quinta-feira, 11 de outubro de 2012

“A Moreninha”, de Joaquim Manuel Macedo – impedido pelo pai de visitar Carolina, Augusto adoece; a Moreninha padece a dor da incerteza e da ausência

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/10/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_10.html antes de ler esta postagem:

Não podemos dizer que Augusto contasse com uma revelação explícita de Carolina sobre seus sentimentos em relação a ele. Mas o seu coração apaixonado levava-o a concluir que era deveras correspondido pela amada... Aconteceu, porém, que ao retornar do segundo domingo consecutivo em que visitara a sua amada, encontrou o pai em seus aposentos de estudante de quinto ano de Medicina. Advertido por conhecidos, o pai de Augusto ficou sabendo que o filho estava desorientado em relação aos estudos, assim resolveu que se desligaria um pouco dos assuntos rurais para dedicar-se ao moço... Seu método foi o de “prender o rapaz” em casa para que retomasse a rotina dos estudos. No sábado, Augusto solicitou permissão para viajar para Paquetá, mas o velho não permitiu.
Então o rapaz teve uma recaída notória. Trancafiou-se no quarto, não quis ver ninguém e recusou-se a comer... O pai quis aproximar-se dele, mas Augusto permaneceu acamado... E, ao pressentir que seria incomodado, fingia dormir. Os livros foram desprezados... Em suas reflexões só Carolina surgia idealizada... O rapaz adoeceu e o médico foi chamado, mas não havia diagnóstico. Tampouco seus amigos conseguiam definir o que se passava com ele... Augusto empalidecia e ficava cada vez mais prostrado... Enfim, o pai de Augusto decidiu ter uma conversa mais franca, de homem para homem, com o filho.
(...)
Devemos considerar também a condição de Carolina... A garota ficou ansiosa pela chegada do domingo para rever o amado. Desde cedo permaneceu no rochedo para avistar a embarcação dele... Mas acabou frustrada porque o outro, sem que ela soubesse, ficou impedido de visitá-la... Então o seu dia foi triste... Para ela, nada agradava... Não se alimentou, isolou-se, deitou-se, mas não dormiu... Sua semana foi de amarguras... Levantava-se cedo e recolhia-se ao rochedo onde cantava a balada de Ahy.
Dona Ana não conseguia consolá-la... A velha bem sabia do que a neta padecia, mas não ousava incomodá-la com palavras que sugerissem que ela soubesse do tormento de paixão que a menina estava vivendo... Na sexta-feira, dona Ana recebeu uma carta do Rio de Janeiro e depois acolheu a visita de um amigo da família, com quem conversou por duas horas. Depois disso, dona Ana procurou a neta, que passeava pela praia... Disse-lhe apenas “esperança!”... Carolina respondeu “esperarei”. E ficaram nisso.
No sábado, Carolina estava melhor... Porém condoía-se de ciúme. Ela só conseguia pensar na “inconstância” do amigo e em seu desaparecimento sem explicação. Dona Ana resolveu compartilhar com ela as notícias que Filipe havia enviado... Contou que Augusto estivera muito adoentado... Embora apresentasse alguma recuperação, seu estado inspirou muitos cuidados durante aquela semana... Ao ouvir essas palavras, Carolina sentiu-se bem mais aliviada... É claro que se preocupou com o estado de saúde do amado, mas as notícias justificavam a sua ausência no último fim de semana. Decerto, não fosse sua condição precária, teria cumprido a promessa do último domingo. A menina voltou  a se sentir feliz.
Leia: A Moreninha. Série Reencontro – Literatura. Editora Scipione.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas