Sobre Awolowo, Kapuscinski esclarece que se tratava de político da “mais antiga geração”... Seu nascimento data de 1909... Era um filho de camponeses que viviam nas proximidades de Lagos, região ioruba.
(...)
Após a formação
básica escolar, atuou como professor e jornalista... Também foi empresário na “área
de transporte”...
Em 1944 mudou-se para Londres, onde estudou direito... Foi na época em
que era universitário que fundou a Egbe Omo Oduduwa (Oduduwa é “antepassado
divino” de todos os iorubas).
Essa
associação era “uma espécie de maçonaria tribal” que atuava secretamente...
Seus integrantes nunca manifestavam publicamente seu vínculo com a Egbe Omo...
Muitos os viam como mafiosos... Para os mais “convictos”, suas reuniões eram
importantes porque “definiam o futuro dos iorubas”.
(...)
Awolowo era fundador
e mentor da Egbe Omo... Na direção do movimento havia um brasileiro (Adeyomo
Alakija) nomeado por ele mesmo...
Os
objetivos da sociedade secreta estavam estabelecidos num programa “bem
costurado”... Pretendia-se “desenvolver e reforçar o nacionalismo dos iorubas”;
“reforçar as instituições monárquicas dos iorubas”; “criar a nação ioruba”.
* Cabe ressaltar: Não era o
pan-africanismo e tampouco a
unidade nigeriana o que Awalowo e seus congregados pretendiam...
Eles defendiam a supremacia iorubana... Para isso seria preciso um
processo de autodefinição de seu povo, que passaria a se reconhecer
como diferenciado em relação aos demais.
unidade nigeriana o que Awalowo e seus congregados pretendiam...
Eles defendiam a supremacia iorubana... Para isso seria preciso um
processo de autodefinição de seu povo, que passaria a se reconhecer
como diferenciado em relação aos demais.
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O lugar dos iorubas
na Nigéria é a porção oriental do país.
De acordo com o
próprio Awolowo, na segunda metade da década de 1960 havia cerca de 13 milhões
de iorubanos.
Havia quem dissesse
que essa população não passava dos 6 milhões.
Para Kapuscinski, um número entre esses dois dados poderia corresponder à
verdade sobre o contingente iorubano.
O fato de, historicamente, os iorubas sempre viverem em cidades os
tornava diferenciados em relação às demais nações da Nigéria. Ibos e hausas
eram considerados agrários e tradicionalmente estabelecidos em vilarejos.
(...)
Os iorubas se distribuíam em várias
cidades-estados... Cada uma delas possuía o seu rei, conhecido como “oba”.
Havia 52 níveis hierárquicos em que os obas eram “classificados” e
reconhecidos.
Kapuscinski compara o
modelo ioruba ao do descentralismo feudal europeu da Idade Média... Para os
conterrâneos de Awolowo, a grande quantidade de reis era motivo de orgulho...
Pode parecer contraditório, mas o fato é que isso (o descentralismo político) conferia
traços democráticos àquela sociedade.
A maioria almejava alcançar a condição de grande proprietário que exerce
poderes sobre determinada área... Desejavam também se tornar “homens de negócio”...
Mas esses intentos eram coisa que bem poucos conseguiam.
O cacau era o principal produto exportado pelos iorubas... Apenas os
ashantis, de Gana, rivalizavam com eles nesse ramo.
(...)
Não
é difícil notar que, por vários motivos, a fama dos iorubas provocava
melindres... Os ibos, por exemplo, consideravam-nos “convencidos, briguentos e
trapaceiros comerciais”... Diziam que suas discussões eram sempre acaloradas e
que a gritaria dominava o diálogo entre eles.
Leia: A
Guerra do Futebol. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto