domingo, 1 de dezembro de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – a devoção de Paule era total e de submissão aos caprichos de Henri; ele insistiu que estava mudado e que não retornaria a dormir no estúdio; ela percebe que estão rompendo, pede para ele se retirar, pois deseja permanecer só; com Josette a situação era inversa, a moça nunca o pressionava a permanecer; no Bar Rouge reencontro com Vincent, Lachaume e Sézenac; Henri tem a oportunidade de falar sobre o artigo contra Dubreuilh

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/12/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir.html antes de ler esta postagem:

Paule nada pedia em troca de sua devoção... Henri tentou justificar-se e disse que também não tinha nada a esconder. Ela disse que aqueles escrúpulos eram desnecessários e que ele podia voltar a dormir no apartamento quando bem quisesse... E garantiu que isso poderia acontecer naquela noite mesma, se ele assim atinasse... De sua parte, ela o aguardaria sempre.
Henri resolver dizer que em sua opinião não deviam mais voltar a dormir juntos, pois entre ambos já não havia desejo... Aquilo era uma situação do passado... Paule quis que ele confirmasse, e Henri disse que sabia que ela também já não nutria os mesmos sentimentos de outrora.
Paule insistiu e quase que desesperadamente falou que ele se enganava porque ela não havia mudado em nada... Para Henri, ela mentia também a si mesma... Então não insistiu, disse apenas que ele estava mudado e argumentou que a considerava muito bonita ainda, mas ela era-lhe muito familiar...
A moça ficou horrorizada, conseguiu perguntar se o que ele estava dizendo era que não dormiria mais no estúdio. Ele respondeu afirmativamente e garantiu que aquilo não faria nenhuma diferença...
Sem demonstrar maior nervosismo, Paule pediu para ele se retirar porque desejava ficar só. Henri quis se explicar, mas ela insistiu para que ele saísse.
(...)
De fato, Henri se retirou e disse que retornaria no dia seguinte para conversarem... Paule nada falou. Enquanto descia a escada, ele tentava detectar algum soluço ou queda no interior do apartamento. Nada ocorreu... Silêncio.
(...)
No dia seguinte não aconteceu nenhuma conversa... Os dias subsequentes também foram destinados a exercitar o “esquecimento”. O próprio Henri não fazia questão de retomar o assunto... Ele queria falar a respeito de Josette, mas também não estava muito preocupado com isso... Passava todas as noites com a jovem postulante a atriz...
Com Josette os momentos eram de ardente paixão... Ao amanhecer ela nunca o forçava a permanecer ou a prosseguir com ela durante o dia.
Henri se sentia livre... No dia em que deviam assinar o contrato “combinaram ficar juntos até o final da tarde”, porém o compromisso com o cabeleireiro a fez deixá-lo a partir das duas horas...
Josette não se mostrava “possuidora” em relação a ele... Henri se perguntava se aquele comportamento não era indicativo de indiferença da parte dela... Depois ponderava, ao mesmo tempo em que se questionava, o que um tipo como ela poderia oferecer além do próprio corpo bem cuidado...
Ele mesmo não tinha muita certeza do que poderia ocorrer... Passaria a sentir alguma afeição por ela?
(...)
Perron caminhava pelo bairro de Saint-Honoré enquanto observava as vitrines. Não queria seguir para o jornal porque era ainda muito cedo. Estava bem perto do Bar Rouge, que era o ambiente que frequentava sempre que tinha alguma folga entre os seus compromissos... Mas já fazia um bom tempo que não entrava ali...
Nada havia mudado no bar, inclusive os mesmo de sempre ali estavam (Vincent, Lachaume, Sézenac – este parecia dormir). Lachaume foi quem puxou assunto com Henri e perguntou se ele tinha desertado do bairro... Henri pediu um café enquanto respondia que de certa forma tinha mesmo se afastado... E completou que, a propósito, queria se encontrar com Lachaume para falar-lhe sobre o que pensava a respeito do artigo sobre Dubreuilh publicado no mês anterior.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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