sexta-feira, 23 de outubro de 2015

“Estado de Sítio”, de Albert Camus – fim do segundo ato; início do terceiro ato – recuperado, o jovem Diogo parte em direção ao povo estagnado em sua condição infectada; o coro revela a índole dos cidadãos e até que ponto se dispõe à sedição; também as mulheres se posicionam; o tempo da natureza indicava que era momento de derrotar a peste?

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/10/estado-de-sitio-de-albert-camus-segundo_72.html antes de ler esta postagem:

A secretária se retirou...
Diogo viu que o estigma estava alterado, então se pôs a avançar na direção de onde provinham gemidos. Aproximou de um dos doentes para liberá-lo.
Reconheceu o pescador, que o cumprimentou admitindo que já fazia muito tempo que estava emudecido.
Diogo devolveu-lhe um sorrido... O homem olhou para o alto e quis saber a respeito da iluminação que via no céu... O que podia ser aquela novidade?
Uma das portas começou a balançar... Também as cortinas se agitaram...
Aos poucos muita gente cercou o rapaz e o pescador... As pessoas arrancavam as mordaças e dirigiam seus olhares para o céu.
Diogo anunciou a todos que o vento soprava desde o mar.
(...)
Assim o segundo ato foi finalizado.
O pano caiu sobre o cenário.
(...)
Início do terceiro ato.
Vemos que Diogo tomou a frente dos trabalhos. Ele está na praça e muitos habitantes se aglomeram nas proximidades.
(...)
Diogo transmitiu orientações. As estrelas que marcavam as portas das habitações infectadas deviam ser apagadas. Evidentemente isso contrariava a primeira das ordens impostas por Peste...
Diogo orientava; os cidadãos procediam de acordo... Janelas eram abertas para que o ar pudesse circular; os doentes eram reunidos. Ele exortava as pessoas para que fossem altivas. As mordaças deviam ser atiradas para longe; todos deviam anunciar aos gritos que não tinham medo.
(...)
A revolta interiorizada podia, enfim, ser externada com potentes gritos.
O coro dava a medida da disposição à insurgência.
Os miseráveis ali reunidos, os que viviam à base de “azeitonas e pão”, e que provavam do vinho apenas nas ocasiões de nascimento e casamento, podiam enfim esperar...
Mas era certo que receavam perder o pouco que experimentavam.
(...)
Diogo respondeu aos temores exclamados pelo coro...
Disse que perderiam azeitonas, pão e vida se não se mobilizassem contra o “estado de coisas”... Era preciso perder o medo para salvar a Espanha!
Através do coro, os cidadãos de Cádiz continuaram a revelar a sua índole reticente... Reconheciam-se “pobres e ignorantes”... Pelo que sabiam, a “peste” seguia o desenrolar do ano... Na primavera “germina e jorra”; depois há a época do “estio, quando frutifica”; talvez ela morresse quando o inverno chegasse.
A dúvida que pairava era se aqueles que pronunciavam seus lamentos estariam vivos quando o inverno se instalasse... Teriam de pagar com o próprio sangue, os que eram habituados a pagar “com a moeda da miséria”?
(...)
O coro feminino referiu-se àquelas tarefas como “ações masculinas”... Suplicava aos homens que não se esquecessem de suas mulheres abandonadas... Elas eram ainda mais fracas, e esperavam ser lembradas pelos companheiros que sobrevivessem.
Diogo interveio garantindo que Peste era o responsável por todo aquele sofrimento. Peste separara os casais... Portanto era contra Peste que deviam lutar.
(...)
O coro alertou que ainda não era tempo de inverno...
Os carvalhos das florestas estavam bem cobertos de bolotas...
As vespas faziam festa em seus troncos.
Leia: Estado de Sítio. Editora Abril.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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