quinta-feira, 5 de junho de 2014

“A droga da obediência”, de Pedro Bandeira – Miguel escapa num ônibus coletivo e carrega consigo o sentimento de culpa; telefonema para a casa de Chumbinho e a confirmação do sequestro; acertos com Calu, continuação da investigação e reunião no esconderijo

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/06/a-droga-da-obediencia-de-pedro-bandeira_2252.html antes de ler esta postagem:

Miguel saltou do carro que era conduzido pelo detetive Andrade... Correu o mais que pôde e deu um jeito de realizar manobras que despistassem o policial... Bem sabia que, conforme o tempo passava, mais complicada ficava a sua situação porque era bem provável que outras viaturas já estivessem à sua captura...
O rapaz chegou a um movimentado ponto de ônibus e ficou meio sem jeito porque se viu entre pessoas bem simples que retornavam para suas casas depois de um longo dia de trabalho... Não viu alternativa senão a de entrar no coletivo... Como era filho de família rica, seus trajes contrastavam aos dos demais passageiros. Pelo menos tinha a certeza de que não seria procurado ali... Certamente as pessoas nem se importavam com sua presença, mesmo assim ele podia ser confundido com um jovem funcionário de escritório...
(...)
Enquanto o ônibus seguia seu itinerário, Miguel pensava em Chumbinho... Se, de fato, o detetive dissera-lhe a verdade, o garoto poderia estar enfrentando uma situação muito difícil... E Miguel não conseguia tirar da cabeça que tudo o que estava acontecendo era por sua culpa...
O líder dos “karas” tinha outras preocupações, pois entendia que Andrade suspeitava demais dele... Então passou a crer que o tipo policial, na verdade, fizesse parte do esquema criminoso... Ao relembrar os episódios em que estiveram nos mesmos ambientes, o rapaz concluiu que as atitudes do chefe das investigações eram mais que suspeitas... Rubens, pelo contrário, era um policial que parecia inspirar a maior confiança... Mas, àquela altura dos acontecimentos, também este deveria tê-lo como suspeito.
(...)
Ao descer do ônibus, Miguel procurou um telefone público para ligar para a casa de Chumbinho e tirar aquela história a limpo... A mãe do menino atendeu à ligação aos prantos e revelando que o filho não estava em casa, pois havia sido sequestrado... Miguel não sabia o que dizer, então, sem se identificar, garantiu que Chumbinho reapareceria são e salvo...
Depois telefonou para Calu e falou-lhe sobre o sequestro de Chumbinho... Confirmou que havia ligado para a casa dele e recomendou que o amigo não confiasse em ninguém, “principalmente no detetive gordo e careca chamado Andrade”...
Miguel disse a Calu que o único lugar seguro para ele era o esconderijo dos “karas” e marcou uma reunião para o dia seguinte... Depois pediu que o amigo telefonasse para sua casa e imitasse sua voz para que a família não estranhasse a sua ausência. O combinado era que a família de Miguel entendesse que ele passaria a noite na casa do próprio Calu, onde estudariam para alguma prova...
Calu informou que investigara os endereços dos jovens de sua lista... Reclamou que não foi possível encontrar as casas de alguns, embora suas escolas tivessem fornecido as informações... Miguel confirmou que também não conseguiu contemplar toda a sua lista, passou-lhe os números dos telefones e pediu que o amigo interrogasse os pais dos jovens imitando a voz de adulto e dando a entender que se trata de um policial.
A reunião foi marcada para as oito da manhã do dia seguinte... Miguel tomou um lanche e fez de tudo para tardar sua chegada ao Elite... Assim, teve de pular o muro e dar um jeito de escapar dos olhares de dois vigias que conversavam de modo distraído. O rapaz entrou por cima do telhado e, para isso, deslocou algumas telhas. Por incrível que pareça, Miguel chegou a usar o banheiro malcheiroso que continha a mensagem deixada por Chumbinho, mas a escuridão o impediu de notar qualquer coisa...
Depois disso, o líder dos “karas” retirou-se para o esconderijo... Na sua solidão só conseguia pensar em Chumbinho e na enrascada em que estava metido... A consciência de Miguel o incriminava a todo instante, como se tudo o que estava acontecendo fosse culpa dele unicamente.
Leia: A droga da obediência. Editora Moderna.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas