Depois de fugir do velho lojista de brinquedos, Hugo prosseguiu por passagens escuras e escondidas aos usuários da estação... Ele conhecia bem os lugares “dentro das paredes”... Chegou ao cômodo onde vivia. A verdade é que acima da sala de espera da estação havia vários apartamentos praticamente desconhecidos... No passado eles serviram para alojar os responsáveis pela direção da gare, num deles o menino Cabret estava refugiado.
Logo ficaremos sabendo um pouco mais sobre o menino, por que começou a viver ali e em quê trabalhava... Hugo vivia ali com o seu tio Claude, que era funcionário responsável pela manutenção dos muitos relógios da estação. Acontece que o homem era um alcoólatra inveterado e estava desaparecido há alguns dias... Com o tio, Hugo teve de aprender a manter os relógios trabalhando. Basicamente, ele devia limpar e lubrificar os mecanismos, além de “alimentar” as cordas, quando necessário, dando atenção aos pesos que nelas pendiam. Não era um trabalho fácil nem leve... Não era mesmo indicado a uma criança de sua idade...
Os relógios mais difíceis de alcançar eram os que ficavam acima do telhado, eles eram também os de maiores mecanismos... De tão grandes, o menino entrava neles. Lá do alto ele avistava toda a cidade... Em síntese, o menino Cabret comparava o horário de cada relógio da estação com um de bolso que pertencia ao seu tio e no qual devia dar corda todas as manhãs; verificava os mecanismos; pingava algumas gotas de óleo lubrificante nas hastes de engrenagem... Depois ouvia com atenção as batidas do equipamento para conferir se o funcionamento estava em ordem.
Assim o menino seguia o percurso que aprendeu com o tio Claude... Depois dos grandes equipamentos que ficavam acima do telhado, Hugo seguia para os relógios do interior da estação, feitos de bronze. O relógio sobre as bilheterias tinha pesos que iam bem fundo... O garoto usava uma manivela na parte de trás do relógio e exercia grande esforço para dar corda e mantê-lo em ordem. Ele ainda verificava relógios em torno das plataformas, e depois outros menores que eram visualizados nos gabinetes, como o do inspetor... Aliás, era neste gabinete que ficava a cela para criminosos pegos na estação. Hugo se apavorava só de observá-la enquanto fazia seu trabalho... É bom que se saiba que ninguém, além de tio Claude, sabia que o garoto exercia aquelas tarefas de enorme responsabilidade.
Graças à verificação diária realizada, Hugo sabia por quanto tempo os relógios funcionariam sem que fosse necessário dar corda neles... Ao fim do expediente Hugo inspecionava 27 relógios em toda a estação...
(...)
Agora
vemos o menino no relógio em frente à loja de brinquedos... Ali, através dos
números vazados, ele observa que o velho lojista está manuseando o seu pequeno
caderno... Hugo está com uma vontade tremenda de soltar um grito, mas se contém.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/10/a-invencao-de-hugo-cabret-de-brian_11.html
Leia:
A invenção de Hugo Cabret. Edições SM.
Um abraço,
Prof.Gilberto