sábado, 24 de outubro de 2015

“Estado de Sítio”, de Albert Camus – terceiro ato – apesar dos receios, os cidadãos aos poucos respondiam à conclamação de Diogo; partir para a ação negando o modelo imposto pelo ditador; Peste exige medidas mais drásticas; Nada não esconde sua empolgação em relação ao regulamento, mas é advertido pelo ditador

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/10/estado-de-sitio-de-albert-camus-fim-do_23.html antes de ler esta postagem:

Diogo se engajou na luta contra o regime imposto por Peste... O seu destemor contrariava o regulamento.
Restava saber quais seriam os desdobramentos... Ao seu redor juntaram-se os que estavam desvalidos... Eles arrancaram as mordaças e se puseram a desafiar as imposições do ditador.
O vento voltou a soprar e trouxe esperança a todos os que outrora apenas aguardavam o momento de serem riscados do caderno da entediada secretária.
(...)
O voluntarioso Diogo conclamou os cidadãos à luta.
O terror estava implantado e Peste não permitiria qualquer sedição.
O vacilo das pessoas comuns favorecia o regime.
Será que a máquina “rangeria”?
(...)
Os conterrâneos de Diogo entendiam que “o inverno da cólera” devia ser atravessado... Haveria alguma esperança no fim do caminho? Morreriam no desespero?
O jovem avançou em seu discurso... Disse que o desespero é a mordaça que a todos silencia... A cidade sitiada teria sua condição política revertida quando a “fulguração da felicidade” rasgasse a morbidez imposta por Peste. Quem quisesse “guardar o pão e a esperança” devia erguer-se, rasgar os certificados deferidos pelo regime e abandonar as “filas do medo”...
Liberdade! Era isso o que deviam clamar.
(...)
O coro se empolgou com as palavras do esclarecido líder... Um “grito de libertação” se ouviu... Todos se convenciam a arrancarem as mordaças. A atitude que revelava destemor encheu a todos de esperança...
Aquilo foi como que a “primeira chuva”; o outono com as promessas de a tudo verdejar; o vento fresco do mar.
(...)
Diogo retirou-se por um lado.
Peste entrou pelo outro... Com ele estavam a secretária e Nada.
Notaram a falação das pessoas. A secretária mostrou-se furiosa com a novidade e exigiu que todos recolocassem as mordaças.
Essa ordem foi obedecida de imediato por muitos. Mas houve os que decidiram ir para junto de Diogo.
(...)
Não havia como esconder... Os outrora submissos estavam se agitando. Peste fez a observação e a secretária tentou justificar dizendo que aquilo sempre ocorria... Aquele caso não era inédito para o ditador, que tinha vasta experiência no abafamento de protestos.
Ele ordenou que as medidas fossem fortalecidas... A secretária aquiesceu folheando o caderno (fez isso manifestando certo desconforto).
Nada se intrometeu ao conclamar seus concidadãos a “seguirem no bom caminho”. Disse que era uma questão de as pessoas refletirem sobre o “ser regulamentar ou não ser regulamentar”. Nisso concentrava-se a moral e a filosofia do regime.
Ao supremo líder, à parte, Nada manifestou sua descrença quanto ao futuro do modelo político imposto...
Peste o advertiu... O tipo estava falando demais... Nada se justificou dizendo que estava entusiasmado com tudo o que havia aprendido com o líder... Argumentou que a “supressão” tornara-se sua máxima, seu “evangelho”. Sentia que sua antiga obsessão inteirava-se perfeitamente com o regulamento.
Nada devia prestar mais atenção... Peste chamou sua atenção novamente! Ele devia entender que o regulamento não suprimia tudo.
Leia: Estado de Sítio. Editora Abril.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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