Chumbinho conseguiu descobrir muita coisa depois que se deixou levar pelos sequestradores. Como sabemos, os tipos tinham certeza de que ele estava drogado... Mas não foi fácil presenciar o ambiente repleto de jovens idiotizados que serviam de cobaias em testes da “Droga da Obediência”. Vimos que um deles (o número 6) acabou morto de tanto esforço...
O Doutor Q.I., chefe do projeto macabro, era um tipo que nem mesmo os funcionários conheciam, pois só através de uma tela (que revelava apenas uma silhueta e emitia uma voz alterada eletronicamente) dava as suas ordens...
Talvez a pior das constatações fosse a de que o Doutor Q.I. não dava a mínima importância à vida de seus detidos... Para ele, os jovens estudantes não passavam de “coisas” que deviam ser usadas em benefício de sua droga... De fato sua sentença sobre a manutenção dos testes na “cobaia 11” demonstrou toda a sua vilania.
(...)
No momento mesmo em que o rapaz foi convocado para
substituir o outro que havia morrido de exaustão, Chumbinho desmaiou... Isso
aconteceu (de acordo com o tipo de avental que se explicou ao Doutor Q.I)
porque a “cobaia 20” não tinha recebido nenhuma alimentação depois de integrada
ao grupo. Chumbinho, que foi atendido prontamente, despertou e ouviu essa
conversa... Fez um esforço para se manter de olhos fechados, assim pôde saber
que aplicaram-lhe soro e fizeram exames que constataram a sua recuperação.
Através da tela, o Doutor Q.I. manifestou sua irritação chamando de
idiotas os seus comandados... Deixou bem claro que, sob o efeito da droga, as
cobaias não teriam nenhuma iniciativa própria, e é por isso que precisavam ser
alimentadas regularmente...
(...)
Depois de ouvir a advertência e de constatar que Chumbinho
estava recuperado, o médico da enfermaria o reintegrou... No refeitório o garoto
notou que o lugar da “cobaia 6” estava vago. Alimentou-se como os outros e
prosseguiu sem despertar a menor desconfiança da equipe de funcionários.
Após a refeição, colocaram um pequeno recipiente de vidro à frente de
cada jovem... Dentro havia um comprimido da droga... No mesmo instante
Chumbinho concluiu que aquele veneno tinha um efeito passageiro, e era bem
provável que a cada oito horas os estudantes sequestrados recebessem a ordem de
ingerir um reforço...
Pelos seus cálculos deviam ser oito horas da noite.
Chumbinho fingiu ter tomado a Droga, que escondeu no macacão. Então
pensou que poderia investigar mais quando todos estivessem dormindo. E foi isso
mesmo o que aconteceu... Tão logo as atividades do dia se encerraram, os
entorpecidos foram levados ao dormitório. Chumbinho esperou que todas as luzes
se apagassem e que o silêncio absoluto reinasse.
(...)
Chumbinho saiu da cama e com muito cuidado
percorreu um trecho que o levou ao laboratório... Ali as luzes estavam acesas e
ele teve de ficar incógnito a um canto porque percebeu que se tratava de
oportunidade única...
Acontece que o
bioquímico Márius Caspérides estava concluindo algumas importantes anotações
sobre o efeito da droga em coelhos...
Caspérides estava agitado porque já sabia que ela produzia resultados
estarrecedores... Testes já haviam sido feitos em “porquinhos-da-índia, cães,
gatos e macacos”...
O bioquímico estava admirado porque os animaizinhos
permaneciam completamente imóveis perante estímulos (cenouras e folhas de
alface) que, se não fossem o efeito da droga, seriam totalmente devorados.
Mesmo estando aberta a gaiola, os coelhos não saíam do lugar... Os bichos não
estavam mortos, mas não se movimentavam ou emitiam qualquer som.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/06/a-droga-da-obediencia-de-pedro-bandeira_10.html
Leia: A droga da obediência. Editora Moderna.
Um abraço,
Prof.Gilberto