quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Questão sobre fragmentos de O Pequeno Príncipe - O quinto planeta

Conforme havia afirmado na última postagem (http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2010/12/o-pequeno-principe-fragmentos.html), por hoje estou deixando aqui a questão que a professora Mariana Sales propôs para a reflexão de O quinto planeta, fragmentos de O Pequeno Príncipe. Segue, ainda, a reposta que formulei para aquela ocasião...

É claro que os fragmentos sugeridos podem nos levar a várias interpretações, inclusive aquelas sobre o difícil convívio com os demais, os egoísmos, as vaidades... Aqui, o foco é o do trabalho e a submissão da pessoa à produção. Veremos que minha redação de outubro de 2007 pode ser relacionada a outros textos tratados neste blog (notadamente em http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2010/12/questoes-para-reflexao-sobre-os.html)... A resposta para a questão é muito maior do que aqui aparece. Em primeiro lugar porque a leitura da íntegra seria enfadonha... Depois porque a parte que destaquei é de mais fácil análise...

Segue a questão formulada pela professora Mariana:
Faça uma análise do fragmento de texto do Pequeno Príncipe com uma breve reflexão sobre o tema do trabalho.

A resposta:
(...)

O fragmento de “O Pequeno Príncipe” mostra-nos o seu contato com uma espécie homo faber alienado. Temos uma “alegoria do trabalhador condicionado”, que dia após dia repete os seus movimentos sem maiores indagações. As atividades que desenvolve (acender e apagar o lampião) são tão repetidas e determinadas por certos estímulos que ele mal percebe... Sequer descansa!

Os estímulos recebidos são o alvorecer e o por do Sol. Ao por do Sol ele acende o lampião e, ao alvorecer, deve apagá-lo. O seu drama tem a ver com a “breve” órbita regular que o seu planeta desenvolve, de modo que, quando o Pequeno Príncipe o encontra, os dias e noites são muito curtos e sucedem-se tão rapidamente que durante poucos minutos de conversa ele teve de acender e apagar o lampião por diversas vezes.

A “alegoria” do acendedor de lampião lembra-nos a figura do Charles Chaplin na fábrica de Tempos Modernos. Tão condicionado tornou-se às atividades, que o seu corpo e seus gestos eram quase uma extensão da própria máquina. No limite, o trabalhador “desumaniza-se”, enlouquece, não mais se relaciona. Aquele que quer encontrar um amigo, um alguém com quem possa compartilhar a existência, as alegrias e fardos (o Pequeno Príncipe) não consegue entender por que o tipo só dá atenção às suas atividades tão reguladas pelos estímulos condicionadores.

O que está condicionado ao “acender e apagar” lampião só pode mesmo viver no isolamento de um “planetinha”, do qual ele parece ser a extensão, já que limitado está às obrigações do "regulamento" que deve obedecer. E é isso o que faz há muito tempo e o que continuará a fazer.

Um abraço,

Prof.Gilberto

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