Cardoso, o diretor do colégio Elite, insistiu com Miguel que “a verdade tem várias facetas” e que divulgar sobre o desaparecimento do Bronca equivaleria a revelar informações aos bandidos... Miguel argumentou que a verdade é uma só e que, do modo como o diretor falava, ele dava a entender que na própria escola existiriam suspeitos. Cardoso explicou que deveriam evitar clima de pânico na escola para que a polícia tivesse todas as condições de trabalhar...
(...)
O diretor do colégio apresentou dois policiais que investigam o caso ao
Miguel. O tipo mais velho e gordo era o detetive Andrade... O outro, mais jovem
e calmo, era o detetive Rubens. Andrade chefiava as investigações, mostrava-se
agitado e transpirava sem parar... Enquanto Rubens aparentou ser um tipo mais
amigável e dado ao diálogo, o chefe não acreditava sinceramente que houvesse
algo de real naquela história de sequestros.
Miguel se surpreendeu quando Chumbinho entrou na
diretoria conduzido por um guarda... O policial anunciou que se tratava do
último a ter um contato com o desaparecido Bronca... No mesmo momento, Andrade
quis que o garoto dissesse algo significativo para as investigações. A atmosfera
começou a ficar muito pesada... Miguel não gostou da situação e achou que
Chumbinho podia complicar ainda mais as coisas, então cruzou os braços na
esperança de que o menino conhecesse o sinal dos Karas que indicava “boca fechada”... Demonstrando que sabia muito a
respeito do grupo que o acolhera, Chumbinho não falou nada de relevante sobre a
conversa que teve com o desaparecido... Evidentemente isso deixou Andrade muito
irritado.
(...)
O esconderijo dos Karas só era
acessado a partir de um alçapão que se localizava num quartinho que servia de
depósito dos equipamentos de limpeza... Então eles se reuniam no forro. Graças a
algumas telhas de vidro, o ambiente não ficava totalmente escuro, pois podia
contar com certa iluminação natural (do sol, da lua)... E não é só isso... A
leitura permite concluir que o esconderijo era dotado de equipamentos (como
computador) que facilitavam as pesquisas que os garotos precisavam realizar
para desvendar os mistérios que adotavam.
Foi nesse refúgio que falaram do que pensavam,
discutiram a respeito das matérias que os jornais publicaram sobre os sequestros
e cogitaram sobre os prováveis métodos dos bandidos... Quem eram? Como agiam?
Por que estavam desaparecendo três estudantes de cada colégio? Nove escolas já
haviam sido palco de crimes!
O comportamento do Bronca só podia indicar que
ele devia ter utilizado uma droga... Mas havia sido forçado a isso? Se
era assim, o que pretendiam com os estudantes? Seriam usados como cobaias? O
raciocínio de Crânio indicava que mais dois estudantes do Elite seriam
raptados... Era bem provável que ainda estivessem atuando silenciosamente no interior
da escola... Então, era preciso investigar o quanto
antes...
Chumbinho queria participar da discussão... Ninguém estava interessado
em ouvi-lo, mas tiveram de demonstrar atenção... Então o menino disse que cumprira
a sua tarefa e conversou com Bino, um tipo legal, com o “defeito de não gostar
de fliperama”...
(...)
É como Miguel já imaginava, além de o garoto não ter a menor condição de
contribuir com algo relevante para o grupo, poderia se tornar um estorvo... E
para complicar, a ideia de que poderia haver alguém na escola pronto para
aliciar mais dois estudantes, drogá-los e sequestrá-los na sequência, era
apavorante... Precisavam agir.
O grupo dos Karas
era destemido e não se dobraria... Depois de algum tempo em que permaneceram
pensativos, o líder decidiu que era momento de manifestar um plano de ação...
Fez isso com o cuidado de afastar o pequeno Chumbinho sem que ele desconfiasse
que estivesse sendo “descartado”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/06/a-droga-da-obediencia-de-pedro-bandeira_2969.html
Leia: A droga da obediência. Editora Moderna.
Um abraço,
Prof.Gilberto