domingo, 8 de dezembro de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – as suspeitas de que o senhor Lambert havia sido assassinado levavam Henri a pensar em Vincent e seu grupo, mas ele relutava em aceitar as evidências; Lambert se anima a participar da reunião no escritório de Dubreuilh; antes de o encontro começar Samazelle fala sobre os campos de trabalho soviéticos, assunto que agitaria a opinião geral; Dubreuilh se mostra cauteloso; George Peltov era um tipo real, havia fugido da Alemanha Oriental e compareceria para esclarecer o dossiê

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/12/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_7.html antes de ler esta postagem:

Henri ouviu com atenção as palavras de Lambert e procurou raciocinar a partir das suspeitas que ele podia levantar e também das informações que ele possuía sobre as atividades de alguns conhecidos... Tanto o caso Molinari (que havia sido atirado do trem no percurso entre Lião e Valence) como o de Péral não lhe traziam abalos... É claro que sua consciência apresentava-lhe Vincent e seu grupo como possíveis autores de tal atrocidade, mas ao mesmo tempo ele se recusava a alimentar aquele enredo macabro... Em sua mente surgiam “o rosto amarelo sangrando no cascalho e os olhos azuis espantados do homem”... Insistia para consigo que “só podia ter sido acidente”...
Henri lutava contra as “evidências” que teimavam martelar suas reflexões...
(...)
Volange fez referência aos grupos de matadores que estavam atuando por toda a França... Todos já tinham ouvido falar daqueles bandos... E emendou que eram “horríveis aqueles ódios que não esquecem”... Disse isso ao mesmo tempo em que se despedia... Lembrou a Henri que aparecesse um dia em sua casa, pois raramente se viam e ele tinha muito a dizer-lhe... Mais por educação, Henri respondeu que aquilo seria possível logo que dispusesse de tempo...
Depois que Volange se retirou, Henri quis saber se os dias de Lambert estavam sendo de muito sufoco... O rapaz disse que, embora as pessoas esperassem uma reação viril de um filho que acabava de perder o pai, ele se confessava arrasado... Perron manifestou não dar a mínima para “histórias de virilidade” (coisas de mulher...)...
Henri quis colocar um fim àquelas lamentações e ao isolamento de Lambert... Pediu que fizesse um esforço para comparecer à reunião na casa de Dubreuilh... O rapaz disse que, de qualquer forma, o seu voto acompanhava a posição dele... Perron achou graça e emendou que o encontro tinha a ver com as informações de Scriassine a respeito de um alto funcionário da URSS que havia se evadido do país com revelações “acachapantes para o regime”... Esclareceu também que Scriassine pretendia sensibilizar L’Espoir, SRL e Vigilance e assim obter a divulgação do conteúdo... Lambert se animou e disse que aquilo lhe interessava muito.
(...)
Henri e Lambert chegaram à casa de Dubreuilh. Este já conversava com Samazelle... O parceiro de Trarieux dava a sua opinião a respeito da importância de divulgarem aquelas denúncias antes de qualquer outro veículo... Falava também a respeito do último plano quinquenal, lançado há vários meses, cujo conteúdo era completamente desconhecido... E havia a denúncia em relação aos “campos de trabalho”, algo já aventado antes da guerra e que certamente agitaria a opinião geral...
Samazelle estava animado e não era sem uma ponta de orgulho que dizia que o grupo do qual outrora fizera parte havia se preocupado com o assunto... Após a guerra o mundo inteiro se voltava aos problemas soviéticos e se via na obrigação de tomar uma posição... Entendia que eram privilegiados para poderem tratar do problema sob uma “nova luz”.
Dubreuilh atentou àquelas palavras, mas era com cautela que manifestava que a priori o testemunho do foragido representava “duplicidade suspeita”. Primeiro porque o tipo havia estado acomodado por muitos anos no regime que agora denunciava; depois porque não era de se esperar a “justa medida” de um tipo manifestadamente inimigo do regime.
Henri quis saber quais informações tinham sobre o tal George... Samazelle disse que se tratava de George Peltov, ex-diretor do Instituto Agronômico de Trebiuka... O rapaz havia feito uma pesquisa detalhada e, assim, descobriu que fazia um mês ele havia fugido da Alemanha Oriental.
Por enquanto ficamos nisso... A próxima postagem revelará o encontro do grupo com o dissidente denunciante.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/12/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_9.html
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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