Como vimos, Péricles e Nancy costumavam sair à
noite para se divertir... Fizeram isso por várias noites enquanto Alvarez
passava o seu tempo trabalhando disfarçado de mendigo ou em seu “escritório”
localizado no casarão apresentado ao Barata.
A noite em que
Alvarez apresentou suas dependências ao amigo não foi diferente... Péricles e
Nancy passaram bons momentos. Mas dessa vez os dois tiveram uma conversa franca
na grande sala da mansão. O rapaz estava disposto a fugir com a amada e
garantiu-lhe que havia ganhado $10.000 para viajarem no dia seguinte a
Montevidéu, onde se casariam, e de lá partiriam para uma nova e promissora vida
em Nova York. O rapaz mostrou-se determinado e salientou que, se Nancy
declinasse do convite, partiria sozinho.
Neste mesmo momento a porta se abriu... Alvarez chegava animado com os
últimos acontecimentos... Os vários papéis que trouxe para casa tinham a ver
com “ações preferenciais” e, como ele mesmo havia dito ao Barata, seriam objeto
de muito trabalho para o resto da noite.
Ele
colocou pastas e chapéu numa das poltronas da grande sala, e foi do espelho
situado numa parede logo atrás que viu Nancy e o visitante. Cumprimentou-os com
um “boa noite”... Nancy adiantou-se e respondeu com um “bom dia”, insinuando
que ele havia chegado bem mais cedo do que o de costume. Ele concordou
acrescentando que esperava que ela não o julgasse mal por isso.
Nancy devolveu-lhe o
mesmo juízo... Esperava que também ele não a julgasse mal. Evidentemente já se
referia à presença do estranho em momento inapropriado e por isso ia apresentá-lo.
Péricles adiantou-se e fez isso ele mesmo. Alvarez salientou que não havia
necessidade de maiores cerimônias, já que os amigos de sua esposa eram também
seus amigos. Na sequência perguntou ao visitante se ele estava bem... Péricles
respondeu afirmativamente e anunciou que já estava de saída. Gentilmente,
Álvares pediu-lhe que ficasse um pouco mais. Eles podiam ficar à vontade
enquanto ele se dirigia ao escritório da casa revelando que tinha muito
trabalho.
(...)
No
caminho, e novamente diante do espelho, Alvarez parou e começou a falar a
respeito do nome especial do outro... Era uma honra ter “Péricles” em sua casa.
E foi então que passou a se referir ao histórico estadista e guerreiro
ateniense. Fez vários elogios à personagem importante e inteligente entre os
gregos... Falou sobre o “século de Péricles” e dos muitos sábios que viviam na
imortal Atenas.
Nancy e seu convidado
ficaram calados e estáticos enquanto o dono da casa assumia ares professorais ao
pedir-lhes que não estranhassem o fato de ele conhecer tudo aquilo. Cravou que
talvez o rapaz até visse nele um conterrâneo... Disse isso e se apresentou como
Sócrates, o filósofo.
Péricles, o
Richardson, agradeceu as palavras instrutivas e, ao mesmo tempo, sem participar
de qualquer dissimulação, lembrou que não se tratava do Péricles ao qual o
senhor Alvarez se referia. Este pediu desculpas e garantiu que o equívoco se
devia pela coincidência do nome. Mas então, o moço tinha um sobrenome e isso é o
que acabava estragando a “graça das coisas”... Falou sobre isso e citou o caso
de Napoleão, que se imortalizou na História como o Péricles de Atenas... Um “Napoleão
Alvarez” nada tem a ver com o histórico. Mas é claro!
Nancy entendia que o marido estava se divertindo... Interveio perguntando
se tinha direito de pedir-lhe algo. Alvarez respondeu que seus desejos eram
como ordens, então ela pediu-lhe que tratasse com consideração as pessoas que ela
estimava. Ele respondeu que acreditava que o senhor Péricles tivesse senso de
humor... Nancy concordou dizendo que exatamente por isso o convidado não lhe
respondera a piada de mau gosto. Emendou que Péricles era mais que um amigo
para ela.
Alvarez quis saber o que era então o “mais que um amigo”... Nancy
respondeu que se tratava de um parente. Disse que depois explicaria melhor e
que quando o marido chegou os dois falavam de coisas muito importantes para ela,
e foi devido a tais assuntos que havia permitido que ele entrasse. No mesmo
momento, Alvarez virou-se para Péricles pedindo-lhe “mil desculpas” e que
esquecesse sua filosofia imprópria para fazer piadas. Depois disse que o rapaz
podia se sentir em sua própria casa.
Péricles agradeceu...
Nancy anunciou que se
retiraria, pois não se sentia bem.
Alvarez
disse que iria ao escritório para trabalhar.
Indicação (não informada)
Um abraço,
Prof.Gilberto