domingo, 7 de outubro de 2012

“A invenção de Hugo Cabret”, de Brian Selznick – um pouco sobre o menino Cabret e seu trabalho na estação

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/10/a-invencao-de-hugo-cabret-de-brian.html antes de ler esta postagem:

Depois de fugir do velho lojista de brinquedos, Hugo prosseguiu por passagens escuras e escondidas aos usuários da estação... Ele conhecia bem os lugares “dentro das paredes”... Chegou ao cômodo onde vivia. A verdade é que acima da sala de espera da estação havia vários apartamentos praticamente desconhecidos... No passado eles serviram para alojar os responsáveis pela direção da gare, num deles o menino Cabret estava refugiado.
Selznick descreve o ambiente e ficamos sabendo que ele era mal iluminado por causa da sujeira acumulada na claraboia. Havia umas prateleiras feitas pelo próprio Hugo, e nelas estavam dispostos vários vidros que guardavam peças dos brinquedos roubados por ele nos últimos dias. Debaixo de uma precária cama estavam acumulados vários papéis com desenhos. Bem no centro do quarto havia um baú cheio de poeira. Em cima deste “móvel” estavam as surradas cartas do menino. A um canto via-se uma mesinha onde estavam dispostos envelopes ainda fechados contendo cheques de várias semanas de trabalho do tio de Hugo. O garoto pegou sua caixa de ferramentas, alguns palitos de fósforos e tocos de vela... Retirou-se em seguida.
Logo ficaremos sabendo um pouco mais sobre o menino, por que começou a viver ali e em quê trabalhava... Hugo vivia ali com o seu tio Claude, que era funcionário responsável pela manutenção dos muitos relógios da estação. Acontece que o homem era um alcoólatra inveterado e estava desaparecido há alguns dias... Com o tio, Hugo teve de aprender a manter os relógios trabalhando. Basicamente, ele devia limpar e lubrificar os mecanismos, além de “alimentar” as cordas, quando necessário, dando atenção aos pesos que nelas pendiam. Não era um trabalho fácil nem leve... Não era mesmo indicado a uma criança de sua idade...
Os relógios mais difíceis de alcançar eram os que ficavam acima do telhado, eles eram também os de maiores mecanismos... De tão grandes, o menino entrava neles. Lá do alto ele avistava toda a cidade... Em síntese, o menino Cabret comparava o horário de cada relógio da estação com um de bolso que pertencia ao seu tio e no qual devia dar corda todas as manhãs; verificava os mecanismos; pingava algumas gotas de óleo lubrificante nas hastes de engrenagem... Depois ouvia com atenção as batidas do equipamento para conferir se o funcionamento estava em ordem.
Assim o menino seguia o percurso que aprendeu com o tio Claude... Depois dos grandes equipamentos que ficavam acima do telhado, Hugo seguia para os relógios do interior da estação, feitos de bronze. O relógio sobre as bilheterias tinha pesos que iam bem fundo... O garoto usava uma manivela na parte de trás do relógio e exercia grande esforço para dar corda e mantê-lo em ordem. Ele ainda verificava relógios em torno das plataformas, e depois outros menores que eram visualizados nos gabinetes, como o do inspetor... Aliás, era neste gabinete que ficava a cela para criminosos pegos na estação. Hugo se apavorava só de observá-la enquanto fazia seu trabalho... É bom que se saiba que ninguém, além de tio Claude, sabia que o garoto exercia aquelas tarefas de enorme responsabilidade.
Graças à verificação diária realizada, Hugo sabia por quanto tempo os relógios funcionariam sem que fosse necessário dar corda neles... Ao fim do expediente Hugo inspecionava 27 relógios em toda a estação...
(...)
Agora vemos o menino no relógio em frente à loja de brinquedos... Ali, através dos números vazados, ele observa que o velho lojista está manuseando o seu pequeno caderno... Hugo está com uma vontade tremenda de soltar um grito, mas se contém.
Leia: A invenção de Hugo Cabret. Edições SM.
Um abraço,
Prof.Gilberto 

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