quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – Henri quis a todo custo saber de Josette se ela havia se envolvido com oficiais nazistas; a moça se mostrou ofendida, revelando-se ingênua demais em relação aos fatos; ele se viu “patrulhando” a outra e se incomodou com isso; o senhor Lambert foi absolvido em Lille

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/12/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-ao.html antes de ler esta postagem:

Lucie Belhomme estava toda “empetecada” (vestido Amaryllis, joias e cabelos) especialmente para aquele jantar de celebração da assinatura do contrato...
Henri tentava imaginá-la sem os cabelos. A madama quis puxar assunto dizendo que ele deveria estar contente depois da assinatura... Ele respondeu que sim, estava muito contente... Ela mostrava-se influente ao dizer que ele poderia ficar tranquilo... Dudele (seu amante titular, de acordo com Claudie, um tipo “muito direito”) estava ali para confirmar.
Lulu manifestou-se sobre o não comparecimento de Paule... Pediu para Henri dizer-lhe que “foi horrível ela não ter vindo”. Ele respondeu que a outra “estava realmente muito cansada”. Enquanto falava isso, notava que as mulheres estavam elegantemente vestidas de preto e portando as mais diferentes joias... Não lhe escapava a indiferença de Josette... Perguntava a si mesmo se havia fotografias dela no dossiê levantado pelos amigos de Vincent.
(...)
Henri deixou o encontro e pegou um táxi até Montemartre... Tomava uísque quando Josette sentou-se ao seu lado na poltrona do bar... Chegou falando da gentileza de Vernon e de sua pederastia... Não sofreria aborrecimentos e amolações exatamente por causa disso... Estava aliviada. Então Perron quis saber o que ela fazia quando sofria amolações de indivíduos.
Josette explicou que “às vezes, é delicado”. Henri engatilhou a pergunta sobre os alemães, se eles não a amolaram demais durante a guerra... A moça enrubesceu, quis saber por que ele fazia-lhe aquela pergunta e se alguém lhe havia contado algo. Ele disse que haviam lhe contado que Lucie Belhomme havia recebido alemães em seu castelo durante a guerra... Josette esclareceu que o castelo na Normandia foi ocupado, mas elas não tinham nenhuma culpa. Disse também que as pessoas da vizinhança não gostavam de sua mãe, e é por isso que “fizeram circular boatos vis”... É certo que entendia que a mãe não era uma pessoa gentil, mas não admitia a maledicência porque ela sempre mantivera os alemães à distância.
Henri concluiu que se a situação fosse diferente da que ela afirmava era bem provável que nada lhe contasse a respeito... Josette se entristeceu e perguntou por que ele falava daquela forma... Ele foi direto ao dizer que Lucie possuía a Amaryllis, que precisava progredir, e não acreditava que ela a poupasse enquanto buscasse atingir os seus objetivos. A moça quis saber o que ele realmente pensava àquele respeito, então Henri respondeu que talvez ela tivesse “sido imprudente e saído com oficiais”.
Josette justificou-se dizendo que não tinha nada contra os oficiais alemães... Mostrava-se “polida e nada mais”... É certo que algumas vezes a trouxeram de carro da aldeia até a casa... Eles eram corretos e ela era uma jovem que nada entendia da guerra...
Acrescentou que gostaria que os conflitos se encerrassem rapidamente... E que só bem depois é que veio a saber “o quanto se mostraram horríveis, com seus campos de concentração e tudo”...
Henri garantiu-lhe que ela não sabia “grande coisa”... Pensou no quanto ela não era “tão jovem assim em 1943”... Nadine, que “não tinha mais que dezessete” possuía outra consciência dos fatos... É claro que Josette não tinha boa formação.
A moça sabia mais do que dizia? De repente, Henri se via como que organizando um enredo investigativo, como se fosse um policial... Isso o desagradou...
Josette perguntou se ele acreditava nela... Ele respondeu que sim, e que não mais falariam sobre aqueles assuntos... Depressa seguiram para a casa dela.
(...)
Lambert se empenhou durante o processo que seu pai enfrentou em Lille... O resultado foi a absolvição do velho. Henri concluiu que o veredicto traria grande alívio ao rapaz...
Na próxima postagem veremos que isso acabou não se confirmando.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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