sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Questões para reflexão sobre os fragmentos de "Operário em construção"




Sugiro a leitura dessas considerações abaixo antes de pensarmos as questões que elaborei para os alunos refletirem os fragmentos de Operário em construção apresentado ontem (http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2010/12/poema-de-vinicius-de-moraes-operario-em.html):

Podemos dizer que inicialmente houve a produção artesanal dos bens... O artesão é alguém que conhece todas as etapas daquilo que produz... As ferramentas utilizadas pertencem a ele... O negócio que eventualmente venha a fazer trará para ele os valores que (ele) acabou definindo ou aceitando... Proporcionará sua subsistência...

No processo de evolução do Capitalismo, esse modo de produzir foi sufocado pelas manufaturas (as oficinas em que as etapas da produção passaram a ser desempenhadas por artesãos diferentes)... As manufaturas tornaram a produção maior e mais rápida... Ela ainda não é a fábrica... Nela os produtos são “feitos à mão”... Porém a manufatura foi importante para o processo de surgimento das fábricas... Tanto é que a partir do momento em que máquinas são inventadas e introduzidas nas manufaturas temos o aparecimento das primeiras fábricas. Então a velocidade e a quantidade do que é produzido tornam-se “revolucionárias”...

O fato de a fábrica contratar o operário para exercer sempre a mesma e repetitiva função numa linha de montagem (na imagem temos a linha de montagem apresentada em Tempos Modernos, de Charles Chaplin), torna-o desqualificado... Ele não conhece todo o processo de produção como os artesãos de antigamente... Ele troca sua força de trabalho por um salário muito baixo. Se sujeita a isso porque é levado a crer que qualquer um pode exercer sua função na linha de montagem. E, de fato, há um grande contingente proletariado que se torna mão-de-obra barata para a exploração realizada pelos capitalistas... Os donos das fábricas têm o lucro, os que “planejam a produção” têm os melhores salários...


Ao operário restou a Alienação do Trabalho, que pode ser entendida pela somatória de todos esses fatores anteriormente elencados. Ele passará a vida inteira trabalhando e provavelmente nunca terá condições de adquirir aquilo que ajuda a produzir na fábrica. Muitos serão levados a crer que seu trabalho não produz riqueza...


As questões propostas:

* Como podemos interpretar o poema?

* Por que seu título é “Operário em construção”?

* Quais são as reflexões feitas pelo operário?

* Percebemos alguma “ruptura” com a alienação do trabalho? Como isso ocorre?


As questões contribuem para a reflexão dos temas relacionados à Revolução Industrial e não são de difícil compreensão... Num eventual debate, podemos mostrar que na medida em que ele reflete sobre a sua importância para a vida de todos, sobre a riqueza que ajuda a construir, constrói sua identidade e sua consciência. Assim, valorizando-se, pode romper com a alienação do trabalho.


Um abraço,

Prof.Gilberto

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