Já que ontem relatei um pouco sobre o Sarau Astronômico no CCSP, resolvi escrever sobre aquele espaço.
O Centro Cultural, 1000 da Vergueiro, marcou a vida de muita gente... Posso dizer que a minha também. Lembro-me de que desde que foi inaugurado nos anos 1980, na época da transição da Ditadura Militar para a “Nova República”, participávamos de seus eventos... A efervescência política e cultural do momento atingia em cheio aquela localidade... Muitos afluíam para lá em busca de teatro, música, poesia, audição de músicas raras, exposições diversas e cinema. Haveria muito a relatar aqui, mas o que me vem à cabeça são o movimento punk e as discussões sobre pós-modernidade... Preciso escrever sobre isso algum dia...
Assisti a apresentações inesquecíveis (Walter Franco, O Terço, Arrigo Barnabé...)... Espaços, como a sala Adoniran Barbosa aí ao lado, eram cedidos a jovens bandas que atualmente são consagradas (Ira!, Paralamas, Titãs, Capital Inicial, Ultraje...). Lembro que muitos colegas vaiavam demais essas apresentações... Do outro lado da Vergueiro havia muitos bares... Muito mais do que há hoje... Esses locais também eram concorridos ambientes de música ao vivo. Lembro de ocasiões em 1986, época do Plano Cruzado, em que os barulhentos ambientes ficavam enfumaçados por causa dos fumantes, e as mesas abarrotadas de garrafas de ½ cerveja. Isso acontecia porque o Plano Econômico gerou certo colapso no abastecimento devido a boicotes de fornecedores que queriam o ajuste dos preços... Isso é outra conversa... Na memória vêm as cenas como se de um filme fossem...
Não deixei de frequentar o CCSP depois que alterei o “estado civil”. Muito pelo contrário. O pessoal aqui de casa também curte os eventos.
Em certa ocasião escrevi no blog da Emef Teodomiro sobre alguns eventos que ocorriam na biblioteca infanto-juvenil durante o mês de setembro (contação de estórias aos sábados e domingos, infância de Monteiro Lobato e d. Quixote, alternadamente...). Não dá para imaginar que aquela meninada vai começar a freqüentar o CCSP só porque a gente diz que é bom. Primeiro porque a distância é quase a de uma viagem para eles; em segundo lugar porque os que gostam de eventos culturais têm opções mais próximas (há o Circo Escola, o SESC Interlagos, o CEU Dutra,...). Mas eu fico imaginando que é bom que saibam que existe este espaço cultural público, que pode ser explorado por eles futuramente... Essas considerações também valem para os alunos do Casais, é claro.
Um abraço,
Prof.Gilberto
