Afrodite estava incomodada com o fato de os templos a ela destinados estarem vazios... Eros disse a ela que todos a veneravam, mas emendou que entre os mortais havia Psique, uma princesa que maravilhava as pessoas com a sua beleza... Os homens se encantavam de tal forma com ela que se atiravam submissos aos seus pés.
O relato de Eros foi finalizado por um suspiro... Ele notou que a mãe o observava e ouvia atentamente enquanto finalizava suas conclusões.
(...)
O jovem e belo deus alado
explicou que até então ninguém conhecera a beleza estonteante de Psique porque
ela permanecera confinada no palácio... Mas, acrescentou, uma incursão para
além dos muros permitiu que o povo a conhecesse e passasse a admirar os seus dotes...
Sabia-se que a consideravam uma semideusa e que até altar em sua honra já havia
sido erguido.
A vaidosa Afrodite não conseguiu ouvir aquelas
revelações sem uma ponta de revolta e quis saber mais a respeito do altar destinado
a Psique. Eros esclareceu que os idólatras para lá afluíam e depositavam muitas
oferendas.
Essa última informação foi a gota d’água para que Afrodite explodisse
toda a sua indignação... Não era possível que uma reles mortal a afrontasse. E
justo a ela, que havia recebido a Palma da Beleza, honraria divina “que nem
mesmo Hera, a mulher de Zeus” obtivera.
A situação era demais vexatória para a deusa, que
decidiu “dar um motivo” para que Psique se arrependesse por tão ousada
afronta...
Eros demonstrou preocupação com a agitação de Afrodite. Deu sua opinião sentenciando
que retirar a beleza da mortal seria algo injusto... Mas não era essa a
intenção da deusa. Para ela, a melhor punição consistia em “tirar o efeito que
a beleza de Psique causava nos homens”... Para tanto, contava com os préstimos
de Eros que certamente concretizaria a sua vingança.
O deus do Amor não demonstrou grande entusiasmo, mas Afrodite explicou
que o banquete com os deuses a impediria de ela mesma “dar a merecida lição” à
mortal... Então ela explicou ao filho que em seu jardim havia duas fontes (uma
com água doce e outra com água amarga). Bastava ele coletar um pouco da água
amarga num frasco e visitar Psique em pleno sono para pingar algumas gotas do
líquido enfeitiçado em seu rosto. Isso seria suficiente para que
instantaneamente ela perdesse o seu encanto...
Eros entendeu que aquele castigo faria com que ninguém mais se
interessasse por Psique. Acostumado a espalhar sentimentos apaixonados e a
enamorar os casais, quis saber de Afrodite se a princesa nunca conseguiria se
casar... A deusa da Beleza respondeu que isso tinha a ver com a “segunda parte
de seu plano” de vingança.
Ela exigiu rapidez na
execução de seu projeto contra a mortal. Garantiu ao filho que estava ficando
irritada e que isso não era bom para ela, pois a irritação produzia rugas em
seu belo rosto.
(...)
Eros abriu suas asas e sobrevoou o reino onde
Psique vivia... O momento era ideal, já que os que viviam no castelo dormiam
profundamente. Mesmo assim, fez-se invisível aos olhos humanos, então pôde
descer aos aposentos de Psique sem que nenhum inconveniente fosse provocado. Tornou-se
materializado e aproximou-se do leito da princesa... Então pôde ver o quanto
ela era bela de fato. Lamentou profundamente ter sido encarregado de
concretizar a crueldade estabelecida por sua divina mãe...
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/12/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_25.html
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto