terça-feira, 3 de dezembro de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – ao final da conversa com Lachaume, Perron concluía que também militava numa agremiação sem ser totalmente sincero; Vincent fala sobre Sézenac e sua vida de dependente itinerante; Henri fica sabendo que Lucie Belhomme teve a cabeça raspada; Vincent diz que há um dossiê e que é bem provável que Josette tenha participado de encontros com nazistas; no jantar de assinatura do contrato com Vernon, Perron pensa sobre essa situação

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/12/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_2.html antes de ler esta postagem:

Henri estava conversando com Lachaume... Ele fez críticas ao texto que havia saído em L’Enclume . O rapaz defendeu o sectarismo de Ficot, embora concordasse que teria feito diferente, quer dizer, não atacaria Dubreuilh... Henri notou que a filiação do moço ao PC era incondicional, mas isso significava também ter de suportar certos desconfortos e “aprender a engolir”.
(...)
Ele entendeu as palavras de Lachaume... No final das contas, quem poderia ser considerado íntegro? Ele mesmo estava vinculado ao SRL sem se importar com a opinião que tinha em relação ao “insucesso” da atuação da agremiação... Lachaume aceitou conviver com os métodos que desaprovava...
Quem participa “de corpo inteiro nos atos”?
(...)
No momento mesmo em que Perron quis retirar-se, pois iria para o jornal, Vincent argumentou que também iria. Sézenac emendou que sairia com eles, mas Vincent disse que precisava trocar umas palavras com Henri...
Então Vincent e Henri saíram do bar... Perron quis saber como é que Sézenac estava se virando... Vincent disse que o outro lidava com tradução, mas ninguém sabia ao certo a respeito de quê... Sézenac era um tipo que mergulhava nos entorpecentes e vivia sem endereço certo, pois passava as noites nas casas dos amigos. Naquela ocasião era Vincent quem o acolhia. Henri o alertou para tomar cuidado, pois os viciados “vendem pai e mãe”... Com um tipo desesperado como Sézenac não era aconselhável compartilhar segredos e compromissos.
Vincent queria falar a respeito da peça de Henri... Todos diziam que seria apresentada “em outubro no Studio 46 e que a estrela seria a pequena Belhomme”... Henri disse que era verdade e que naquela mesma noite assinaria o contrato com Vernon. Vincent explicou que a mãe de Josette “teve a cabeça raspada, e não sem razão”... Esclareceu que se tratava de uma colaboracionista, que possuía um castelo na Normandia e havia recebido vários oficiais alemães com os quais dormia... Ressaltou que era certo que a pequena Belhomme também estivera a serviço dos nazistas.
Henri disparou que aqueles mexericos não eram assunto para ele... Acaso Vincent fazia investigações policiais? O moço respondeu que havia um dossiê com fotografias e cartas. Os amigos de Vincent tiveram acesso à documentação... Ele próprio não conhecia o material... Perron esclareceu que aquilo não lhe dizia respeito... Vincent respondeu que todos deviam ter o compromisso de impedir que “os salafrários” retornassem “à direção do país”...
Perron se irritou com aquela pregação toda. De sua parte, Vincent esclareceu que “a Belhomme não estava sendo visada”, mas sob vigilância. Fez questão de falar com Henri porque entendia que seria bem desagradável ele ter de encarar complicações por causa daquela situação específica. Vincent queria preveni-lo, mas Henri garantiu que o rapaz não precisava se preocupar...
Prosseguiu em silêncio até o jornal, mas, em seu íntimo, Henri pensava em Josette participando dos festins dos oficiais nazistas... “A mãe, mais de uma vez, a havia vendido”... Ele pensava sobre essas coisas e ao mesmo tempo sustentava que esperava dela algumas noites mais...
(...)
Durante o jantar, Henri observava a pequena Josette a sorrir para Vernon... Não havia dúvida de que ele estava angustiado, e esperava o momento de maior intimidade para perguntar-lhe a respeito do que Vincent falara.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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