Talvez
seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir.html antes de ler esta postagem:
Nadine retirou-se
para o quarto enquanto dizia que a mãe havia sido condescendente demais com
Marie-Ange... Reclamava que Anne nunca desculpava a própria filha... Lambert
ficou a sós com Anne e falou da situação como se tivesse sido culpado pelo
ocorrido... Para Anne estava tudo resolvido, então não havia motivos para ele se
preocupar. Ela recomendou ao moço que visitasse mais Nadine... Antes de se
despedir, Lambert teve tempo de dizer que, em sua opinião, Nadine não aceitava
muito bem a sua amizade... Sobre isso, Anne respondeu apenas que a filha
gostaria que ele telefonasse, apesar de a moça o ter orientado a não fazer isso... Segundo
Anne, a garota tinha a necessidade de segurança em relação às amizades para,
dessa forma, se envolver mais abertamente. Depois disso o rapaz seguiu para a
sua viagem ao exterior.
Na
sequência, Anne narra o início dos trabalhos da filha nos escritórios de Vigilance... De fato, Nadine surpreendia
e mostrava-se excelente secretária. O lançamento da revista havia sido um
sucesso e Robert Dubreuilh estava muito animado com Henri Perron, pois os
acertos para que L’Espoir se vinculasse ao SRL
estavam definidos... Anne se mostrava contente com a parceria entre os dois
companheiros, em sua opinião, dois verdadeiros amigos. Em suas reflexões surgiram
os nomes de Julien, Lenoir, dos Pelletier e dos Cange, todos muito bons, e com
os quais passavam bons momentos... Mas nada além disso... Charlier, antigo
companheiro socialista da época da Resistência estava em tratamento na Suíça...
Outros que se mantiveram fiéis ao partido não aceitaram as iniciativas de
independência política de Robert... Esse era o caso de Lafaurie... Assim, os
contatos políticos do marido eram com tipos mais jovens.
A
satisfação com o desempenho de Nadine levava Anne a animar-se também com os seus
afazeres na clínica... A alegria se completava ao ver que Robert parecia ter
encontrado o equilíbrio necessário entre sua produção intelectual e a ação...
Ele costumava dizer que sua obra estaria no futuro e que encarava com otimismo
a nova geração. Então, aqueles valores tão caros anteriormente (verdade,
liberdade, moral individual, literatura, pensamento) deveriam ser reinventados...
Anne via que o marido acreditava numa revolução “ao nível das intenções
humanistas”... Sabia que isso não ocorreria sem traumas, mas seguia
animadamente apostando numa melhor condição do “homem do futuro”... Sem
compartilhar do otimismo de Jaurès (talvez uma referência a Jean Jaurès que
fundou o jornal socialista L’Humanité
em 1904).
As reflexões de Anne permitem que conheçamos a
evolução de dois de seus pacientes: a “moça de cabelos brancos” havia feito
inscrição no Partido Comunista, "resolvida", passara a dormir e conseguiu muitos
amantes com os quais bebia sem moderação; o “pequeno Fernand” havia feito um
desenho de uma casa de campo com janelas e portas, e não havia desenhado
grades...
Checando
a correspondência, Anne abre uma carta de Romieux... Tratava-se de um convite
para um Congresso de Psicanálise que ocorreria em Nova Iorque. A viagem renderia
a ela a realização de conferências na Nova Inglaterra, Chicago e Canadá... Sua
primeira reação foi a de refutar... Pensou que um de seus prazeres era viajar,
mas isso era evento que cultivava no passado... Sinceramente
lamentou que o destino fosse Nova Iorque, gostaria que fosse Bélgica ou
Itália... Isso à parte, o convite deixou-a lisonjeada e ao mesmo tempo
incrédula... Não seria uma brincadeira dos doutores de seu círculo? Decidiu
seguir até a casa Mauvanes para conversar com Dubreuilh e clarear as ideias.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/10/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir.html...
Leia:
Os Mandarins. Editora
Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto