quinta-feira, 31 de março de 2016

“A Guerra do Futebol”, de Ryszard Kapuscinski – mais considerações sobre o “modo ioruba de ser”; Awolowo advogado, fundação do “Nigerian Tribune” e propagação dos ideias da Egbe Omo; “Federação da Nigéria” e as possibilidades de atuação política; fundação do Action Group Party, Awolowo premiê do Governo da Nigéria Oriental

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2016/03/a-guerra-do-futebol-de-ryszard_72.html antes de ler esta postagem:

Kapuscinski destaca ainda outros elementos que compunham o “modo ioruba de ser”: sua língua é tão complicada que, em sua opinião, aprendê-la seria tão complicado quanto o chinês; a vestimenta daquela gente é rica, seus trajes são “distintos, aristocráticos”; as mulheres vestem-se de azul, que, entre eles, é “a cor do amor”; sua cultura é marcada pela sensualidade*...
A respeito desse último elemento, o autor garantia que foi “transportado” para a América Latina (sobretudo Brasil e Cuba) com os escravos** que foram extraídos da região.

            * Para o polonês, algumas danças vistas em Havana, Rio de Janeiro e até no
            Haiti apresentam traços da sensualidade ioruba.
            ** A respeito da escravidão, o autor sustenta que os iorubas guerreavam
            entre si e que os vencedores vendiam seus prisioneiros como escravos.


(...)
Awolowo se formou em Direito... Retornou à sua terra em 1947... Constituiu escritório, tornou-se respeitado e reconhecido.O ofício da advocacia sempre foi de muito prestígio entre os africanos, pois as pessoas viam o advogado como “alguém que conhece as leis, que pode processar os inimigos, e que não é ‘passado para trás’”.
Dois anos depois, ele fundou o “Nigerian Tribune”, que se tornou o principal veículo de propagação de suas ideias... Aos poucos a mensagem da Egbe Omo de defesa da causa ioruba se difundiu entre a sua gente.
Nos tempos coloniais (de protetorado) já havia regulamentação imposta pelos ingleses, que permitiam a atuação limitada de partidos políticos*... Dessa maneira, pelo menos na Nigéria, a questão da libertação não se dava “em campos de batalha ou em meio ao fogo revolucionário”... As agremiações políticas que desrespeitassem a lei (o “constitutional progress”) eram simplesmente fechadas pelos britânicos...

            * Instituiu-se a Federação da Nigéria... Os ingleses permitiam que as três
            regiões reconhecidas por serem ocupadas por iorubas (Leste), hausas
            (Norte) e ibos (Oeste) tivessem governos próprios...

Portanto os advogados (retomando a condição de Awolowo) eram essenciais aos partidos e jornais... Não era por acaso que entre os “membros do Parlamento Nigeriano” havia muitos advogados... Apenas “homens de negócio” os superavam em número.
(...)
A Egbe Omo Oduduwa passou a contar com um Partido Político, o Action Group Party, fundado por Awolowo em 1951...
Três anos depois, esse partido assumiu o “Governo da Nigéria Oriental”... Awolowo tornou-se o chefe desse governo.
Governar apenas a porção oriental da Nigéria não era suficiente para Awolowo... Também as lideranças hausas ou os chefes ibos pretendiam se tornar senhores de todo o país. O problema é que não havia a menor possibilidade de entendimento entre as três nações, já que uma pretendia exercer poder sobre as outras...
(...)
Iorubas, ibos e hausas aceitavam formar a “União da Nigéria”... Desde que eles a governassem.
Kapuscinski sustenta que o poder de cada líder se limitava à região habitada por seu povo...
Fora dela sofriam discriminação dos demais.
Leia: A Guerra do Futebol. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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