete, além de Yunan, já na fronteira com Burma,
hoje Birmânia”.
No
início de sua jornada, Marco Polo conheceu a “região do lago Baikal e de
Karakorum”, os turcos mongóis locais e seu virtuoso chefe militar... Os
registros das memórias de Polo nos dão conta de que o rapaz julgou que aquele
se tratava do Preste João, “conhecido em todo o mundo”.
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Em 1295, Marco Polo
estava de volta a Veneza... Após ter participado de um confronto naval com os
genoveses, acabou preso três anos depois. Em fins de 1298 ditou ao seu
companheiro de cela da prisão, Rusticiano de Rustichelo, suas aventuras e desventuras...
Em breve trecho sobre “os confins da Tartária e seus habitantes nômades”,
relatou:
“Não tinham chefes, mas
prestavam vassalagem a um grande senhor que na sua linguagem designavam por
Uang-Khan, a que nó chamamos Preste João, falado em todo o mundo”.
A respeito dos relatos do cárcere de Marco Polo que fazem referência ao Preste
João, vale destacar nota do livro na qual conferimos que as citações sobre “um chefe
cristão para os lados da Ásia” em sua “Descrição do Mundo” embasavam-se em suas
observações de viajante, em narrativas coletadas pelos locais onde esteve, e
ainda em papéis que recebeu do pai enquanto esteve na prisão. A verdade é que Marco
Polo conferiu caráter de “história” a muitas “lendas” que ouviu em suas
andanças...
As referências ao Preste João, “Johannes Presbyter, Armenio et indorum imperador”,
situavam o domínio de seu império em toda região conhecida genericamente por “Índias”.
Todavia a questão de sua localização persistia porque por “Índias” entendia-se não
apenas a Tartária ou Tibete, mas também a Malásia, a própria Índia e a África
Oriental (Etiópia até Sofala).
(...)
Sem dúvida a constante referência a um reino do
Preste João situado no Oriente se explicava pelo fato de, até o final do século
XIII, os mongóis terem sinalizado intenções de firmar aliança com os cristãos
europeus para o combate aos árabes nas terras sagradas do Cristianismo.
Evidências dessa movimentação foram o batismo de mongóis encaminhados a Hugalu,
soberano da Pérsia (1274), e quando Arghum, chefe persa, enviou “um religioso
nestoriano a Roma para saudar o recém-eleito papa Nicolau IV”.
Mas
não há como negar que o conhecimento histórico que se acumulava, bem como a
evolução percebida nas técnicas cartográficas, deslocavam o Preste João e seu
mítico reino para as terras africanas.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2020/05/rei-do-congo-mentira-que-virou-folclore_72.html
Leia: Rei
do Congo. Editora 34.
Um abraço,
Prof.Gilberto