Miguel anunciou que a reunião estava terminada... Teria uma prova de matemática, então disse que precisava estudar na biblioteca... Chumbinho estranhou e quis saber como ficariam as investigações... O líder respondeu que haviam avançado bastante e que, como os policiais estavam bem empenhados no caso, não permitiriam que os estudantes do Elite fossem ameaçados.
(...)
Magrí, Calu e Crânio sabiam que “estudar na biblioteca” era um código
que significava que deveriam seguir para lá... A ideia do líder havia sido boa
porque cada um encontraria (em livros específicos) as orientações para os
encaminhamentos das ações, e o Chumbinho seria despistado sem maiores
melindres...
O garoto ficou desapontado porque esperava que “fazer
parte dos Karas” seria mais
emocionante... Assim, resolveu “fazer o que achava que tinha de fazer” por
conta própria.
(...)
Miguel deixou orientações para os amigos... Eles não
tiveram a menor dificuldade em encontrá-las... Magrí encontrou as suas em Karatê vital, de Matsutatsu Oiama; Calu
foi direto ao exemplar de Ato da
Compadecida, de Ariano Suassuna; Crânio manuseou o Minhas sessenta melhores partidas, do consagrado enxadrista Bobby
Fischer.
Para Miguel e os demais karas
estava certo que havia um sequestrador (e não mais de um) que passava a droga à
sua vítima... Crânio havia explicado que o procedimento metodológico utilizado
pelo criminoso não sofria alterações... O tipo permanecia no ambiente escolar
até completar as três vítimas e só depois passava a agir em outra escola.
Assim, ele ainda devia estar atuando no Elite, onde o Bronca havia sido o
primeiro sequestrado.
(...)
Atuação de Miguel, Calu e Magrí consistia em visitar
as casas dos jovens sequestrados a partir do levantamento dos endereços obtidos
nas escolas...
Miguel já havia contatado duas famílias de sua lista... Sua terceira
visita deu-se em frustrada, pois o endereço simplesmente dava em lugar nenhum.
Na sequência, chegou a uma bela casa do Jardim Europa e encostou sua
bicicleta... Aconteceu que um veículo policial parou bem perto dele e, ao ouvir
o irritante barulho do chocalhar de chaves (que conhecia desde a reunião na
sala do diretor), ele não teve a menor dúvida de que se tratavam dos detetives
Andrade e Rubens... O chefe da investigação policial segurou firmemente o braço
do rapaz e o interpelou sobre o que ele estava fazendo ali... Andrade provocou
ao garantir que Miguel sabia bem que a casa era endereço de um garoto desaparecido
da escola Dante... Rubens tentou acalmá-lo. Ao mesmo tempo Miguel procurava
demonstrar que não tinha a menor ideia do que Andrade dizia, já que estava ali
para “falar com um amigo”.
O detetive Andrade se irritou e demonstrou que sabia dos últimos
movimentos de Miguel... Sabia que ele estivera na casa de uma desaparecida do
Equipe e de um outro do Vera... Perguntou se ele também estivera “visitando
amiguinhos” naqueles locais.
Miguel não sabia o que responder... Então pensou que Calu, Magrí e
Crânio também pudessem estrar sendo vigiado por outros policiais... A
desconfiança dos tiras só podia ser resultado de algo que ele havia dito na
sala do diretor, mas não conseguia se recordar de nada que pudesse servir de
indício... Teria Chumbinho falado qualquer coisa aos policiais?
O rapaz foi interrompido em suas ilações pelo
detetive Rubens que, ainda pedindo calma ao Álvaro, disse que sabiam que ele
estivera na casa de dois dos desaparecidos... Será que não era por que ele
tinha algo a ver com os casos?
Andrade deixou claro
que Miguel se tornava um suspeito... Assim, deveria ser conduzido à delegacia
para maiores esclarecimentos... Rubens discordou no mesmo momento e alegou que
o rapaz era menor de idade, mas Andrade respondeu que não estava prendendo
ninguém, e garantiu que era necessário interrogá-lo como testemunha... E explicou
que, na qualidade de chefe das investigações, podia proceder daquela forma.
Andrade não permitiu que Rubens o acompanhasse...
Exigiu que ele permanecesse e cuidasse da bicicleta de Miguel, que foi
empurrado para dentro da viatura.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/06/a-droga-da-obediencia-de-pedro-bandeira_2252.html
Leia: A droga da obediência. Editora Moderna.
Um abraço
Prof.Gilberto