Talvez
seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/10/a-invencao-de-hugo-cabret-de-brian_12.html antes de ler esta postagem:
Como sempre ocorria,
o menino aguardou a chegada do pai... Normalmente tinham muito que conversar...
Mas em vão passou a noite inteira acordado. Só ficou sabendo da morte do pai
pela manhã, quando a porta foi aberta pelo seu tio Claude... Bêbado, comunicou
com poucas palavras que a partir daquele momento Hugo deveria permanecer sob
seus cuidados, já que era o único parente que tinha. Sem entender a situação, o
garoto juntou sua pouca tralha (alguns brinquedos, o baralho e o caderno) e
seguiu o tio.
No
caminho para a estação, Claude contou ao sobrinho o que ocorreu no museu... O
menino Cabret concluiu que era o culpado pela tragédia que vitimou o pai,
afinal ele havia insistido para que consertasse o autômato... A permanência do
pai no museu devia-se unicamente àquilo... As dúvidas cresciam na cabeça do
garoto, mas, ao seu modo, o tio respondia a tudo... Hugo ficou sabendo que se
tornaria um “aprendiz cronometrista”... Aprenderia tudo o que fosse necessário
com o próprio tio e desempenharia o ofício na estação para onde seguiram... Mas e a escola? Hugo quis saber... O tio descartou completamente,
pois as tarefas seriam tantas que não haveria mais tempo para estudo em sua
vida... Claude falava essas coisas para o menino como se elas fossem as
melhores notícias que ele pudesse receber...
É
verdade que a família Cabret tinha tradição na confecção e conserto de
relógios... Mas ultimamente o garoto estava mais interessado nas artes mágicas,
e isso se devia ao contato que tivera com a “máquina extraordinária” e às
histórias que ouvira do pai... Porém naquele momento não havia alternativa e o
jeito foi se submeter à nova condição.
O
garoto gostou de aprender o trabalho com os relógios da estação. Trabalhava na
penumbra e até se divertia com o fato de ninguém saber que ele estava “atrás
das paredes”. O problema é que quase nunca tinha de que se alimentar, além de
receber castigos do tio quando cometia algum erro... Tio Claude era um beberrão
e, acomodado com a presença do sobrinho na execução das tarefas, começou a
ausentar-se com mais frequência e por períodos mais prolongados. Assim,
aconteceu que o tio desapareceu definitivamente... Simplesmente não voltou à
estação.
O menino Cabret pensou em fugir, mas temia os
castigos no caso de ser recapturado pelo tio... Na terceira noite depois do
desaparecimento, o garoto considerou que não tinha mais de ficar naquele lugar...
Em meio à cortante friagem, seguiu pelas escuras ruas e acabou chegando ao
museu incendiado... Apesar do isolamento que a polícia havia providenciado para
a área, Hugo decidiu adentrá-la... Viu os escombros de perto e certamente
pensou no drama sofrido pelo pai.
De
tanto olhar, o menino avistou o boneco autômato também bastante danificado... O
estado da máquina era desanimador e Hugo pensou em todo esforço de seu querido
pai... Ali bem à sua frente estava o objeto que causou a maior tragédia de sua
ainda curta existência... O menino virou as costas e começou a caminhar... Os
vários sons da noite escura o assustavam e ele só pensava no autômato... Então
voltou e, com grande esforço, recolheu as partes... Levou tudo para a instalação
de onde acabara de fugir.
Com
muitos arranhões e dores por todo o corpo, Hugo conseguiu acomodar o objeto mecânico
no assoalho do dormitório... Veio à sua mente a ideia de que deveria
consertá-lo... Achou bom que o tio houvesse desaparecido.
Mas
ele sabia bem que não podia fazer daquilo uma brincadeira sem consequências.
Deveria manter o objeto bem escondido... E mais! A ausência do tio não poderia
ser notada pelas autoridades locais... Se os relógios parassem de funcionar
certamente seria procurado pelo inspetor... Hugo sabia que seria descoberto e
enjaulado... Seria
encaminhado a um orfanato... Então, além de se dedicar ao conserto da máquina,
deveria fazer a manutenção de todos os relógios da estação... Deveria fazer
tudo isso “invisivelmente”, e ainda pegar os envelopes com os cheques-salários do
tio para não alimentar suspeitas sobre a sua ausência... Não, o menino não
tinha interesses nos vencimentos do tio e tampouco sabia como descontá-los...
Depois
de três meses trabalhando no autômato, Hugo conseguiu avanços significativos...
Reformou o boneco e pintou o seu rosto com expressão que lembrava a do próprio
pai... Enfim, a mão da criatura foi acondicionada novamente na escrivaninha...
Hugo começou a pensar que o pai poderia ter
alterado o mecanismo... De modo que, se fizesse a aparelhagem funcionar, ela revelaria
uma mensagem endereçada unicamente a ele... O boneco traria respostas às suas
muitas indagações e apontaria os caminhos a seguir... Mas sabemos que seus
esforços sofreram grande revés com a apropriação do velho lojista de brinquedos
da estação... É por isso que Hugo queria recuperar o caderno de todas as formas.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/10/a-invencao-de-hugo-cabret-de-brian_19.html
Leia:
A invenção de Hugo Cabret. Edições SM.
Um abraço,
Prof.Gilberto