quinta-feira, 12 de junho de 2014

“A droga da obediência”, de Pedro Bandeira – pressões dos familiares de jovens desaparecidos; o detetive Andrade se irrita com as indagações de repórteres sobre a possibilidade de envolvimento do Esquadrão da Morte no caso; o laudo da morte de Ricardinho; de volta ao esconderijo dos “karas”

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/06/a-droga-da-obediencia-de-pedro-bandeira_11.html antes de ler esta postagem:

É claro que o corpo do jovem encontrado no matagal de Taboão da Serra se tratava da “Cobaia 6”, morto de exaustão no teste 141/06 nas dependências da “Pain Control”.
De fato, o modo como a indústria do Doutor Q.I. se livrou do cadáver envolvia mistério e requintes de crueldade.
Houve muita agitação com a notícia do encontro do Ricardinho Medeiros Tremembé... Muitos veículos da imprensa pararam em frente à delegacia e o detetive Andrade teve de suportar holofotes e perguntas.
(...)
O fato de o rapaz ter aparecido morto foi muito lamentado... Os jornalistas queriam saber se o caso não se relacionava ao Esquadrão da Morte, porque havia tiros espalhados por todo o corpo. Queriam saber se o menino havia sido torturado e se a polícia não estava envolvida no crime. Perguntaram também se Ricardinho pertencia a alguma quadrilha e se os outros jovens sequestrados também apareceriam mortos.
O detetive não tinha como responder a tudo aquilo e entre os próprios jornalistas alguém quis saber se era verdade que mais dois estudantes do Elite tinham desaparecido... Logo os nomes de Miguel e Calu foram citados.
Andrade quis acalmar a todos dizendo que a polícia se empenhava nas investigações, e que era bem provável que os meninos estivessem se divertindo por aí. Um dos repórteres provocou ao dizer que aquilo era pouco provável, já que se sabia que na casa de Calu um desconhecido se apresentou como criado da casa para a própria polícia... Sem muita firmeza, Andrade respondeu que estavam investigando.
(...)
A notícia da morte de Ricardinho agitou os parentes dos demais estudantes desaparecidos... Eles quiseram que a polícia esclarecesse de uma vez por todas aqueles casos. Cercaram o detetive Andrade, e uma das mães quase o agrediu fisicamente.
Diferentemente do chefe das investigações, o detetive Rubens se mantinha completamente tranquilo. Ele até brincou com o chefe ao perguntar se ele tinha conseguido responder satisfatoriamente às perguntas dos jornalistas... Antes que Andrade tivesse tempo de proferir impropérios, o médico legista apareceu informando que a autópsia do cadáver de Ricardinho já havia sido realizada.
(...)
As conclusões apontavam que o jovem havia morrido na tarde do dia anterior, mas não se podia dizer que foram os tiros que lhe tiraram a vida. Andrade esbravejou porque estava claro que a conclusão dava a entender, então, que os criminosos pretenderam enganar a opinião pública montando um cenário típico dos casos relacionados aos dos deixados pelos corruptos policiais do Esquadrão da Morte...
É claro que Andrade quis saber do legista qual havia sido a causa mortis... Então ficou estarrecido ao ouvir do médico que Ricardinho tinha morrido depois de um “esforço físico exagerado”.
                                                                                   Desde meados da década de 1960 havia o Esquadrão da Morte formado por policiais que se dedicavam ao justiçamento de tipos considerados “socialmente inconvenientes” para ricos comerciantes e, em alguns casos, para o crime organizado. O Esquadrão agia também em represália ao assassinato de policiais. Existiram Esquadrões da Morte em outros estados e sabe-se que durante certo período eles atuaram em parceria com instituições de repressão política ao tempo da ditadura militar no país.
(...)
Precisamos retornar ao esconderijo dos “karas”. Os quatro estavam reunidos.
Magrí foi quem falou sobre a repercussão dos últimos episódios... Calu achou graça daquela história de os jornalistas pensarem que ele e Miguel também haviam sido sequestrados.
Miguel deu sua opinião dizendo que o detetive Andrade devia estar em sua casa quando Calu ligou para lá imitando a sua voz... Era certo que o policial sabia que ele não era um sequestrado, mas sim que devia estar escondido, e que representava “um risco para o esquema todo”.
Crânio tocava a sua gaita e ouvia a conversa dos amigos... Calu respondeu que não representavam risco algum, pois se limitavam a se esconder como na brincadeira de “mocinhos e bandidos”... E o mais grave era que cadáveres começavam a aparecer.
Foi neste ponto que o pensador do grupo interveio dizendo que pensava diferente...
Leia: A droga da obediência. Editora Moderna.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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