Dona Rosa estranhou o convite de Magrí... Mas ela acabou aceitando de bom grado e se dirigiu ao quartinho das vassouras, que se localizava no vestiário. A conversa pacienciosa de Crânio também a agradava... O rapaz sabia ganhar a confiança das pessoas mais simples.
Crânio disse a ela que imaginava ser dureza encarar o pesado trabalho ali no Elite... A faxineira concordou também quando ele explicou que era natural que ela pensasse em descansar da correria e labuta, sentando-se um pouco e deixando a cabeça livre de qualquer preocupação.
(...)
Precisamos entender que o rapaz estava tentado
levar dona Rosa a uma condição de hipnose... Fazia isso na esperança de obter
dela a imagem dos traços e pontos avistados no momento da limpeza do
banheiro... Acreditava que essa fosse a única maneira de resgatar a mensagem
deixada por Chumbinho.
Não
foi difícil fazer com que dona Rosa entrasse em estado hipnótico... Crânio era
mesmo muito bom nisso... Depois de induzi-la ao sono profundo, o rapaz
conseguiu que a senhora ficasse completamente a mercê de suas perguntas e
orientações. É claro que ele perguntou a respeito do banheiro do vestiário e
sua condição no momento em que ela o encontrou pela manhã... A reação da mulher
foi de repugnância, e tudo o que ela conseguia dizer era que estava uma
verdadeira porcaria porque os estudantes não têm a menor consideração pelos
funcionários pobres...
Crânio
quis saber dos “riscos e pingos” que ela encontrou na parede... Aos poucos ela
explicou e, conforme falava a sequência, Magrí ia “traduzindo”. E foi assim que
os “karas” souberam que a mensagem de Chumbinho se resumia a três letras (K; B;
C).
Dona
Rosa não tinha mais nada a dizer, pois o resto “era só porcaria e sujeira”.
O jovem hipnotizador a retirou do estado hipnótico... Dona Rosa despertou
sem que pudesse se lembrar da experiência que tinha acabado de passar, e foi
saindo e dizendo que tinha muito serviço a realizar pela escola.
(...)
Para
Miguel não havia a menor dúvida... As letras só podiam significar “Karas”, Bino
e Chumbinho. A mensagem queria dizer que os dois haviam sido capturados pelos
bandidos... Crânio quis que Calu investigasse se Bino havia aparecido na escola
naquele dia...De fato, o outro garoto também havia sumido misteriosamente... Miguel ficou ainda mais arrasado porque se sentiu culpado também pelo desaparecimento do Bino que, pelo visto, havia entrado naquela trama porque, a seu pedido, tinha sido contatado por Chumbinho.
(...)
Neste
ponto da história precisamos retornar ao drama que Chumbinho estava vivendo.
Depois de ter entrado na van escura, o garoto ficou sem a menor noção do rumo
que estava tomando... Por volta do meio-dia, o veículo parou e logo que a porta
traseira foi aberta uma forte luz o cegou.
O
mesmo tipo alto e de “porte animalesco” que o havia transportado, ordenou que
se retirasse... Aos poucos, Chumbinho percebeu que estava num grande pavilhão
do que parecia ser uma grande fábrica... Outros dois tipos, que também
lembravam “gorilas ferozes”, se aproximaram do recém-chegado. No pulso esquerdo
do menino foi colocado um “bracelete de esparadrapo” onde se lia D.O.20... Chumbinho não entendeu o que
significavam as letras, mas quanto ao “20” imaginou que era uma indicação de
que ele fosse o vigésimo capturado.
Sempre disfarçando o máximo que podia, Chumbinho
seguiu refletindo sobre a incoerência entre aquele número e a quantidade de
jovens já sequestrados (três estudantes de nove escolas distintas)... Portanto
deveria haver 27 estudantes... O Bronca seria o vigésimo oitavo... Então o
número em seu pulso deveria ser o “29”.
Apesar da
incoerência, a sequência de fatos que havia vivenciado naquele dia deu-lhe a
convicção de que, de fato, até então a quantidade de sequestrados era de 19
jovens... Ele só podia ser o vigésimo!
Chumbinho conseguiu entender que os cálculos dos
“karas” estavam equivocados... Mas àquela altura só ele podia compreender os
motivos.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/06/a-droga-da-obediencia-de-pedro-bandeira_1429.html
Leia: A droga da obediência. Editora Moderna.
Um abraço
Prof.Gilberto