quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – O fim da reunião com Peltov; Dubreuilh justifica o seu ceticismo; Scriassine espera um posicionamento; acertam que Lambert visitará a Alemanha para obter “provas concretas”; o encontro deve permanecer secreto; Samazelle defende a publicação de extratos do dossiê para “levantarem a opinião”; o rapaz esclarece o público que o “SRL” deveria atrair; Dubreuilh critica a “ esquerda excêntrica”; Henri está nitidamente abalado

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/12/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_10.html antes de ler esta postagem:

Dubreuilh estava muito desconfiado em relação às informações passadas por Peltov... Então garantiu que seria um crime se se empolgassem por aquilo que ele considerava pouco suficiente... Scriassine perguntou-lhe se duvidava da palavra de George... Dubreuilh respondeu que, pelo menos para ele, o depoimento não era um Evangelho.
Scriassine perguntou o que seria feito do dossiê... Dubreuilh respondeu que nenhum fato havia sido seriamente esclarecido... Os russos conversaram em sua língua... Peltov garantiu que poderia fornecer provas decisivas e Scriassine transmitiu isso ao grupo... Esclareceu que deveriam enviar alguém à Alemanha Ocidental, onde amigos de Peltov dariam informações precisas a respeito dos campos na zona soviética... Havia ainda documentos que a Rússia transmitiu ao Reich durante o pacto germano-soviético.
Imediatamente, Lambert mostrou-se disposto a partir para a missão... Scriassine aprovou e disse que alguns delicados detalhes deviam ser combinados... Depois perguntou qual seria a reação de Dubreuilh se as provas concretas chegassem da Alemanha... Robert respondeu que as provas deviam ser apresentadas e o comitê decidiria... Enquanto isso não se efetivasse, tudo não passaria de “mero bate-papo”.
Scriassine e Peltov se levantaram... Victor solicitou o máximo segredo a respeito das discussões e resoluções que tiveram ali. Alertou que Peltov havia se arriscado muito ao vê-los pessoalmente... Todos manifestaram aprovação e os dois se retiraram...
(...)
Samazelle disse que em sua opinião não havia dúvida de que deveriam “publicar extratos do código” para “levantar a opinião”... Dubreuilh protestou e garantiu que “levantar a opinião contra a URSS era o que deviam evitar”... Samazelle respondeu que a campanha tinha de ser aproveitada pelo SRL. O rapaz citou as últimas eleições e garantiu que a agremiação não poderia deixar de se posicionar... Disse que “querer poupar a cabra e a couve” levaria o SRL à perdição... Calculou que muitos se inscreveriam no PC após a sua vitória, e que os “hesitantes” engrossariam a direita... De acordo com Samazelle, se o SRL atacasse o stalinismo, sugerindo uma esquerda independente de Moscou, poderia conseguir a adesão desses últimos.
A esse respeito, Dubreuilh comentou que teriam uma “esquerda excêntrica”, que reuniria “anticomunistas em torno de um programa anticomunista”... Samazelle previa que aquele “vacilo de Dubreuilh” resultaria na transformação do SRL em “um grupinho de intelectuais subjugado pelos comunistas, desprezado e manobrado por eles”... É claro que Dubreuilh respondeu que ninguém os manobraria.
(...)
Essa conversa foi bem agitada... Henri ouvia atentamente, mas para ele o SRL não estava no horizonte de suas preocupações... Refletia sobre o depoimento de Peltov... Ele teria mentido?... Só nesse caso ainda se poderia pensar na União Soviética como outrora... Do contrário, teriam de reconsiderar tudo...
Henri via que Robert se posicionava com ceticismo, ao passo que Samazelle enxergava a ocasião como oportuna para atacar os comunistas e romper de vez com eles.
(...)
Então Henri se levantou e disse que tudo se resumia “em saber se Peltov disse ou não a verdade”...
Dubreuilh concordou...
A reunião foi encerrada.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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