sábado, 7 de dezembro de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – Perron seguiu para a casa de Lambert; Nadine acabava de sair e fez seu comentário sarcástico; Louis Volange, que fazia visitas constantes ao moço, demonstrou contentamento ao revê-lo; para que Lambert retomasse as atividades, Henri o chamou para a reunião da tarde no escritório de Dubreuilh; o moço matutava sobre a possibilidade de o pai ter sido assassinado; para Volange, aquele não seria um caso isolado

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/12/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_6.html antes de ler esta postagem:

Henri não resistiu ao encanto, ingenuidade e carências de Josette e acabou cedendo à sua insistência para que a acompanhasse ao encontro social no “Iles Borromées”... Logo que chegou, porém, viu que aquele não era um ambiente para os seus... Viu Josette se realizando e refletiu sobre como Dubreuilh e Anne se espantariam ao vê-lo estampado nas reportagens ilustradas...
(...)
O momento foi todo de Josette... Henri pensava sobre quantas vezes ela tivera oportunidade de sorrir durante a vida... Certamente bem poucas... Ele concluiu que “as mulheres não são alegres”... Pensou em Paule e no modo pífio como a relação entre eles terminou... Nadine não recebeu nada dele...
Esperava realizar Josette em suas aspirações materiais... Quem sabe dessa vez não seria bem diferente?
Dois jornalistas se aproximaram... Henri sorriu para as câmeras.
(...)
Depois do almoço marcado pela celebração à futura estrela dos palcos no luxuoso restaurante, Henri seguiu para a casa de Lambert... Logo que desceu do táxi topou com Nadine... Ao vê-lo, a moça comentou com espanto que até ele havia aparecido e emendou com um “coisa louca o que cerca o pobre órfão”.
Henri quis corrigi-la dizendo que aquela história nada tinha de engraçado... Nadine deu de ombros e opinou que Lambert nada perdia com a morte do pai... Ela garantiu que sabia que devia cumprir outro papel naquele momento de tristeza para o rapaz, mas não podia... Ainda mais que Volange apareceu e estava com ele naquele momento... Henri não gostou de saber que Louis Volange estava com Lambert (e nem de saber que suas aparições eram constantes na casa).
Henri chegou à porta e Lambert o saudou pela gentileza da visita; Louis surpreendeu-se com a “felicidade do acaso”... Há meses não se viam... Henri refletia sobre o fato de Lambert não lhe falar sobre as constantes visitas daquele tipo... Observou o terno de flanela do rapaz (que carregava uma tarja preta ao lado) e percebeu que ele não se esforçava para afastar o estereótipo do “órfão acabado”...
Henri disse-lhe que o fato de não querer sair de casa por aqueles dias era normal, mas ocorreria uma reunião à tarde na casa de Dubreuilh para definir decisões de L’Espoir... Sem entrar em detalhes, ele estava se referindo ao dossiê obtido por Scriassine e à entrevista com o refugiado soviético...
Não é que o comparecimento de Lambert fosse tão necessário, mas Henri queria colocar um fim em seu estado de enlutado... O rapaz comentou que não estava com a cabeça boa para retomar as atividades. Disse que pensava na morte do pai e que era com certa convicção que refletia sobre as advertências de Volange acerca de dúvidas que envolviam a morte de seu pai... Para Louis, o velho havia sido assassinado.
Henri se espantou com aquela hipótese... Lambert justificou-a dizendo que, além de as portinholas não se abrirem sem serem acionadas por alguém, o suicídio (após absolvição no processo) não se sustentava...
Louis acrescentou que aquele não era um caso isolado, e citou outros (Péral e Molinari) que também “caíram de um trem” depois de serem absolvidos... Henri tentou levantar outras considerações que tinham de ser cogitadas e falou sobre a condição emocional e do cansaço do senhor Lambert... Isso também poderia ter provocado transtornos no velho... Lambert não admitia e disse que ainda descobriria o autor do assassinato.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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