quarta-feira, 23 de novembro de 2016

“O Homem Duplicado”, de José Saramago – a solução para o caso de acordo com o raciocínio de Antônio Claro; explicações para a sua obsessão e a frustração de Tertuliano

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2016/11/o-homem-duplicado-de-jose-saramago_95.html antes de ler esta postagem:

Tertuliano entendeu que Maria da Paz era o motivo da visita não anunciada de Antônio Claro... O ator percebeu que o professor irritou-se quando o nome da rapariga foi envolvido na conversa, dessa forma entendeu que ele não aceitaria falar sobre ela.
Tertuliano disse que ela estava “fora do assunto”... Antônio não duvidou e provocou dizendo que ela nem deveria saber a respeito de sua existência... Tertuliano confessou que preferiu mantê-la afastada das polêmicas, e isso foi uma forma de evitar que ocorresse com ela o mesmo que Helena vinha sofrendo.
Antônio continuou a provocar... Disse que o outro tinha um excelente coração e que estava em suas mãos a decisão final a respeito do que ele mesmo pretendia que ocorresse. Tertuliano disse que não estava entendendo onde o tipo queria chegar... Este respondeu que era Tertuliano quem estava a fazer rodeios de modo impedir que suas intenções fossem totalmente reveladas.
O professor irritou-se e exigiu que Antônio se fosse imediatamente. O ator disse que não pretendia permanecer por mais tempo ali e explicou que, se tivesse de sair forçado, pretendia se apresentar à Maria da Paz e revelar-lhe toda a história da duplicação.
Tertuliano respondeu que se tivesse uma arma atiraria contra o provocador.
(...)
Antônio chamou-o à razão... Já que não havia arma no local, pouco adiantava prosseguirem discutindo a respeito... Além do mais, de modo algum estavam vivendo uma encenação cinematográfica. Na vida real há assassinos e assassinados que resultam em incômodos e inconvenientes...
Tertuliano pediu que ele falasse de uma vez por todas... Antônio explicou que telefonara à Maria dando a entender que era com o verdadeiro Tertuliano que falava. Disse que a convidara para conhecer uma casa de campo que estava para alugar.
No mesmo instante o professor entendeu que o tipo estava querendo levá-la à mesma casa onde os dois haviam se encontrado para se conhecerem. Indignado, chamou-o de doido e perguntou qual era a diabólica tramoia que estava arquitetando.
A resposta não tardou... Antônio disse que pretendia passar a noite com a garota do Tertuliano... No mesmo instante, este foi para cima do intruso com os punhos cerrados... Aconteceu que sua falta de habilidade impediu-o de atingir o oponente... Em vez disso, tropeçou na mesa de centro e foi imediatamente imobilizado.
O professor agitava-se sem conseguir se desvencilhar da técnica de Antônio, que disse que se o tipo não quisesse quebrar os ossos era melhor sossegar... E completou garantindo que o pobre Tertuliano não era homem para ele.
Tertuliano foi empurrado e caiu sobre o sofá, onde se sentou e apalpou o braço agredido pelo Antônio. O ator explicou que não tivera outra saída para evitar a pancadaria típica de machos primitivos que disputam uma fêmea.
O professor explicou que se casaria com Maria... Antônio disse que não se surpreendia com aquela afirmação, pois pudera perceber isso na alegria com a qual ela o atendeu... Destacou que durante todo o telefonema a moça entendeu que falava com o próprio Tertuliano. Disse ainda que Maria ficou muito motivada pelo convite de conhecer uma casa de campo.
Tertuliano deu mais uma cartada... Disse que a mãe de Maria estava doente e que dificilmente as duas se separariam por muito tempo... Antônio explicou que chegou a falar sobre isso com a rapariga, ela reconheceu que uma noite passa bem rápido e que, sendo assim, não haveria maiores complicações com a mãe.
Tertuliano sentia-se à beira do nocaute... Suas palavras até davam a entender que não teria como evitar o inconveniente encontro de Maria com o tipo, seu “igual”... Perguntou por que ele decidira fazer aquilo... 
(...)
Antônio falou que não era fácil responder...
O fato era que estava obcecado pela ideia de dormir com a mulher do outro... Isso era como que um “complexo de Don Juan”... Disse também que ficara perturbado com a aparição de Tertuliano e o modo como aquilo alterou sua vida conjugal. Então o mais provável fosse que sua iniciativa se motivasse pelo rancor que trazia no peito.
Leia: O Homem Duplicado. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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