quarta-feira, 10 de outubro de 2012

“A Moreninha”, de Joaquim Manuel Macedo – Série Reencontro – por mais dois domingos seguidos, Augusto visita Paquetá

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/10/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_7.html antes de ler esta postagem:

Augusto chegou à ilha de Paquetá na manhã de domingo. Ao longe avistou um vulto feminino num vestido branco sobre os rochedos... Pelo visto os dois corações ansiavam pelo reencontro e mal conseguiram dormir. Mas quem o recebeu foi dona Ana, que disse que todos na casa estavam menos alegres, e que esse era também o caso de Carolina... A moça quis “desconversar”... Filipe falou que entre os amigos estudantes também havia tristeza depois dos dias festivos de Santa Ana... Principalmente da parte deste que acabara de chegar, reforçou... Dona Ana quis saber do visitante se era verdade, e ele respondeu que sua nova visita em tão breve intervalo respondia à questão.
Logo estavam à mesa e conversando sobre diversas situações. De repente passaram a tratar de um lencinho que estava nas mãos de Carolina... Comentaram sobre o bordado que, para Augusto, constituía-se numa “obra de arte”. A garota, mostrando-se modesta e fazendo charme, disse que qualquer um poderia fazer um bordado como aquele. O rapaz deixou-se levar pela conversa e respondeu que ele mesmo não tinha o dom. A Moreninha disse que podia ensiná-lo. E não é que combinaram o início das “aulas” para depois de uma hora?
Chegado o momento combinado, Filipe e Augusto se divertiam jogando gamão... Então ouviram uma campainha. Pois era Carolina advertindo o seu aprendiz sobre o início dos exercícios com a agulha. O casal retirou-se para a sala. Filipe falou ao amigo que sairia para caçar e estava convidando-o... Augusto recusou, preferindo permanecer com sua “mestra”, como ela mesma recomendou ser reconhecida.
Durante os delicados exercícios com linha, agulha e dedal, o desajeitado Augusto demonstrava completa inabilidade e se atrapalhava constantemente com as “ferramentas”... Decidiram que seus erros deviam ser motivos de castigo, mas os dois acabavam trocando olhares ardentes e nenhum castigo acontecia. Numa certa ocasião, quando Augusto abaixou-se para pegar o dedal, acabou tocando o pezinho de Carolina... Tudo muito acanhado, mas a ponto de explodir em gestos de intensa paixão... Os dois se controlaram e puderam passar o resto do dia passeando pelo jardim e pela praia... Ele a chamava “minha mestra”, ela o chamava “meu aprendiz”. Na madrugada seguinte, triste ao partir, Augusto disse-lhe “até domingo!”
E no domingo seguinte, conforme o prometido, Augusto voltou a Paquetá... De fato, já não se lembrava mais de camafeu ou promessas à “sua mulher” do longínquo passado... Novamente ele vê ao longe a figura duma mulher em vestido branco... Mas dessa vez Carolina desce do rochedo para recebê-lo... Caminham em direção à casa e já pensam no momento mais íntimo que poderiam ter, o das lições de bordado... Então vamos a ele.
Passaram a parte da manhã normalmente, almoçaram e logo os dois estavam instalados na sala para a aula de bordado. Augusto devia apresentar à mestra uma tarefa que ela havia recomendado a ele... Durante a semana tinha de bordar um nome. E para a surpresa de Carolina, Augusto apresentou-lhe um fino lenço com o nome dela nos quatro cantos. E mais! Bem no centro estava bordado “Minha bela mestra”... Obviamente o rapaz esperava a aprovação de Carolina, mas não foi isso o que aconteceu.
A Moreninha ficou encolerizada e afirmou que nenhum homem conseguiria fazer tão perfeito e delicado trabalho... Ela concluiu que alguma moça teria feito a tarefa para ele... Sua raiva também se justificava na medida em que considerava que aquilo era uma peça que a ridicularizava... Tanto enfezou-se que dona Ana surgiu para saber o que ocorria... Carolina contou à avó as suas conclusões e, indignada, pôs-se a chorar e a dizer que queria saber qual era o nome da cúmplice de Augusto... Com o rosto cheio de lágrimas, perguntou diretamente a ele... Augusto, certamente chateado, disse que não sabia... Falou apenas que queria render-lhe uma homenagem e que encomendou o bordado a uma velha bordadeira. Carolina quis saber se ele havia ganhado o lenço... Ele respondeu que havia comprado. Então a moça decidiu que iria rasgá-lo... E foi isso o que fez... Mais calma, pediu desculpas ao rapaz e ofereceu a ele um lenço em que havia bordado o nome dele...
Augusto quis retornar às aulas, mas ela decidiu que não servia para ser mestra. Mas sugeriu apresentar-lhe suas bonecas, algo que “justificava sua criancice”... E o resto do dia foi assim, Augusto (um estudante de quinto ano de Medicina) se entreteve com Carolina e suas inúmeras bonecas... O que o amor não faz aos corações apaixonados...
À tarde fizeram passeios pela praia e jardim... Mas dona Ana estava sempre presente... O casal de namorados ia à frente, enquanto ela e o neto Filipe, braços dados, mais atrás... Conversavam assuntos miúdos, sobre o namoro dos pássaros... Se poderia haver “amor feliz”... Era em ocasiões assim que falavam da própria relação... O moço queria revelar-se apaixonado por ela... Ela dava mostras de que não se sentia segura... Assim, à pergunta dele sobre se ela amava alguém, respondia que não sabia ainda... Talvez, um dia, diria o nome de seu amado... Augusto queria saber se o felizardo era alguém que “ostentava ser volúvel”... Insistia e queria saber se poderia ser ele o amado de Carolina... Ela apenas apertou mais fortemente a sua mão... E disse, quase murmurando, “talvez”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/10/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_11.html
Leia: A Moreninha. Série Reencontro – Literatura. Editora Scipione.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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