Ao longo dos anos Alvarez adquiriu as ações da
indústria de tecidos Richardson. Com isso vingou-se do empresário salafrário
que tanto o prejudicou no passado...
Nancy passou a fazer parte
de sua vida, ele lhe garantiu todo o conforto que ela pudesse imaginar, todavia
seu relacionamento era dos mais complexos, já que a mulher vivia sem saber da
existência secreta do marido...
Como um Lohengrin, Alvarez
a mantinha sem qualquer informação a respeito de seu passado e de suas andanças
como mendigo e administrador da fortuna que adquiriu durante os anos. Por outro
lado, ela também estava isenta de prestar-lhe contas sobre suas origens e
história de vida.
Vimos que a vida social do casal era praticamente nula... Alvarez sequer
participava das reuniões festivas em sua própria mansão. Apesar de todo
conforto e agrados dispensados à mulher, ela não conseguia viver plenamente
satisfeita... Isso favoreceu a aproximação de Péricles, o filho do velho
Richardson acomodado a uma existência de vícios, sem compromissos com
responsabilidade e acostumado a mentir para obter vantagens.
Alvarez estava disposto a
iniciar uma nova vida com Nancy e a fez participar da reunião com o velho industrial...
Na ocasião ela estava decidida a fugir com Péricles e em seu entendimento o
marido só fez questão de sua presença para lhe mostrar o quanto era poderoso e
cruel com os inimigos. Ela achou que Alvarez tinha conhecimento de seu plano de
fuga.
Sem dúvida o mal entendido
contribuiu para que a trágica verdade se revelasse para Alvarez. Estamos neste
ponto em que Nancy mostra-lhe o pretendente a esperá-la em frente à mansão...
Ela quis saber do marido qual atitude ele tomaria.
(...)
Alvarez disse à mulher que
ela tinha razão... Algo precisava ser decidido. Ele chamou Thomaz e deu-lhe
ordem para que descesse as malas de Nancy e que, ao levá-las para fora, pedisse
ao cavalheiro que estava no automóvel que entrasse, pois queria falar-lhe.
Ele entrou no escritório e
Nancy o seguiu. Ele pegou as ações e disse-lhe que os papéis eram o seu último
presente e, sendo assim, podia fazer o que bem quisesse com os papéis
(entregá-las ao Péricles, ao velho Richardson ou tornar-se ela mesma a dona da
empresa).
A respeito dos $100.000 que
a mulher tinha nas mãos, sugeriu que ela os entregasse ao tipo. Por fim
desejou-lhe toda “felicidade que ela merece” e que cada vez que se lembrasse
dele sentisse “nojo, rancor e humilhação”. E para que soubesse quem era ele, o
homem com o qual passara os melhores anos da vida, entregou-lhe uma pequena
caixa... Ao abri-la encontraria o seu nome.
Alvarez disse essas últimas palavras e se retirou... Nancy abriu a caixa
e surpreendeu-se ao ver o amuleto de “boa sorte”, a camélia de tecido que ela
recebeu da vendedora de caramelos e chocolates na noite em que estivera no
cassino clandestino. Como sabemos, foi naquela ocasião que conheceu Péricles e
seu vício, e mais tarde recebeu proteção do mendigo, a quem presenteou com o
amuleto.
(...)
Com este último gesto, Alvarez praticamente revelou a sua identidade
secreta. Comovida, Nancy apertou o amuleto contra o peito...
Chamaram à porta. Ela foi verificar no mesmo
instante e deparou-se com um mendigo... Ninguém menos do que Barata, que pedia
“uma esmola pelo amor de Deus”.
Ela
abriu o portão... Mas a cena foi cortada e o cenário seguinte já era o da
escadaria em frente à igreja.
Indicação (não informada)
Um abraço,
Prof.Gilberto