sexta-feira, 7 de junho de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – as trilhas prosseguem; numa pequena cidade do interior os amigos leem sobre a bomba em Hiroshima; Anne mostra sua indignação pelo fato de o planeta “transportar” habitantes capazes de destruí-lo; Robert e suas reflexões sobre as consequências do episódio que marcou a demonstração de poder; o que o futuro reservava aos militantes do “SRL”?

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/06/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-as.html antes de ler esta postagem:

No passeio seguinte continuaram a ziguezaguear pelas estradinhas até alcançarem uma pequena cidade do sul... Ali se acomodaram para um café numa instalação de amplo terraço... Debruilh retornou de uma banca de jornal trazendo um periódico, chegou à mesa onde estavam Anne e Henri e mostrou-lhes a notícia da capa Os americanos atiram uma bomba atômica sobre Hiroshima... Leram a matéria em silêncio... É claro, o episódio marcava o ultimato para que o Japão capitulasse... Anne demonstrou-se indignada, estarrecida pronunciou que não aceitava o fato de cem mil inocentes serem sumariamente condenados à morte... A questão que levantava era sobre a real necessidade de precipitarem aquele bombardeio... Disse que o governo japonês poderia ser intimidado de outra forma...
Dubreuilh duvidou que os americanos fizessem o mesmo caso o alvo tivesse de ser uma cidade alemã... Justificou que isso se devia ao preconceito deles aos asiáticos. De sua parte, Henri argumentou que “volatizar uma cidade inteira” deveria trazer muitos incômodos à consciência dos norte-americanos... Seguiram conversando sobre isso, Robert dizendo que o episódio era resultado de uma demonstração de força daqueles que se colocavam como “condutores da política mundial”; Anne (ainda escandalizada) em relação à crueldade cometida, e também sobre a possibilidade de os alemães construírem a “monstruosidade” antes dos ianques... Enquanto ela concluía que todos haviam escapado desse grande perigo, Dubreuilh afirmava que o fato de a tecnologia estar em poder dos americanos não era algo digno de comemoração.
Anne lamentou a possibilidade de destruição da Terra, Henri (citando conversa que tivera com Larguet) esclareceu que a atmosfera é que seria destruída e que o planeta se assemelharia à Lua... Falaram sobre essas catástrofes até voltarem às pedaladas...
Então retornaram à paisagem e à harmonia... Céu azul, terra fresca e amarelada, folhas verdes... Mas que grande perigo havia, dado que aquele mesmo planeta “transportava” seres humanos aptos a transformá-lo numa velha (ou nova?) e gigantesca Lua... A loucura que se processava na natureza seria também responsável pelas maluquices que operariam as decisões de cérebros voltados à destruição em massa?
Pararam à margem de um rio, e Dubreuilh retirou papéis e caneta de uma sacola... Henri espantou-se com a disposição e coragem do outro em permanecer escrevendo mesmo tendo acabado de receber a notícia da enorme tragédia... Anne disparou que o marido escreveria mesmo em meio às ruínas de Hiroshima... Robert rebateu a crítica afirmando que em toda parte sempre houve ruínas...
Em sua tarefa, Robert seguiu refletindo sobre o mundo que se divisava após a estrondosa bomba... É claro que o mundo se dividiria... A União Soviética correria grande risco... Os mesmos erros de antes da grande guerra estavam sendo repetidos. Dubreuilh incluía a todos, inclusive a eles mesmos, que nem participavam dos palcos onde se encenavam os principais atos... O fato de os comunistas serem “odiosos” repelia-o, e impedia que seus amigos também se tornassem comunistas. Mas ao mesmo tempo pesava em sua consciência fazer a França tornar-se inimiga “do único grande partido proletário” do país... Certamente não era o que desejava.
Henri conversou sobre essas reflexões com Robert... E perguntou se o SRL teria mesmo que ceder às chantagens do PC... O outro respondeu que a união deveria ser mantida... Henri argumentou que isso era aceito pelos comunistas apenas com a condição de o SRL ser dissolvido e de seus membros se filiarem ao PC... Robert reconheceu que o amigo tinha razão... Henri perguntou se ele se inscreveria no PC, e sua pergunta era pertinente porque entre Robert e o PC havia muitas incompatibilidades... A isso Dubreuilh respondeu que, em caso de necessidade, sim, saberia se calar.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/10/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir.html
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas