O detetive Andrade saiu em alta velocidade, mas depois de certa distância começou a dirigir bem calmamente... Nada de sirene ou de chamar pelo rádio outra viatura que pudesse resgatar Rubens e a bicicleta. Obviamente, Miguel ficou apavorado e começou a imaginar um modo de se livrar daquela situação constrangedora.
Andrade demonstrou calma, deu a entender que pretendia conversar em particular com Miguel e, referindo-se a Chumbinho, quis saber por que ele havia proibido o garoto de falar quando estiveram na diretoria da escola... O rapaz garantiu que não havia feito nenhum impedimento, mas o policial esclareceu que era muito experiente e que tinha certeza do que dizia... Depois emendou que gostaria de falar com o pequeno Chumbinho, mas sabia que isso seria impossível porque ele se tornara o segundo sequestrado do Elite.
A notícia deixou Miguel aterrorizado. Sem pensar muito mais, ele decidiu saltar para o asfalto.
(...)
A essa altura passamos da parte seis do livro... Na
sétima parte, a partir do que é contado sobre o rapto de Chumbinho, temos uma
descrição do modo como os jovens estudantes estavam sendo aliciados e raptados.
Por incrível que pareça, ofereceram a droga para Chumbinho em pleno
pátio repleto de alunos... Ele pensou que aquele expediente era mesmo muito interessante
porque ninguém imaginaria que o bandido escolhesse um local assim... Era de se
esperar que ele atuasse em locais mais desertos.
Chumbinho entendeu que vivia um momento espetacular
porque era o único que sabia quem era o “passador das drogas”... Tinha de
pensar rápido porque não poderia contar com a ajuda dos demais “karas”, que
estavam ocupados em suas atividades.
Com o comprimido na mão, procurava dar a entender que estava muito
interessado em experimentar o benefício prometido pelo aliciador... Sabia que
não podia ingerir a droga, mas como podia dar a entender que curtia a infração?
Definitivamente não sabia interpretar como Calu...
Apesar disso se lembrava da reação do Bronca... Então poderia proceder
como ele... Sabia que seria sequestrado,
assim tinha de pensar em algo que funcionasse como uma mensagem para os
“karas”. O tipo começou a pressioná-lo a engolir a droga ali mesmo no pátio.
Chumbinho deu desculpas de que precisavam procurar um local mais isolado...
E foi assim que seguiram para o vestiário... As pressões prosseguiram, então o
garoto resolveu utilizar um dos banheiros e sugeriu que o outro ficasse de olho
para informar sobre a chegada de alguém. Enquanto o outro o apressava, ele
decidiu que o melhor que tinha a fazer era dispensar o comprimido no cesto de
papéis. Mas e a mensagem para os “karas”? Sem tempo a perder, sujou a ponta do dedo
com o que havia de mais imundo na privada e imprimiu traços e pontos no azulejo
da parede.
Não havia mais tempo... O tipo empurrou a porta e exigiu que Chumbinho
se retirasse. O garoto saiu cambaleante
e dizendo que estava com tontura... Enquanto o bandido respondia que ele não
precisava se assustar com aquela sensação, ele se dirigiu a uma pia e deixou se
limpar pela água corrente... O tipo gritou para que ele fechasse a torneira.
Lembrando-se do aspecto lamentável de Bronca, Chumbinho
fez uma cara de sonso e respondeu que queria obedecer... Agiu como se fosse um
imbecil, saiu da escola, chegou à praça e de lá percorreu mais dois
quarteirões, como lhe havia sido ordenado.
O passador de drogas
nem desconfiou de nada... Por dentro, Chumbinho imaginou que bem que poderia
escapar e encontrar um dos “karas” para revelar o que tinha descoberto... Mas
não podia vacilar... Então depositou sua esperança na mensagem imunda que havia
deixado no banheiro.
(...)
Apesar da tensão, o menino estava contente por ter descoberto quem era o
passador e, além disso, estava desvendando o modo como os criminosos atuavam...
Quem seria a terceira vítima do Elite? Chumbinho refletiu um pouco e chegou a
uma conclusão óbvia...
Uma van estacionou próxima a ele. De dentro
saltou um tipo engravato e forte. Lembrava a figura de um animal de terno...
Ele olhou bem nos olhos de Chumbinho e ordenou que ele entrasse no veículo... O
menino continuou a representar o papel de imbecil...
Os vidros escurecidos impediam qualquer tentativa de
adivinhar para onde o estavam levando.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/06/a-droga-da-obediencia-de-pedro-bandeira_5.html
Leia: A droga da obediência. Editora Moderna.
Um abraço,
Prof.Gilberto