Como podemos notar, foi o sentimento nutrido pela inveja que levou Téssora a tramar o atentado contra a própria irmã caçula... Mas vimos que o resultado não foi o que ela esperava, pois não só Psique estava viva, como era adorada pelo povo que estava vislumbrado com sua beleza...
O retorno da princesa ao castelo foi marcado pela euforia coletiva... Téssora sentiu o seu ódio aumentar, esquivou-se de qualquer responsabilidade na saída de Psique para longe dos muros e deu a entender que a menina tramara sozinha a incursão... Mais uma vez ela intimidou Magnetes, que teve de participar da mentira junto ao pai.
(...)
Ao que tudo indica as duas
conseguiram se safar da indignação do rei... Este, por sua vez, era só
lamentação ao se perguntar por que aquilo tinha de ocorrer com a sua família...
A rainha se recusou a partilhar daquela preocupação. Para ela, em vez disso,
ele deveria se alegrar pelo retorno de Psique...
Em sua limitação, o rei achava que deveria punir a
menina com chicotadas... Desesperado, disse que a culpa era da esposa. Ele
entendia que, devido ao descuido da rainha, era tarde demais para que a
situação fosse remediada.
É claro que o juízo do rei deixou a esposa desconsolada. Enquanto ela se
retirava a um canto do jardim para derramar suas lágrimas, Magnetes e Téssora
confabulavam a respeito do retorno de Psique... Afinal, o que dera errado?
Para Téssora, os dois tipos que havia contatado eram
estúpidos e a traíram... Magnetes disparou que outra possibilidade era o fato
de Psique ser mesmo muito inteligente e suficientemente esperta para se virar
sozinha “fora dos muros do palácio”... Essas palavras irritaram Téssora que
prometeu a si mesma que a caçula não perdia por esperar, pois ela se vingaria.
(...)
Não é por acaso que os episódios de encantamento provocados pela
estonteante beleza de Psique são alinhavados na história narrada por Roriz.
Veremos que as exageradas manifestações populares justificarão a ira divina que
se abaterá contra a princesa... Assim, além do desejo de vingança de Téssora,
Psique sofreria os ataques de Afrodite, a deusa da Beleza.
(...)
Aconteceu que o tempo passou e Afrodite notou que os templos a ela
dedicados já não eram frequentados nem mesmo para as habituais oferendas... Em
seu palácio no Monte Olimpo refletia sem entender o que estava ocorrendo. Então
perguntou a Eros (seu filho, deus do Amor, conhecido por disparar as flechas que
levavam as pessoas a se apaixonarem) se os mortais haviam perdido o
encantamento por ela.
Eros respondeu que não havia a menor possibilidade de isso ocorrer, pois
conhecia o coração dos mortais e sabia que todos a amavam... Garantiu ainda que
a mãe era dotada de beleza única, não havendo nenhuma mulher no mundo que
pudesse ser comparada a ela.
Foi o próprio Eros, porém,
quem revelou à mãe que havia uma princesa que estava abalando corações. Ele
destacou que Psique era muito bela e que os homens atiravam-se a seus pés logo
que a viam... Eles se transformavam em seus “servos encantados”... Afrodite
quis saber mais a respeito daquela que poderia ser uma “rival mortal”. Então
Eros emendou que “sim”, Psique era dotada de beleza diferenciada...
É claro que é Roriz que nos apresenta o deus do
Amor explicando a Afrodite que “os olhos, a boca, tudo nela é como uma paisagem
ao longe, delineada por Gaia após o Caos. A voz é como o som de um rio, e seu
corpo é capaz de fazer Cronos, o deus do Tempo, parar por uma eternidade o
determinismo a que os homens estão fadados só para poder percebê-la melhor”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/12/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_24.html
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto