Talvez
seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/10/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_7.html antes de ler esta postagem:
Augusto chegou à ilha de Paquetá na manhã de
domingo. Ao longe avistou um vulto feminino num vestido branco sobre os
rochedos... Pelo visto os dois corações ansiavam pelo reencontro e mal
conseguiram dormir. Mas quem o recebeu foi dona Ana, que disse que todos na
casa estavam menos alegres, e que esse era também o caso de Carolina... A moça
quis “desconversar”... Filipe falou que entre os amigos estudantes também havia
tristeza depois dos dias festivos de Santa Ana... Principalmente da parte deste
que acabara de chegar, reforçou... Dona Ana quis saber do visitante se era
verdade, e ele respondeu que sua nova visita em tão breve intervalo respondia à
questão.
Logo estavam à mesa e
conversando sobre diversas situações. De repente passaram a tratar de um
lencinho que estava nas mãos de Carolina... Comentaram sobre o bordado que, para
Augusto, constituía-se numa “obra de arte”. A garota, mostrando-se modesta e
fazendo charme, disse que qualquer um poderia fazer um bordado como aquele. O
rapaz deixou-se levar pela conversa e respondeu que ele mesmo não tinha o dom.
A Moreninha disse que podia ensiná-lo. E não é que combinaram o início das “aulas”
para depois de uma hora?
Chegado o momento
combinado, Filipe e Augusto se divertiam jogando gamão... Então ouviram uma
campainha. Pois era Carolina advertindo o seu aprendiz sobre o início dos
exercícios com a agulha. O casal retirou-se para a sala. Filipe falou ao amigo
que sairia para caçar e estava convidando-o... Augusto recusou, preferindo
permanecer com sua “mestra”, como ela mesma recomendou ser reconhecida.
Durante os delicados
exercícios com linha, agulha e dedal, o desajeitado Augusto demonstrava
completa inabilidade e se atrapalhava constantemente com as “ferramentas”... Decidiram
que seus erros deviam ser motivos de castigo, mas os dois acabavam trocando
olhares ardentes e nenhum castigo acontecia. Numa certa ocasião, quando Augusto
abaixou-se para pegar o dedal, acabou tocando o pezinho de Carolina... Tudo
muito acanhado, mas a ponto de explodir em gestos de intensa paixão... Os dois
se controlaram e puderam passar o resto do dia passeando pelo jardim e pela
praia... Ele a chamava “minha mestra”, ela o chamava “meu aprendiz”. Na
madrugada seguinte, triste ao partir, Augusto disse-lhe “até domingo!”
E no domingo
seguinte, conforme o prometido, Augusto voltou a Paquetá... De fato, já não se lembrava
mais de camafeu ou promessas à “sua mulher” do longínquo passado... Novamente
ele vê ao longe a figura duma mulher em vestido branco... Mas dessa vez
Carolina desce do rochedo para recebê-lo... Caminham em direção à casa e já
pensam no momento mais íntimo que poderiam ter, o das lições de bordado...
Então vamos a ele.
Passaram a parte da manhã
normalmente, almoçaram e logo os dois estavam instalados na sala para a aula de
bordado. Augusto devia apresentar à mestra uma tarefa que ela havia recomendado
a ele... Durante a semana tinha de bordar um nome. E para a surpresa de
Carolina, Augusto apresentou-lhe um fino lenço com o nome dela nos quatro
cantos. E mais! Bem no centro estava bordado “Minha bela mestra”... Obviamente
o rapaz esperava a aprovação de Carolina, mas não foi isso o que aconteceu.
A Moreninha ficou encolerizada e afirmou que
nenhum homem conseguiria fazer tão perfeito e delicado trabalho... Ela concluiu
que alguma moça teria feito a tarefa para ele... Sua raiva também se
justificava na medida em que considerava que aquilo era uma peça que a
ridicularizava... Tanto enfezou-se que dona Ana surgiu para saber o que
ocorria... Carolina contou à avó as suas conclusões e, indignada, pôs-se a
chorar e a dizer que queria saber qual era o nome da cúmplice de Augusto... Com
o rosto cheio de lágrimas, perguntou diretamente a ele... Augusto, certamente
chateado, disse que não sabia... Falou apenas que queria render-lhe uma
homenagem e que encomendou o bordado a uma velha bordadeira. Carolina quis
saber se ele havia ganhado o lenço... Ele respondeu que havia comprado. Então a
moça decidiu que iria rasgá-lo... E foi isso o que fez... Mais calma, pediu
desculpas ao rapaz e ofereceu a ele um lenço em que havia bordado o nome
dele...
Augusto quis retornar às
aulas, mas ela decidiu que não servia para ser mestra. Mas sugeriu
apresentar-lhe suas bonecas, algo que “justificava sua criancice”... E o resto
do dia foi assim, Augusto (um estudante de quinto ano de Medicina) se entreteve
com Carolina e suas inúmeras bonecas... O que o amor não faz aos corações
apaixonados...
À tarde fizeram passeios
pela praia e jardim... Mas dona Ana estava sempre presente... O casal de
namorados ia à frente, enquanto ela e o neto Filipe, braços dados, mais
atrás... Conversavam assuntos miúdos, sobre o namoro dos pássaros... Se poderia
haver “amor feliz”... Era em ocasiões assim que falavam da própria relação... O
moço queria revelar-se apaixonado por ela... Ela dava mostras de que não se
sentia segura...
Assim, à pergunta dele sobre se ela amava alguém, respondia que não sabia
ainda... Talvez, um dia, diria o nome de seu amado... Augusto queria saber se o
felizardo era alguém que “ostentava ser volúvel”... Insistia e queria saber se
poderia ser ele o amado de Carolina... Ela apenas apertou mais fortemente a sua
mão... E disse, quase murmurando, “talvez”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/10/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_11.html
Leia: A Moreninha. Série Reencontro – Literatura. Editora Scipione.
Um abraço,
Prof.Gilberto