Nancy se despediu de Péricles com um aperto de
mão. Disse-lhe que estava interessada em saber como as coisas que haviam
falado se acertariam... Obviamente isso foi uma indicação de que estava
disposta a romper com Alvarez e aceitar o plano de fuga.
Ela subiu as escadas
e quando Péricles se preparava para deixar a casa, Alvarez pediu-lhe para esperar.
(...)
Alvarez solicitou ao outro que entrasse em seu escritório. Foi dizendo
que esperava uma explicação lógica... O que o homem fazia àquela hora em sua casa
a sós com sua esposa? O que falavam de tão importante?
Péricles
afirmou que Nancy já havia lhe dito anteriormente... Mas Alvarez não aceitou a
resposta e disse que não sabia quem era ele, qual o seu nome ou por que viera à
casa... Péricles respirou fundo e começou a dizer o motivo de sua presença na
casa. Somos levados a imaginar que ele falaria sobre o amor que nutria por Nancy,
mas não foi isso o que fez.
(...)
Muito desconfiado,
Alvarez trancou a porta... Exigiu a verdade e garantiu que não permitiria que o
outro se fosse sem a dizer. Péricles começou a se explicar, mas impôs a
condição de que Alvarez lhe firmasse sua palavra de honra, pois não queria que sua
narrativa fosse por ele repetida em conversa com Nancy. O dono da casa
redarguiu dizendo que ele era do tipo que não dava fé às “palavras de honra”.
Péricles
fez questão de dizer que particularmente levava em consideração a palavra de
honra de Alvarez. Na sequência emendou uma mentira escandalosa... Afirmou que
era irmão de Nancy e que viera à casa para pedir-lhe dinheiro. Como se vê o
playboy não tinha escrúpulos. Mentira à Nancy dizendo que havia ganhado os
$10.000 e agora estava diante do marido dela armando um embuste para tirar-lhe
dinheiro.
Alvarez não
suspeitou... Acreditou (ou fez que acreditou) que o rapaz fosse mesmo irmão de
Nancy. Como sabemos, ele a conhecia pouco, nada sabia de seu passado do mesmo
modo que ela não o conhecia. Péricles disse que viera pedir $100.000 à irmã, e
que precisava dessa quantia por vinte e quatro horas. Mas por que por esse
período?
O pilantra, que simplesmente multiplicou por dez o valor que dissera ter ganho, respondeu
que era o tempo até o “próximo balanço ser fechado”... Depois poderia devolver
a quantia e contava com a possibilidade de repor o caixa em três meses. Alvarez
concluiu que o rapaz trabalhava em um banco... Ele confirmou que era no “Crédito
Rural”... Quis saber o que Nancy havia lhe dito a respeito, então Péricles respondeu
que ela não tinha dinheiro.
Estava certo... Alvarez confirmou que a mulher não tinha essa quantia à
disposição. Mas então o que Péricles faria se não conseguisse o que precisava?
Ele respondeu que fugiria... Mas isso só se tivesse condições, pois em caso
contrário... Não chegou a terminar a frase porque Alvarez o interrompeu dizendo
que o que o outro pensava era uma estupidez.
Péricles quis ouvir alguma sugestão... Alvarez respondeu que não tinha
nenhuma, mas poderia arranjar-lhe o dinheiro. No mesmo instante o embusteiro
disse que a irmã não o perdoaria jamais, pois não queria ser humilhada pelo
marido. Alvarez sugeriu que ela não precisava saber do caso. Péricles adiantou
que não tinha a menor ideia de quando poderia devolver o dinheiro.
Definitivamente não era pelo tipo que Alvarez
lhe entregaria os $100.000... Disse isso e acrescentou que poderia esperar ou
até mesmo não ver nunca mais aquele dinheiro. Chamou-o de afortunado, já que ele
era dos que desprezavam os bancos e tinha o dinheiro ali no cofre do escritório
à disposição. Quando o dispositivo foi aberto, os olhos de Péricles começaram a
brilhar... Ele não conseguiu segurar um sorriso, pois sabia que seu plano improvisado
havia dado certo.
Porém, quando recebeu
a grande quantidade de notas, aparentou sobriedade e alívio. Disse que não
sabia como expressar sua gratidão... Alvarez deixou claro que não precisava,
pois o fazia por Nancy.
Dispensou quem imaginava ser um cunhado mal arranjado na vida e endividado...
Salientou que tinha muito trabalho a fazer durante a noite, já que sua tarefa
era gigantesca porque não fora realizada durante a vida.
Abriu
a porta e lembrou ao outro que, se possível, era preferível que não retornasse
à casa.
Indicação (não informada)
Um abraço,
Prof.Gilberto