Para Crânio, não tinha sentido os criminosos sequestrarem garotos saudáveis (e de escolas de destaque da cidade de São Paulo) apenas para drogá-los e depois “enchê-los de chumbo”.
Magrí tentou explicar a situação dizendo que talvez os bandidos fossem sádicos extremados... Crânio concordou, mas acrescentou que havia algo de científico naqueles desaparecimentos todos... Era bem provável que alguma “inteligência macabra” estivesse utilizando os jovens em experiências que não podiam ser reveladas à sociedade... Certamente uma “experiência louca”. Até mesmo a morte do Ricardinho podia ser explicada como um “acidente de trabalho”...
Crânio tinha certeza (e nós sabemos que ele estava certo) de que os talentosos estudantes estavam servindo de cobaias para cientistas perigosos.
Mas o ambiente entre os “karas” era de muita tensão... Magrí achou que aquelas ilações de Crânio eram pura “conversa mole”... A garota estava angustiada por terem se dedicado à pesquisa junto aos familiares dos desaparecidos enquanto os bandidos agiam sequestrando Chumbinho e Bino, além de executarem brutalmente o Ricardinho.
O racional Crânio ficou tomado de emoção ao ouvir a amiga... Magrí não conseguiu segurar as lágrimas e os dois se abraçaram ao mesmo tempo em que eram abraçados por Miguel e Calu.
(...)
Os “karas” sabiam que não podiam deixar de agir...
Então voltaram a conversar a respeito das informações que haviam coletado junto
aos grêmios estudantis das nove escolas... Compararam as listas de
professores... Calu lembrou a pesquisa que havia feito e como ela havia sido
ampliada pelos outros objetivos passados por Miguel... Em síntese, as pessoas com
as quais falou choravam muito ao se lembrarem do desaparecimento de seus
jovens... Mas o que mais surpreendeu Calu foi não ter conseguido encontrar
quatro dos endereços que devia visitar.
Magrí confirmou que entre os familiares dos desaparecidos que ela
visitou, a reação era de muita tristeza... Revelou ainda que, coincidentemente,
também não havia encontrado quatro dos nove endereços que faziam parte de sua
missão. Os endereços não conferiam... Nenhum dos estudantes desaparecidos havia
sequer morado em um deles.
Crânio ouviu o relato dos amigos... Estava claro que oito famílias de
estudantes raptados não puderam ser contatadas... Esse número subiu para nove
depois que Miguel informou que ele mesmo só havia conseguido falar com duas
famílias, pois o terceiro endereço que visitou estava errado.
Crânio, que gostava mesmo de resolver enigmas, quis saber se os
endereços que não deram em nada eram de garotos ou garotas estudantes de uma
mesma escola... Seriam de escolas diferentes? Magrí pareceu entender o
raciocínio do amigo e se retirou para telefonar... Enquanto isso, os meninos
verificaram que os desaparecidos sem endereço encontrado eram todos garotos...
Um de cada uma das escolas... Para Crânio, aquela parte do mistério estava
resolvida.
(...)
Magrí retornou ao esconderijo dizendo que havia telefonado para a casa
do Bino... Mas informaram que nenhum menino com aquele nome morava lá.
Então Crânio esclareceu o que aquilo
significava... Em vez de três, cada escola havia sido palco de dois sequestros
de estudantes... O terceiro, na verdade, era sempre um falso aluno... Um tipo
que se matriculava fornecendo endereço e outros dados falsos... Mas ele devia
permanecer pouco tempo na unidade, só o período necessário para aliciar suas
vítimas e depois desaparecer misteriosamente, dando a entender que também era
um sequestrado.
Os demais “karas” entenderam que o oferecedor da droga
só podia ser Bino, que havia se infiltrado nos dez colégios com nomes
diferentes para passar a droga a vinte garotos e garotas... Depois de
idiotizados, os estudantes foram sequestrados.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/06/a-droga-da-obediencia-de-pedro-bandeira_19.html
Leia: A droga da obediência. Editora Moderna.
Um abraço,
Prof.Gilberto