segunda-feira, 15 de outubro de 2012

“A Moreninha”, de Joaquim Manuel Macedo – últimas considerações

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/10/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo-o.html antes de ler esta postagem:

Então, o que podemos sugerir?
Já foi registrado aqui que o texto adaptado por Renata Pallotini é satisfatório... A leitura segue bem tranquila (bem mais tranquila que o original de Joaquim Manuel de Macedo). Isso é compreensível, mas não podemos substituir o original...
A sugestão que fica é a de, terminada a leitura da adaptação, iniciar o texto de Macedo... Fluirá mais facilmente... Embora, ainda assim, vez ou outra a consulta ao dicionário seja necessária. Este exercício, e o de comparar trechos dos dois textos, levam-nos a uma compreensão mais apurada do conteúdo.
Trata-se de um material obrigatório... As leituras colocam o estudante em contato com uma obra clássica do Romantismo.
(...)

A leitura de A Moreninha contribui para o aprendizado das características do gênero literário em questão... Numa época em que a leitura era restrita aos mais abastados, Macedo conseguiu cativar o seu público também porque o cotidiano que apresentava em seus romances era bem comum e repleto do sentimentalismo próprio das novelas... Tudo dá certo no final...
Na lenda da “jovem índia Ahy apaixonada por Aoitin”, que a personagem dona Ana (avó de Carolina e Filipe) conta a Augusto, percebemos o “recorte nativista” de exaltação da natureza local que os escritores românticos brasileiros buscaram em seus textos... Também as características físicas da graciosa protagonista Carolina, chamada de Moreninha, valorizam a “identificação do tipo nacional”.
(...)
Isso à parte, não podemos deixar de considerar outras questões que naturalmente chamarão a atenção dos jovens leitores (a partir dos 13 anos - sugestão da Série Reencontro)... Sem dúvida, a que diz respeito aos costumes será a mais evidente. Certamente os adolescentes compararão a sua vivência com as de moços e moças do século XIX e emitirão suas opiniões sobre muitas mudanças... Então, outro exercício necessário será o de nos distanciarmos de nossos costumes para conhecer aqueles que estão distantes no tempo... Isso se tornará menos traumático se inserirmos a narrativa no contexto político e social do país (início do Segundo Reinado; a corte no Rio de Janeiro; elite e escravismo)...
É claro que a ficção deixa escapar a realidade social da corte... Dessa forma, podemos extrair algumas conclusões sobre o modo de vida dos mais ricos, as aspirações e afazeres de moços e moças da alta sociedade...
Notamos que bem perto dessa vivência estão alguns cotidianos escravos... O texto proporciona um “contato mais próximo” a partir dos exemplos da ama-de-leite Paula (de Carolina), e do “moleque” Rafael, que pertencia a Augusto. O modo como esses eram tratados não serve de modelo que caracteriza a vida da maioria dos escravos... Sua realidade era bem mais árdua...
Um abraço,
Prof.Gilberto

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