No dia seguinte após os episódios do cinema e da correria pela estação, Hugo chegou atrasado para o trabalho na loja de brinquedos. O velho Georges largou as cartas de baralho e seguiu em sua direção... Estava furioso e logo disparou que o garoto devia devolver-lhe o caderno. Falou que Hugo teve a ousadia de entrar em sua casa para descobrir onde o caderno estava para roubá-lo. É claro que o menino Cabret não tinha nada a ver com aquilo, mas intimamente sabia que Isabelle conseguira o que havia prometido... Ao mesmo tempo em que demonstrava irritação, Georges lamentava ao dizer que iria devolver o caderno e que até tinha alguma afeição por Hugo... Não entendia como é que o menino teve coragem de reaparecer na loja.
Hugo nada podia falar e viu Isabelle aparecer atrás do tio... Ele notou que ela estava com o caderno. Enquanto Georges exigia que ele se retirasse dali, o menino insistiu que ao menos poderia abraçar a amiga... E foi isso o que fez. Ao aproximar-se dela, deu-lhe um abraço enquanto ouviu-a perguntar sobre os desenhos do caderno... Ele protestou e disse que ela não poderia olhar as páginas. A menina guardou o caderno no bolso no mesmo momento em que ele saiu em fuga pelo corredor, pois percebeu que o velho Georges já estava bem perto dele.
A verdade é que, enquanto abraçava Isabelle, Hugo conseguiu tirar a correntinha dela com a chave que tanto o intrigou no dia anterior... Fez o seu caminho em direção ao quarto, apressou-se em iluminá-lo com velas e posicionou o autômato...

Ele sabia que ao encaixar a chave que trazia poderia acontecer qualquer coisa... Inclusive nada ocorrer... Lembrou-se que quando resgatou o autômato do prédio incendiado, nenhuma chave foi encontrada... Sendo assim, a original estava perdida... Algo lhe dizia que aquela que pertencia a Isabelle poderia fazer funcionar o mecanismo...
No instante mesmo em que encaixou a chave para girá-la, Isabelle escancarou a porta do alojamento... Ela foi para cima dele e exigiu que devolvesse a chave... Hugo se debatia para se defender dos golpes da garota e pedia que ela se fosse...
A menina lutava e perguntava sobre que lugar era aquele... Hugo respondia que era segredo... Ela dizia que, estando ali, já não havia segredo... Ele falou que vivia ali e isso era tudo, então ela podia deixá-lo... Só depois de algum tempo é que ela notou o boneco instalado e reconheceu que o desenho do caderno representava aquela máquina. Quis saber o que estava acontecendo...
Hugo explicou que o pai havia feito o objeto para ele (mentiu para acabar com o assunto)... Isabelle mostrou indignação ao dizer que não fazia sentido crer que sua chave daria funcionamento à máquina... Nem o próprio Hugo conseguiu arranjar explicação para aquilo... Ela falou que ele não precisava roubar a chave, pois se ele a pedisse, ela emprestaria... Curiosa como ficou, Isabelle quis que ele funcionasse a máquina, mas Hugo disse que queria estar sozinho quando “desse a partida” no boneco.
Antes que ele pudesse evitar, Isabelle dirigiu-se à chave e girou-a várias vezes. O menino ainda argumentou que não havia tinta... Então ele mesmo pegou um pequeno frasco e despejou um pouco no tinteiro da escrivaninha. E não é que o mecanismo começou a funcionar?
Na sequência vemos uma ilustração de duas páginas... A fisionomia das crianças é de espanto ao observar os movimentos do autômato... O boneco tinha o tinteiro na mão esquerda, e na direita segurava uma pena... As várias peças (uma corda, engrenagens, discos, varetas, peças em formato de martelo) entraram em ação e os dois viram ombro e pescoço do boneco girarem; cotovelo e punhos foram ativados... A mão da máquina começou a se movimentar... O boneco realizava os movimentos como se estivesse escrevendo... Nova série de ilustrações e vemos o boneco fazer rabiscos aparentemente desconexos.
Hugo desesperou-se... Quase que aos berros, pediu o caderno para conferir os desenhos do pai... Mas estava tudo certo... E então entendeu que a ideia de dar prosseguimento ao projeto talvez fosse perda de tempo... Não haveria mensagem alguma deixada por seu pai... O menino se instalou num canto do quarto, cabisbaixo, concluía que não havia mais nada a ser feito. Enquanto isso, Isabelle permanecia atenta aos rabiscos do boneco... De repente ela notou que, em vez de um texto, o boneco produzia um desenho. De tão admirada, não conseguiu soltar a voz.

Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/10/a-invencao-de-hugo-cabret-de-brian_31.html
Leia: A invenção de Hugo Cabret. Edições SM.
Um abraço,
Prof.Gilberto