segunda-feira, 17 de junho de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – a poesia do autor ao narrar o entardecer na serra do Paquequer; o momento de prece dos agregados de d. Antônio; Álvaro tem permissão para jantar com a família do fidalgo, diz que a comitiva encontrou Peri “brincando” com uma onça; Cecília demonstra preocupação e teme pela vida do amigo índio

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/06/o-guarani-de-jose-de-alencar-algumas.html antes de ler esta postagem:

A família de d. Antônio não tinha por hábito o retirar-se da casa durante a semana... Aos domingos repousavam ou distraíam-se com algum passeio, caçada ou “volta em canoa pelo rio”... Não foi por acaso que Álvaro esforçou-se em apressar o passo de seus comandados para chegar num sábado (e antes da prece).
(...)
A sequência do texto apresenta o momento de prece que os agregados de d. Antônio vivenciavam ao cair das tardes... O texto é muito bonito e seria preciso maior competência para fazer referência ao episódio sem recorrer às palavras do autor. É muita poesia... Seguem os primeiros trechos:

A tarde ia morrendo.
O sol declinava no horizonte e deitava-se sobre as grandes florestas, que iluminava com os seus últimos raios.
A luz frouxa e suave do ocaso, deslizando pela verde alcatifa, enrolava-se como ondas de ouro e de púrpura sobre a folhagem das árvores.
Os espinheiros silvestres desatavam as flores alvas e delicadas; e o ouricuri abria suas palmas mais novas, para receber no seu cálice o orvalho da noite. Os animais retardados procuravam a pousada; enquanto a juriti, chamando a companheira, soltava os arrulhos doces e saudosos com que se despede do dia.
Um concerto de notas graves saudava o pôr-do-sol, e confundia-se com o rumor da cascata, que parecia quebrar a aspereza de sua queda, e ceder à doce influência da tarde.
Era a Ave-Maria.

Então todos os agregados de d. Antônio se reuniram na esplanada para o ângelus, uma hora solene, de extremo respeito e devoção... Aliás, este era o único momento do dia em que os aventureiros podiam participar de evento com a família de d. Mariz... O instante de oração era aberto pelo som de um clarim tocado por um dos aventureiros... Normalmente, d. Antônio se aproximava da beira da esplanada, tirava o chapéu e se ajoelhava... Perto dele se acomodavam a esposa, Cecília e Isabel, além de Diogo e Álvaro. A certa distância, formando um grande arco, ajoelhavam-se os homens de armas. O sol depositava sobre todos eles os seus últimos raios e a prece cristã se envolvia numa atmosfera também selvagem.
Naquela tarde específica, Loredano manifestava mais desdém do que de costume, seu olhar observava com atenção os movimentos de Álvaro, o seu desafeto, que tinha concentração contemplativa dirigida apenas à Cecília... Cada um a seu modo se recolhia e murmurava silenciosamente a oração... Essas ocasiões eram finalizadas pelo tiro de mosquete disparo por Aires Gomes. Então a noite descia... Todos se erguiam, os aventureiros se retiravam para a instalação a eles destinada, evidentemente afastada da família...
As moças prestaram reverências a d. Antônio e à dona Lauriana... Depois a família se reuniu para um momento de conversa antes do jantar... Apesar do caráter reservado que dona Lauriana dava a essas ocasiões, Álvaro foi convidado pelo fidalgo a se integrar ao clã... No grupo a conversa discorreu entre ele, d. Antônio e dona Lauriana. D. Diogo e as moças permaneceram apartados dos diálogos...
Foi com a intenção de envolver Cecília nas conversas, e assim ouvir a sua voz, que Álvaro disse a d. Antônio que encontraram Peri na mata... Imediatamente a moça disse que aquela era uma boa notícia, já que fazia dois dias que não o via... Porém ela demonstrou-se assombrada quando ouviu que o seu amigo índio foi visto “brincando” com uma onça... Concluiu que àquela altura o amigo estava morto. Sobre isso, dona Lauriana emendou que “não se perdia grande coisa”.
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto

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